Para quem for assistir o Grande Prêmio da Hungria de 2017 na reprise do Sportv ou daqui há alguns anos já sabendo do resultado, a corrida será extremamente chata. Apenas uma ultrapassagem ocorreu de forma genuína, com Alonso passando por fora Sainz, numa bela manobra do espanhol da McLaren. As quatro primeiras posições do grid foram as mesmas da bandeirada. A corrida esteve longe de ter momentos de emoção, mas para quem assistiu ao vivo, a corrida foi tensa e foi impossível não desgrudar os olhos da TV pelos problemas vividos por Vettel, o que tornou a dobradinha da Ferrari bem mais apertada do que o imaginado. Além do mais, Mercedes e, principalmente, Red Bull terão muitos problemas com seus pilotos depois da prova.
Não há muito o que contar sobre a corrida deste domingo. A Ferrari largou bem com seus dois pilotos e tinha tudo para vencer com enorme facilidade e com uma dobradinha dominante. A diferença entre Raikkonen e Bottas chegou aos 9s, quando Vettel começou a sofrer com problemas na barra de direção da sua Ferrari. Estranhamente apenas uma vez a câmera on-board flagrou Vettel esterçando ligeiramente para a esquerda na reta dos boxes. E isso foi uma enorme dor de cabeça para a Ferrari até o final da corrida. Isso poderia causar um abandono e Vettel perdeu rendimento, permitindo à Raikkonen se aproximar do companheiro de equipe. O problema foi que as duas Mercedes encostaram de vez nas Ferraris, fazendo com que a corrida se tornasse indefinida por vários motivos. O principal era se Vettel permaneceria na prova, pois a barra de direção poderia quebrar e o resultado poderia ser um perigoso acidente, sem contar o zero ponto numa corrida amplamente favorável à Ferrari. Outro ponto era se a Mercedes teria como passar Raikkonen antes de atacar um fragilizado Vettel. A metade final da prova foi tensa, mas sem maiores emoções. A Mercedes ordenou a troca de posições entre Bottas e Hamilton, mas o inglês foi incapaz de atacar com maior ímpeto Raikkonen, que a todo momento dava indiretas no rádio, transparecendo que a vitória deveria ser dele. Vettel deve ter rezado a cada passagem para que nada a mais em seu carro quebrasse e vibrou bastante ao cruzar a linha de chegada em primeiro, mesmo com um problema que poderia lhe ser muito problemático. Raikkonen fez sua melhor corrida do ano, segurando com maestria Hamilton sem com isso ameaçar Vettel, numa corrida bastante cerebral do finlandês, já consciente do seu papel dentro da Ferrari.
O mesmo não acontece na Mercedes. A boa performance de Bottas provavelmente não estava no script de Hamilton para essa temporada e se a diferença entre os dois pilotos da Ferrari é enorme, o mesmo não se pode dizer entre os pilotos da Mercedes. Bottas foi mais rápido no sábado, largou melhor e ainda assim teve que deixar Hamilton passar, mesmo o inglês tendo um ritmo indiscutivelmente melhor. Lewis se aproximou das Ferraris, mas apenas uma vez tentou colocar de lado em cima de Kimi. Bottas já estava tão atrás de Hamilton, que acabou sendo atacado nas voltas finais por Verstappen. Porém, isso não impediu que a Mercedes ordenasse à Hamilton que devolvesse sua posição para Bottas, deixando o finlandês no pódio, mas perdendo pontos preciosos no campeonato para Vettel. Ordens de equipe sempre existiram e sempre existirão na F1. Hoje mesmo Raikkonen tinha totais condições de passar Vettel e vencer com uma mão só no volante, mas a Ferrari mandou Kimi ser escudeiro do alemão líder do campeonato. O mesmo tratamento Hamilton não teve dentro da Mercedes e se Lewis perder o campeonato pelos pontos perdidos hoje na Hungria com a manobra da Mercedes, isso poderá dar muito pano para manga. Porém, Toto Wolff deve estar bem menos preocupado do que