quinta-feira, 5 de maio de 2016

O fim da inocência

Quando a Red Bull chegou à F1 como equipe em 2005, comprando os restos da Jaguar, rapidamente o time se tornou um dos mais simpáticos do paddock. Com um toque jovial e muitas inovações, a Red Bull parecia um sopro de ar fresco num pesado clima que caracteriza os boxes da F1. Modelos bonitas, festas e o indefectível 'Red Bulletin'.

Porém, Mateschitz não estava investindo milhões de dólares para viajar pelo mundo seguindo o circo da F1 sendo o bobo da corte. Quando houve a grande mudança de regulamento entre 2008 e 2009, a Red Bull passou a ser time grande e dominou quatro anos consecutivos com um dos frutos de seu celeiro: Sebastian Vettel. Com uma alma jovem, a Red Bull investia em pilotos novos, algumas vezes ainda no kart, para leva-los até a F1 dando tudo do bom e do melhor. Contudo, quando olhamos para Vettel e também para Daniel Ricciardo, nos esquecemos de vários bons pilotos que ficaram pelo caminho nesses anos todos.

Enrique Bernoldi foi o primeiro piloto que eu me lembro que a Red Bull colocou na F1, quinze anos atrás. O brasileiro sucumbiu à pressão da F1 e saiu da categoria pelas portas dos fundos em 2002. Será que Bernoldi seria a primeira vítima da Red Bull na F1, abandonado à própria sorte quando não se destacou? Quando a Red Bull formou seu programa de jovens pilotos, isso ficou mais evidente. Klien, Liuzzi, Buemi, Alguersuari, Vergne... Todos correram um tempo na F1 pela Toro Rosso e mostraram talento, mas não o suficiente para Helmut Marko, o implacável chefe do programa de jovens pilotos. Kvyat parecia que ficaria ao lado de Vettel e Ricciardo como o lado que deu certo do programa da Red Bull. Substituindo Vettel em 2015, o problema da equipe era os motores e pouco se observou o que os pilotos faziam. Ainda assim, Kvyat superou Ricciardo ano passado. Em 2016 a Red Bull voltou a construir um bom carro, associado ao um melhor motor da Renault. Ricciardo voltou a brilhar, enquanto Kvyat se complicava, principalmente em ritmo de treinos. Na Toro Rosso, Max Verstappen assombrava a F1 com talento e personalidade para alguém de 18 anos. Mercedes e Ferrari cresceram o olho. Uma atitude tinha que ser tomada. E ela foi, como diria Januário de Oliveira, cruel, muito cruel com Daniil Kvyat.

Após um final de semana tenebroso em sua casa, Kvyat foi sacado da Red Bull e Verstappen entrará em seu lugar a partir do final de semana na Espanha. O russo retornará à Toro Rosso muito provavelmente por que a Red Bull não tem nenhum piloto pronto para entrar na F1 no momento. Não nos esqueçamos que ainda estamos no começo da temporada e muitos campeonatos de base, onde a Red Bull tem seus jovens pilotos, ainda nem começaram. Kvyat vinha fazendo uma péssima temporada, fora o pódio na China? Sim. Ele errou feio na Rússia, onde acabou com a corrida dele, da Red Bull e de Vettel? Sem a menor dúvida disso. Verstappen tem mais potencial do que Kvyat? Certeza! Porém, praticamente dispensar um piloto de 22 anos ainda no início da temporada foi por demais por parte de Marko e a cúpula da Red Bull. Com que motivação Kvyat irá para o resto da temporada? Os tempos do 'Red Bulletin' estão fazendo falta na equipe austríaca.

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