quarta-feira, 25 de maio de 2016

História: 30 anos do Grande Prêmio da Bélgica de 1986

Dez dias antes do final de semana do Grande Prêmio da Bélgica de 1986, a F1 realizou testes em Paul Ricard contando com as equipes McLaren, Ferrari, Brabham, Ligier, Tyrrell e Lola-Haas. Ao volante do Brabham estava Elio de Angelis, que vinha tendo um início de temporada difícil na sua nova equipe. Às 11:30 do dia 14 de maio, o italiano perdeu a asa traseira a mais de 270 km/h e saiu capotando, com o Brabham caindo além do guard-rail, de cabeça para baixo. Prost, Laffite, Mansell e Jones (o primeiro a chegar na cena) pararam seus carros para ajudar De Angelis, mas eles não conseguiram resgatar o piloto, que não estava muito ferido, mas inalou uma grande quantidade de monóxido de carbono, o que viria a matar Elio no dia seguinte. A F1 perdeu um dos seus pilotos mais populares e não faltaram homenagens ao italiano, enquanto Balestre tentava impor novas normas de segurança à F1, ele que ainda enfrentava as mortes de Henri Toivonen e Sergio Cresto no Mundial de Rally e seus potentes carros do Grupo B. Balestre tentaria impor um limite de 600 cavalos aos motores a partir de 1987 e por incrível que pareça, os pilotos apoiaram a ideia. Porém, Ron Dennis foi contra e outras medidas seriam tomadas.

A Brabham teria apenas um carro em Spa e ainda assim, foi preciso convencer Patrese a correr, pois o italiano, muito amigo de Elio de Angelis, pensou seriamente em se aposentar precocemente. Derek Warwick foi o escolhido por Bernie Ecclestone para substituir De Angelis, mas o inglês, que tinha um contrato com a Jaguar no Mundial de Marcas, só estrearia em Montreal. Conta a lenda que Ecclestone escolheu Warwick porque o inglês foi o único a não ligar para a Brabham atrás do lugar de Elio... 

O rápido circuito de Spa Francorchamps favorecia os motores potentes, como Honda e BMW. Berger marcou o tempo mais rápido na sexta-feira e somente quando faltavam dez minutos para o fim da sessão de sábado, Piquet superou por pouco mais de um décimo o austríaco, que largaria na primeira fila pela primeira vez na F1. Senna sofria com o equilíbrio do seu chassi, mas ainda conseguia um bom quarto lugar. A Ferrari também sofreu com problemas em seu carro, mas tinha um motor novo e compensava um pouco as deficiências do carro.

Grid:
1) Piquet (Williams) - 1:54.331
2) Berger (Benetton) - 1:54.468
3) Prost (McLaren) - 1:54.501
4) Senna (Lotus) - 1:54.576
5) Mansell (Williams) - 1:54.582
6) Fabi (Benetton) - 1:54.765
7) Arnoux (Ligier) - 1:55.576
8) Rosberg (McLaren) - 1:55.662
9) Alboreto (Ferrari) - 1:56.242
10) Tambay (Lola) - 1:56.309

O dia 25 de maio de 1986 amanheceu num atípico dia de sol em Spa. Ao contrário do clima volátil daquela região do globo, haveria uma corrida com muito sol na Bélgica, com pilotos e equipes não se preocupando com que pneu escolher. Após o fiasco da corrida em 1985, quando o asfalto belga se desfez, a corrida em 1986 não teria muitos problemas. Na luz verde, Piquet larga muito bem, saindo até mesmo de suas características, entrando na apertada primeira curva tranquilamente em primeiro. Mais atrás, Berger, Prost e Senna chegavam embolados na La Source. Não tinha como dar certo. Senna vinha por fora e quando faz a curva, força o austríaco a ir por dentro e bate em Prost. Ambos ficam enroscados, fazendo com que o resto do grid tentasse ao máximo desviar dos dois carros parados. Prost e Berger vão aos boxes ao final da primeira volta trocar seus bicos, enquanto o pelotão mudava dramaticamente.

