No final dos anos 1980, conta a lenda que Bernie Ecclestone sonhava com três pilotos entrando na F1: um chinês, um negro e um alemão. Claro que o dirigente inglês pensava unicamente nos negócios, pois cada um desses mercados era importante para a F1. Por incrível que pareça hoje em dia, poucos pilotos alemães obtiveram sucesso na F1 até os anos 1990. Wolfgang Von Trips tinha tudo para ser campeão em 1961, mas o conde alemão morreu em Monza, penúltima etapa daquela temporada, entregando o título para Phil Hill. A Alemanha esperaria quatorze anos para voltar a vencer na F1, com Jochen Mass. Ainda assim, numa corrida conturbada na Espanha, que valeu pela metade, por causa do acidente de outro alemão, Rolf Stommelen, que custou a vida de cinco pessoas em Mointjuich.
Os anos 1980 seriam marcados por Manfred Winkelhock e, principalmente, por Stefan Bellof. Ambos eram muito rápidos, mas Bellof carregava as maiores esperanças de ser uma estrela graças ao seu talento bruto, mas os dois tedescos morreriam em 1985, com poucos meses de diferença. Mesmo com sua força econômica, grandes montadoras e uma tradicional corrida no calendário, a Alemanha vivia órfã de um grande ídolo na F1. Então, apareceu Michael Schumacher.
O jovem alemão fez uma bela carreira nas categorias de base, mesmo alguns destacarem os contemporâneos Mika Hakkinen e Heinz-Harald Frentzen. Apadrinhado pela Mercedes, Schumacher estreou na F1 pelas portas dos fundos, se aproveitando da polêmica prisão de Bertrand Gachot na Jordan, mas o alemão foi um furacão em seu primeiro final de semana de corrida, logo encontrando guarita com Flavio Briatore e a Benetton. Schumacher, então com apenas 23 anos, parecia a próxima grande estrela não apenas para os alemães, mas da F1. E Michael não decepcionou, andando na frente em sua primeira temporada completa na F1 e conquistando alguns pódios.
Quando a F1 chegou à Hockenheim para o Grande Prêmio da Alemanha de 1992, primeira corrida de Schumacher em casa, os alemães lotaram o tradicional circuito de alta velocidade finalmente tendo para quem torcer. Numa temporada amplamente dominada pela Williams, não foi surpresa Nigel Mansell vencer e ficar a apenas quatro pontos de conquistar seu sonhado primeiro título. Porém, a grande estrela do final de semana foi Schumacher, que andou no limite do seu Benetton e se aproveitou de um entrevero entre Senna e Patrese na última volta para subir ao pódio, levando o público alemão ao delírio. Seria o primeiro de muitas corridas inesquecíveis em Hockenheim com Schumacher como protagonista e Ecclestone agora tinha seu alemão de sucesso na F1.
Nenhum comentário:
Postar um comentário