quarta-feira, 26 de julho de 2017

História: 30 anos do Grande Prêmio da Alemanha de 1987

Às vésperas do Grande Prêmio da Alemanha de 1987, a McLaren anunciou um acordo de renovação com Alain Prost até 1989 e o francês se dizia feliz por ter um bom motor em 1988. A McLaren já tinha um acordo com a Honda, até porque o time inglês não aguentava mais a falta de desenvolvimento do motor TAG Porsche. A McLaren também procurava um piloto para o lugar de Stefan Johansson e Ron Dennis primeiramente partir para cima de Nelson Piquet, insatisfeito na Williams por causa do clima ruim que o carioca tinha com Nigel Mansell. Porém, a Honda estava se apaixonando por Ayrton Senna e Dennis percebe que o brasileiro, já considerado uma estrela na F1, poderia ter mais potencial do que seu compatriota, além de custar menos. Senna adorava o motor Honda, mas criticava a falta de desenvolvimento da Lotus, que não tinha fundos para se digladiar com as gigantes McLaren, Williams e Ferrari. Para completar, Senna sofreu um perigoso acidente com a Lotus em Hockenheim num teste uma semana antes da corrida, deixando o brasileiro irritado com a Lotus, que já prevendo que perderia sua estrela, correu para contratar Nelson Piquet, que exigia o status de piloto número um para renovar com a Williams.

O grid foi definido na sexta, pois choveu forte sábado à tarde e Nigel Mansell conquistou sua sexta pole da temporada, com Senna apenas dois décimos atrás. Piquet sofreu com problemas de motor e um carro mal acertado e tomou 1s do companheiro de equipe, ficando em quarto. A Porsche entregou uma nova evolução do motor correndo em casa e Prost era terceiro, mas o francês tinha feito testes encorajadores em ritmo de corrida. A Ferrari tinha resultados antagônicos com Alboreto em quinto e Berger apenas em décimo, após o austríaco sofrer um perigoso acidente nos treinos quando sua suspensão dianteira quebrou sem aviso. A Ferrari estava dividida entre os ingleses (John Barnard e Harvey Postlewhaite) e o resto dos italianos, gerando uma grave divisão dentro da equipe. A Benetton usou a potência do motor Ford Turbo para colocar seus dois carros no top-10, enquanto Andrea de Cesaris colocava a Brabham bem no grid e até prometia um pódio.

Grid:
1) Mansell (Williams) - 1:42.616
2) Senna (Lotus) - 1:42.873
3) Prost (McLaren) - 1:43.202
4) Piquet (Williams) - 1:43.705
5) Alboreto (Ferrari) - 1:43.921
6) Boutsen (Benetton) - 1:45.066
7) De Cesaris (Brabham) - 1:45.411
8) Johansson (McLaren) - 1:45.428
9) Fabi (Benetton) - 1:45.497
10) Berger (Ferrari) - 1:45.902

O dia 26 de julho de 1987 estava quente e ensolarado em Heidelberg, cidadezinha que fica próxima do famoso circuito de Hockenheim, com suas longas retas cruzando a floresta negra. O problema era que o fato dos motores funcionarem em alta rotação em boa parte do tempo e o forte calor significava que a corrida veria muitas quebras de motor, além da briga pela economia de combustível. No sinal verde Mansell deixa patinar suas rodas e imediatamente Senna assume a ponta, seguido de Prost, Mansell e Piquet, mas ainda durante a primeira volta o inglês ultrapassa Prost para diminuir seu prejuízo.

