No começo da década passada, Sebastien Bourdais atravessou o Atlântico após alguns anos na F3000 e contratado pela Newman-Hass, então melhor equipe da CART/Champ Car, o francês teve um ano de aprendizado em 2003 para então enfileirar quatro títulos consecutivos com uma pilotagem sólida e bem superior aos seus pares naquele tempo. Bourdais chamou atenção da Toro Rosso e novamente o francês cruzou o Atlântico para realizar o sonho de correr na F1, mas Sebastien acabou atropelado por um Sebastian Vettel faminto e Bourdais nunca mais foi o mesmo. Sabendo que seu lugar estava um Oceano de distância, Bourdais voltou ao automobilismo americano e lá se reencontrou com seu discípulo. Simon Pagenaud foi para os Estados Unidos em 2006, no auge de Bourdais na Champ Car, e logo de cara conseguiu o título da saudosa F-Atlantic. Apadrinhado por Bourdais, Pagenaud fez um ano na moribunda Champ Car antes de se enveredar para as corridas de Endurance, chegando a ser parceiro de Gil de Ferran na equipe do brasileiro, por indicação de Bourdais.
Pagenaud mostrou velocidade esses anos todos, fez sua primeira corrida na Indy em 2011, mas sempre lhe faltou equipamento para brigar com os estabelecidos talentos da categoria, apesar de todos enxergarem talento em Simon. Em 2015, Pagenaud ganhou sua grande chance após uma temporada espetacular com a pequena Schmidt Peterson em 2014 ao ser contratado pela Penske. O time comandado por Roger Penske só tinha cobra criada na sua equipe, como o eterno Helio Castroneves, o carismático Juan Pablo Montoya e o talentoso Will Power. A parada para Pagenaud não seria fácil e 2015 não foi um bom ano para o francês, claramente suplantado pelos mais experientes companheiros de equipe. Simon sabia que 2016 teria que ser diferente. E está sendo.
Em cinco corridas na temporada de 2016 da Indy, Simon Pagenaud vem fazendo um campeonato excepcional. Foram dois segundos lugares e três vitórias, a última hoje no circuito misto de Indianápolis. Como seu mentor Sebastien Bourdais, Simon Pagenaud vem dominando a Indy de forma impressionante e a forma como ganhou hoje é uma amostra disso, onde o francês largou na pole e pouco foi ameaçado, mesmo com alguns pilotos mudando a estratégia, ganhando a terceira corrida consecutiva. Um ótimo impulso no importante mês de maio, onde a Indy passa a se concentrar para as 500 Milhas de Indianápolis. Pagenaud ainda não tem toda a manha nos ovais e talvez não vença a corrida mais importante para Roger Penske na sua 50º temporada como chefe de equipe, mas o que ele vem fazendo impressiona, até por que Bourdais dominou uma Champ Car bastante decadente, com pilotos em final de carreira, como Paul Tracy, Alex Tagliani (há dez anos já era coadjuvante e hoje é ainda mais!) e Bruno Junqueira, enquanto Pagenaud vem derrotando estrelas consagradas do automobilismo americano de monopostos. Um típico caso do aluno superando o mestre.
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