Christian Horner. Mesmo Max Verstappen sendo um super talento e ter um belo futuro pela frente, Ricciardo tinha quase o dobro de pontos e o australiano vinha no mesmo ritmo de Max, além de não ter tido tanto azar quanto o holandês. O clima entre os dois pilotos da Red Bull era bom. Era. Na segunda curva da corrida, Verstappen freou forte para se manter na frente do companheiro de equipe, que estava ao seu lado, mas isso fez Max sair de frente e o holandês foi direto na lateral de Daniel, quebrando o radiador de Ricciardo e fazendo-o abandonar na primeira volta, criando uma enorme saia justa dentro da equipe. As palavras de Ricciardo foram fortes ainda durante a corrida contra Verstappen e a TV ainda flagrou Helmut Marko falando alguma coisa para Ricciardo que deixou o australiano bastante contrariado. Verstappen estragou um final de semana promissor para a Red Bull. O holandês havia largado bem e estava na frente de Hamilton, quando foi punido e teve que ficar 10s parados nos boxes. Verstappen ainda teve fôlego para encostar em Bottas no final, mas deverá ter muito o que explicar para a equipe e Ricciardo.
A McLaren se preparou com esmero para a corrida na Hungria, pois sabia que a falta de retas no circuito magiar iria favorecer o equilíbrio do carro. Motores foram trocados antes para que em Hungaroring tudo estivesse perfeito para que Alonso e Vandoorne chegassem até o fim nos pontos. E o planejamento deu certo. Alonso não largou muito bem e foi ultrapassado pelo compatriota Sainz, mas logo após a primeira rodada de paradas, Fernando executou a mais bela manobra da corrida ao ultrapassar Sainz por fora na curva dois e assumir a sexta posição, o máximo possível hoje em dia para uma equipe que não se chame Mercedes, Ferrari e Red Bull. A confiabilidade da McLaren-Honda foi perfeita e Alonso ainda teve o gostinho de marcar a melhor volta da corrida na passagem final, lhe garantindo um início de férias bem mais relaxante. Vandoorne até que acompanhou Alonso em ritmo de classificação, mas o belga não o fez em ritmo de corrida e ainda errou em sua única parada, fazendo-o perder muito tempo, mas Stoffel ainda marcou seu primeiro ponto de 2017. Depois do passão que levou Alonso, Sainz se conformou com a sétima posição, seguido de perto pelos dois carros da Force India, numa demonstração que os carros róseos são confiáveis até mesmo quando a pista não lhe favorece. Sem a experiência de Felipe Massa, a Williams sucumbiu em Hungaroring e ficou longe de marcar pontos, o mesmo acontecendo com Haas e Renault. Seus dois pilotos principais tiveram problemas e abandonaram, mas ambos não estavam nos pontos quando saíram. Palmer continua em sua luta inglória para mostrar que merece estar na F1, enquanto Kvyat, tão medíocre quanto o inglês, está para renovar com a Toro Rosso. Vai entender... A Sauber esteve tão mal, que seus dois pilotos andaram tomando volta até dos carros do pelotão intermediário.
A corrida de hoje foi tensa, mas longe de emocionar e serão os desdobramentos é que poderão ser mais interessantes do que a corrida em si. Vettel venceu e garantiu um respiro no campeonato e entrará de férias com doze pontos de vantagem sobre Hamilton, que ficou fora do pódio, mesmo quando todos, até mesmo a Ferrari, não esperava mais que houvesse uma devolução de posição ao final da prova. Hamilton pode ter garantido um escudeiro para a metade final da temporada, mas esses pontos podem fazer falta. Menos mal que as próximas duas pistas favorecem a Mercedes e Lewis possa reverter a situação do campeonato logo em seguida. A F1 entra de férias de um campeonato onde já se viu de tudo e deverá ser lembrado com carinho nos próximos anos.
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