domingo, 2 de julho de 2017

The King Richard

Fora das pistas, o sorriso no rosto, o grande bigode, o óculos escuro e o grande chapéu de cowboy. Dentro da pista, o carro azul número 43 patrocinado pela STP. Por mais de três décadas, essa foi a síntese da Nascar representada pelo seu rei, Richard Petty. Homem de números superlativos, Petty entrou para a história como o maior piloto da história da Nascar, se tornando um ícone da categoria, principalmente nos primeiros anos da Nascar, quando a stock car americana tinha um quê de festa do interior do meio oeste americano. Completando 80 anos de idade, vamos passar um pouco pela história dessa lenda americana.

Richard Lee Petty nasceu no dia 2 de julho de 1937 em Level Cross, na Carolina do Norte, bem próximo do berço da Nascar, onde o pequeno Richard cresceu. Desde criança, Richard viveu intensamente as corridas, com seu pai Lee Petty se tornando um dos principais pilotos dos primórdios da categoria com sua equipe, a Petty Enterprise. Desde o colegial Richard se preparou para correr e quando completou 21 anos de idade, em muitos locais a idade mínima para se iniciar nas corridas, ele fez sua primeira corrida da Nascar. Seu pai já era um dos principais nomes da Nascar e em 1959 ele venceria a primeira Daytona 500, ano em que Richard se tornaria o novato do ano e teria a curiosa situação de perder sua primeira vitória por causa do seu pai, que protestou após a corrida e acabou ganhando em Lakewood. Porém, as primeiras vitórias não tardariam a acontecer e também o sucesso para Richard, que logo ultrapassaria seu pai no quesito fama na Nascar. Após boas temporadas, finalmente Richard Petty vence o campeonato e a Daytona 500, principal corrida do certame, em 1964. Na época correndo pela Plymouth, Petty passaria um ano de fora da Nascar por causa de um boicote aos motores Hemi, mas Richard retornaria em 1966.

E Petty retornaria vencendo pela segunda vez a Daytona 500 de forma dramática, após ter problemas e chegar a ficar duas voltas atrasado, o fazendo o primeiro piloto a bisar a corrida em Daytona. Richard Petty já era o piloto mais popular da Nascar por causa de seu carisma e de sua velocidade. Ninguém parecia deter Petty e em 1967 ele conquistou seu segundo título com direito a 27 vitórias na temporada, sendo dez consecutivas. Cinquenta anos atrás, Richard Petty ganharia o apelido que o marcaria para sempre: The King. Em 1971 Petty vence Daytona pela terceira vez, assim como o campeonato e no final do ano, assina contrato com a STP, adotando o mítico lay-out azul-laranja, que junto com o número 43, transformaria num dos carros mais conhecidos do automobilismo. E as novas cores dão sorte, com Petty conquistando mais um campeonato e em 1973 ele bateria Steve Baker numa ultrapassagem por fora nas últimas voltas para vencer a Daytona 500 pela quarta vez. No ano seguinte, a Nascar diminuiu em cinquenta milhas a corrida em Daytona por causa da crise petróleo, mas Petty não se fez de rogado e venceu mais uma vez, no que seria completado com mais um título no final do ano.

Aos 38 anos de idade, Richard Petty alcança o auge de sua carreira ao vencer o título da Nascar pela sexta vez com o recorde de treze vitórias, incluindo a primeira World 600, em Charlotte, considerada a segunda corrida mais importante do calendário. Alguém poderá retrucar. Como a campanha de 1975 foi recorde, se em 1967 o Rei venceu quase o dobro de corridas? Até 1972 o calendário da Nascar permitia mais de uma corrida por final de semana e foi justamente nesse época que Petty empilhou um número absurdo de vitória, tanto que a Nascar considera sua época moderna a partir de 1972, quando se fazia uma corrida por final de semana da categoria principal. Em 1976 Petty perdeu a Daytona 500 numa chegada espetacular, quando se envolveu num acidente com David Pearson na última volta e acabou em segundo. Durante o biênio 1978-79 Petty passou por algo que nunca havia sentido: 45 corridas sem vitória. Contudo, o final do tabu aconteceria na pista favorita de Richard, vencendo a Daytona 500 de 1979. Essa prova ficaria para sempre marcada pela luta, literalmente, entre Donnie Allison e Cale Yarborough pela vitória e que acabou em acidente na última volta e briga entre os envolvidos na primeira corrida transmitida ao vivo da Nascar. E com vitória do piloto mais popular da categoria, Richard Petty, que conquistaria seu sétimo e último título no final da temporada.

Petty venceria a Daytona 500 pela última vez em 1981, derrotando Donnie Allison, mas a chegada de jovens pilotos como Dale Earnhardt, Darrell Waltrip, Terry Labonte e Bill Elliot no início dos anos 1980 significava uma mudança de guarda da Nascar. Ainda com a popularidade em alta, Petty ainda tinha gana para vencer e em 1984 ele saiu da equipe do seu pai, onde corria desde a década de 1950, para tentar se manter competitivo. Na primavera daquele ano, aconteceria a segunda corrida em Daytona no calendário, uma prova de 400 Milhas. Bem no dia da independência americana, Ronald Reagan deu o sinal para ligarem os motores e numa chegada sensacional, Petty derrotou seu velho rival Cale Yarborough por um bico, na bandeirada. Era a vitória de número 200 de Richard Petty na Nascar. E também a última. Contando com quase 45 anos de idade, a carreira de Petty começava a declinar. Seu filho Kyle iniciou uma carreira medíocre na Nascar, onde esteve milhas de se igualar ao seu pai ou até mesmo o seu avô. No final de 1991, Petty, já de volta à equipe da família, anuncia que 1992 seria sua última temporada na Nascar. Em todas as pistas em que visitaria pela última vez como piloto, houve uma comoção local de fãs, pilotos e equipes. No dia 15 de novembro de 1992, em Atlanta, a Nascar reverenciou o seu rei pela última vez. Na volta 94, Petty sofreu um acidente e parecia não mais retornar à prova, mas uma lenda não poderia sair de cena dessa maneira. A Petty Enterprise trabalhou incessantemente e faltando apenas duas voltas, Richard foi a pista para receber sua última bandeirada, aos 55 anos de idade. De forma discreta, o jovem Jeff Gordon estreava nessa mesma corrida.

Os números de Richard Petty são impressionantes. Foram 1.184 largadas e 200 vitórias, além de 123 poles. Foram sete títulos (1964, 67, 71, 72, 74, 75 e 79), algo só igualado por Dale Earnhardt e Jimmie Johnson e igualmente sete vitórias nas 500 Milhas de Daytona (1964, 66, 71, 73, 74, 79 e 81). A Petty Enterprise continua na Nascar até hoje, mas sem o comando no dia-a-dia de Richard, que vendeu o time em 2008, e sem o charme do patrocínio da STP. Se Kyle Petty não conseguiu seguir os mesmos passos de Richard, havia uma forte esperança de que seu neto Adam Petty pudesse fazê-lo, mas o jovem piloto faleceu aos 20 anos, num acidente em New Hampshire, apenas um mês depois do patriarca Lee morrer. Richard Petty continua até hoje no mundo da Nascar, levando seu carisma e simpatia para todos os fãs, que ainda o idolatra, mesmo que seus melhores anos já tenham completado 40 anos e que sua despedida tenha completado um quarto de século. Porém, os feitos do Rei são simplesmente inigualáveis! 

Parabéns!
Richard Petty

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