Dez anos depois de minha última visita ao Autódromo Virgílio Távora, onde também fui a uma corrida da então Formula Truck, acompanhado do meu saudoso pai, voltei ao pequeno circuito alencarino para duas corridas da atual Copa Truck. Além do nome, esses dez anos trouxe muitas mudanças. Apesar do bom público (os ingressos foram todos vendidos), havia bem menos gente do que em 2007, quando a F-Truck era uma categoria consolidada e visitava o Eusébio pela segunda vez. Da mesma forma que a Copa Truck foi criada de forma rápida e até mesmo atropelada, a etapa cearense da nova categoria teve pouca divulgação, onde apenas um desfile de quatro Trucks na quinta-feira passada, ocorrida debaixo de chuva, aconteceu no elitizado bairro da Aldeota. E praticamente nada mais.
Outra mudança importante foi no traçado. Em 2007 utilizou-se um circuito alternativo preparado pela própria Truck, para termos noção da força da categoria no momento. O circuito completo de 3.000 m não foi utilizado mais uma vez hoje, mas uma variante de aproximadamente 1.800 m. Como sempre, fico no final da reta dos boxes, onde os bólidos alcançam as maiores velocidade e onde ocorrem as difíceis ultrapassagens de um circuito estreito e que em 2017 estava com um asfalto bem ruim e ondulado, precisando urgente de um recapeamento. Um parêntese para algo muito engraçado que aconteceu comigo e com meu amigo que me acompanhava hoje. As pequenas arquibancadas de madeira estavam lotadas e por isso um membro da organização nos avisou que ficaríamos em pé. O que é errado, pelas regras de segurança em eventos esportivos. Já conformados em torrar no famoso sol cearense, encontramos um local coberto próximo do final da reta dos boxes, onde teoricamente fazia parte de um evento com patrocinador, pois haviam mesas e cadeiras de bar. Perguntei se poderíamos passar e ir para o final da reta. O rapaz não apenas permitiu passar, como FICAR no local, bem próximo da pista e, para nosso alívio, numa bem-vinda sombra. Até encontrei meu ídolo Mota!
Voltando ao recapeamento, será algo difícil para uma estrutura acanhada e pouco vista pelas autoridades locais. Mais assustador foi perceber que o kartódromo Julio Ventura, que ficava bem próximo do autódromo e era um dos melhores do Brasil, estava fechado, em completo estado de abandono e já com placas de loteamento no valorizado Eusébio. Para quem não sabe, o kartódromo recebeu dois campeonatos brasileiros de kart, inclusive o último em 2013, ou seja, não faz muito tempo, mas onde houve muita polêmica justamente por causa do asfalto que se soltava. Hoje, há apenas escombros no local, o que considerei uma enorme pena.
A emoção de estar próximo da pista e no ponto mais rápido do circuito foi indescritível. Próximo a mim, uma mãe lamentava rindo que seu filho agora queria ir para todas as corridas possíveis. Mais um fã de automobilismo nascendo. As duas corridas tiveram domínio de Felipe Giaffone e Roberval Andrade, cada um vencendo uma bateria. A primeira corrida foi morna, pois um problema faria o piloto perder não uma, mas duas provas. Giaffone foi pressionado por Danilo Dirani até o paulista abandonar, com Roberval e Leandro Totti logo atrás. Como esperado, a segunda bateria foi mais pegada e houve alguns toques, principalmente no aproche da curva um. Felipe usou sua experiência para saber esperar os abandonos de Wellington Cirino, pole na segunda bateria, e Leandro Totti para se encontrar em segundo, atrás de Roberval num bom pega pela primeira posição, onde Roberto Andrade segurou Giaffone e cruzou a bandeirada menos de um décimo da frente.
Foi um ótimo programa e outra experiência muito legal, pena que aconteça tão poucas vezes.
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