Piquet, Senna e Mansell lideravam com certa folga sobre o segundo pelotão, que era liderado por Johansson, Dumfries e Laffite. Os três haviam largado fora do top-10 e estavam, na primeira volta, já na zona de pontuação! Com isso, a briga pela vitória fica claramente entre os três primeiros colocados, com a Williams usando muito bem a potência do motor Honda, fazendo Mansell ultrapassar Senna logo na terceira volta. Porém, duas voltas depois Mansell comete um erro na chicane Bus Stop, roda e é ultrapassado por Senna e Johansson, enquanto Piquet já abria 10s sobre Senna em apenas seis voltas. Keke Rosberg, que caiu várias posições na confusão da primeira curva, tem o motor quebrado na sétima volta, enquanto Alboreto assumia a quinta posição ao ultrapassar Dumfries, que sai da pista logo em seguida, furando o seu radiador e causando o abandono do escocês. Johansson fazia uma corrida surpreendente e se mantinha entre Senna e Mansell, enquanto Piquet tinha uma boa diferença na frente. O brasileiro estava usando a pressão máxima do turbo involuntariamente, fazendo com que tivesse uma performance muito forte, mas que poderia estourar o motor Honda a qualquer momento. Mesmo sendo macaco velho, Piquet não percebeu o erro e na volta 16 o motor Honda começava a falhar. Na volta seguinte o brasileiro foi aos boxes e descobriu que o motor Honda havia entrado num modo de segurança, cortando a ignição para não quebrar. Com o motor avariado, Piquet abandonou uma corrida que estava na sua mão e entregava a liderança  no colo de Senna, mas a vida do brasileiro da Lotus estava longe de estar fácil.

Mansell havia ultrapassado Johansson algumas voltas antes e se aproximava de Senna rapidamente, enquanto a metade da corrida se aproximava e com ela, as trocas de pneus. Mansell para na volta 21, com a Williams realizando um pit-stop razoável. Percebendo que poderia levar, o que hoje é chamado de undecut, Senna faz sua parada uma volta depois. A Lotus é um pouco mais lenta, mas Senna ainda volta à pista embolado com Mansell, porém o inglês tinha pneus mais aquecidos e assumia a ponta no que mais tarde chamariam ultrapassagem nos boxes. Com a parada de Johansson, a corrida fica estática na frente. Quando Senna tentava uma aproximação, Mansell aumentava a pressão do turbo, garantindo uma liderança tranquila. Alboreto, que largou com pneus duros, resolve não parar e estava na frente de Johansson. A Ferrari resolve usar a velha tática de manter as posições e levar as crianças para casa e mostra a placa 'SLOW', significando que seus pilotos deveriam manter as posições. Porém, Johansson estava melhor calçado e por isso, desobedeceu a ordem da Ferrari e reassumiu o terceiro lugar na volta 38, já próximo do fim da prova.

Após abandonos de René Arnoux, que abusou da pressão do turbo, Prost se aproximava de Jones e ultrapassou o australiano nas últimas voltas, com direito a melhor volta da corrida, com o francês assumindo a sexta e última posição pontuável, porém, quase levando uma volta, Prost estava quase um minuto atrás do seu compatriota Laffite, num solitário quinto lugar. Precisando economizar combustível, Senna alivia o ritmo no fim e Mansell vence pela primeira vez em 1986. 'Eu estava esperando essa vitória pacientemente,' falou Mansell demonstrando uma confiança muito grande. Enquanto Piquet abandonava a segunda corrida em cinco com o motor quebrado, Mansell começava a marcha para se tornar uma das estrelas da F1 nos próximos anos.

Chegada:
1) Mansell
2) Senna
3) Johansson
4) Alboreto
5) Laffite
6) Prost

Um comentário:

  1. E de Angelis nem iria participar dos testes em Paul Ricard. A Brabham tinha escalado Riccardo Patrese pros três dias de testes,mas Elio pediu pra substitui-lo no primeiro dia.

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