Prost tinha feito a melhor volta no warm-up e estava confiante em seu ritmo de corrida. O francês faria sua corrida de espera, enquanto Mansell não esperava muito para tomar a ponta de Senna ainda na segunda volta. Prost sabia que Senna não tinha ritmo para andar naquela posição e por isso teria que se livrar do brasileiro logo para manter contato com Mansell. Senna ainda segurou Prost por meia volta, mas o francês assumiu a segunda posição na freada da primeira chicane. Piquet ultrapassa o compatriota na volta seguinte e Senna, que largara com o carro reserva, logo perderia contato com os líderes. Piquet fazia uma corrida de espera, enquanto Mansell e Prost estavam separados por apenas 1.5s. Prost pressente que pela primeira vez em 1987 tinha carro para bater a Williams-Honda e na volta 8 toma a liderança de Mansell após a primeira curva. Pensando no combustível, Mansell resolve não atacar Prost naquele momento, mesma tática já vinha sendo utilizada por Piquet. Na época, os computadores de bordo da Honda eram os mais precisos da F1 no quesito consumo de combustível e se quisessem ver a bandeirada, Mansell e Piquet teria que economizar naquele começo de prova.

Prost e Mansell abrem 6s em cima de Piquet, enquanto Senna corria isolado em quarto. O confiante De Cesaris abandona na volta 13 com o motor quebrado, mas antes dele Nakajima, Patrese e Arnoux já tinham tido destino semelhantes. Prost controlava bem a corrida e na volta 19 foi aos boxes trocar seus pneus e retorna à pista em terceiro, enquanto Berger era outra vítima da combinação pista-clima daquele dia e tem o turbo estourado. Na volta 21 Piquet faz sua parada, enquanto Mansell aumentava o seu ritmo com pista livre à frente, mas os esforços de Nigel foram em vão, pois após completar sua parada na volta 22, ele voltou 4s atrás de Prost. Senna tem problemas no seu turbo e chega a fazer uma segunda parada, mas nada é encontrado pela Lotus e Ayrton volta à pista. Mansell faz a volta mais rápida da corrida, mas seu motor explode na volta 27 bem na entrada do Estádio. Um golpe duro para o inglês, que vinha de duas vitórias consecutivas. Na volta seguinte, foi a vez de Nannini e Boutsen abandonarem com o motor quebrado, sendo que o italiano estava se aproveitando dos vários abandonos para levar sua Minardi na bica de pontuar. Senna tem a asa dianteira danificada e tem que parar nos boxes pela terceira vez!

Com 35s de ventagem em cima de Piquet, Prost tira o pé e o brasileiro recortava a diferença que tinha o piloto da McLaren, mas era nítido que Prost tinha a corrida nas mãos. Senna tem outro infortúnio quando ele tem problemas na suspensão ativa de sua Lotus, mas o brasileiro resolve continuar na prova, mesmo com o carro estando bastante desconfortável para se guiar. Streiff e Palmer brigavam pela quinta posição, o que era um feito e tanto para dois pilotos que guiavam um carro com motor aspirado numa pista de altíssima velocidade, mas temendo que seus pilotos fossem os próximos a abandonar, Ken Tyrrell mandou que eles permanecessem nas mesmas posições. Porém, a próxima e última vítima de Hockenheim naquela quente tarde de julho, já nas voltas finais, seria talvez a mais cruel. Alain Prost fazia sua melhor corrida até então em 1987 quando seu alternador quebrou faltando cinco voltas para o fim. Uma desilusão para Prost, que se preparava para bater o recorde de Jackie Stewart. Quem não tinha nada com isso era Nelson Piquet, que assumia a liderança para não mais perdê-la, vencendo pela primeira vez em 1987. O segundo colocado era o surpreendente Johansson, que apenas levava sua McLaren até o fim, mas o sueco não teria vida fácil, quando seu pneu dianteiro direito explode na abertura da volta final, mas Stefan resolve ficar na pista e recebe a bandeirada em três rodas. Mesmo com uma corrida bastante complicada, Senna ainda salvou um pódio, enquanto Streiff, Palmer e Alliot completaram a zona de pontuação. E foram esses os únicos sobreviventes da corrida. Após uma temporada complicada até então, finalmente Piquet é recompensado pela sorte e se preparava para a arrancada final que o levaria ao tricampeonato.

Chegada:
1) Piquet
2) Johansson
3) Senna
4) Streiff
5) Palmer
6) Alliot

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