Com o cancelamento em cima da hora do Grande Prêmio da Argentina, os patrocinadores pressionavam as equipes por mais uma corrida no calendário da F1, mesmo que fosse realizada em meio à Copa do Mundo. Espanha e Holanda eram as favoritas, mas como as negociações com os espanhóis falharam, os holandeses tiveram que organizar um Grande Prêmio às pressas e ainda teve que trazer a corrida para o sábado, para não colidir com as quartas-de-finais da Copa do Mundo. Patrick Tambay foi contratado pela Ferrari para substituir Gilles Villeneuve e para evitar maiores problemas com o seu primeiro piloto, Tambay era muito amigo de Didier Pironi. Após um acidente que parecia sem maiores consequências em Montreal, Nigel Mansell acabou machucando o pulso e não correria em Zandvoort, sendo substituído pelo jovem piloto de testes da Lotus, o brasileiro Roberto Moreno, desde 1980 na equipe, mas sem maiores chances no time de Colin Chapman.
O clima em Zandvoort não era dos melhores e a chuva se fez presente em vários momentos, atrapalhando os pilotos na tentativa de conseguir o marcar tempo. O grid foi praticamente definido nos últimos trinta minutos da primeira classificação, na quinta-feira, quando houve pista seca e Arnoux ficou com a pole, melhorando a pole de 1981 em 4s. Prost completava a dobradinha da Renault na primeira fila. Piquet consegue o terceiro tempo com sua Brabham-BMW. Prejudicada por problemas de confiabilidade, seu companheiro de equipe Patrese foi apenas décimo. Depois de alguma hesitação Pironi optou por não utilizar a Ferrari com o novo câmbio longitudinal e ficou na quarta posição. Tambay mostrou imediatamente um bom ritmo e conseguiu o sexto melhor tempo. Toleman-Hart tinha realizado testes extensivos em Zandvoort semanas antes, o que explicava o grande décimo terceiro lugar de Warwick. Brilhante na América do Norte, Cheever não conseguiu qualificar seu Ligier, o mesmo ocorrendo com Moreno na segunda Lotus.
Grid:
1) Arnoux (Renault) - 1:14.233
2) Prost (Renault) - 1:14.660
3) Piquet (Brabham) - 1:14.723
4) Pironi (Ferrari) - 1:15.825
5) Lauda (McLaren) - 1:15.832
6) Tambay (Ferrari) - 1:16.154
7) Rosberg (Williams) - 1:16.260
8) Giacomelli (Alfa Romeo) - 1:16.513
9) De Cesaris (Alfa Romeo) - 1:16.576
10) Patrese (Brabham) - 1:16.630
O dia 3 de julho de 1982 estava nublado nas dunas de Zandvoort e um pequeno público foi ao autódromo holandês para ver uma corrida que foi organizada em cima da hora e por isso, sem a promoção que merecia, além da concorrência cruel da Copa do Mundo. O famoso atraso do turbo em baixas rotações fazia com que René Arnoux normalmente não aproveitasse suas várias poles e 35 anos atrás não foi diferente, com o piloto da Renault largando muito mal, o mesmo não acontecendo com Prost (com o mesmo carro...), que assumiu a ponta numa bela ultrapassagem por fora sobre Arnoux, enquanto Piquet também largava mal, caindo para sexto.
O começo da corrida tinham todos os pilotos próximos e Piquet já tentava se recuperar de sua má largada, ultrapassando rapidamente Lauda e Tambay para ser quarto, enquanto Pironi pressionava Arnoux pela segunda posição. O piloto da Ferrari logo assumia a segunda posição e ia para cima da segunda Renault de Prost. A briga entre eles foi curta, com Prost começando a sofrer com os seus pneus Michelin. Piquet tentava se aproximar de Arnoux, enquanto mais atrás, Tambay segurava um pelotão de carros mais rápidos. Rosberg fazia várias ultrapassagens e na volta 12 finalmente deixa Patrick para trás, mas o piloto da Williams já estava mais de 20s atrás do líder Pironi, que administrava a vantagem de 4s em cima de Prost. Sofrendo com os pneus duros da Michelin, Arnoux é alcançado por Piquet e sem muita resistência, é ultrapassado pelo brasileiro na volta 15, mas Piquet já estava 6s atrás de Prost, que via Pironi se distanciar na frente.
No final a volta 22, ocorreu o momento mais assustador e marcante daquela corrida. Quando se aproximava a 300 km/h da curva Tarzan, René Arnoux viu a roda dianteira esquerda do seu carro ganhar vida. Sem freios e sem controle, Arnoux foi direto para a proteção de pneus à alta velocidade. Numa F1 assombrada com duas mortes em pouco tempo, temeu-se pelo pior. A frente da Renault ficou destruída, mas a barreira de pneus absorveu bem a pancada e mesmo assustado, Arnoux estava ileso e era ajudado pelos comissários a sair do seu carro. Num circuito que adorava, Piquet começa a encostar em Prost, mas quando todos se animavam pela briga entre os dois grandes pilotos, o motor Renault de Prost perdeu rendimento e o francês tem que abandonar (mais uma vez...) na volta 33, deixando Piquet em segundo, mas 20s atrás de Pironi. Numa corrida sem muito brilho, Lauda demorou 38 voltas para ultrapassar Tambay, que logo depois era ultrapassado pela segunda Williams de Daly. Temendo pela parca confiabilidade do seu motor BMW, além do alto consumo do mesmo, Piquet diminui seu ritmo e permite a aproximação de Keke Rosberg.
A melhor briga da corrida era entre Derek Daly, Bruno Giacomelli e Michele Alboreto pela quinta posição, mas essa batalha acabou atrapalhando Piquet, normalmente cauteloso nos seus encontros com retardatários. Piquet perde tempo e vê sua vantagem para Rosberg cair para perigosos 3s, quando algumas voltas antes eram 11s! Numa das disputas entre Daly e Alboreto, o italiano leva a pior, enquanto Rosberg perseguia Piquet de perto, mas em nenhum momento o brasileiro da Brabham deixou uma brecha para que o piloto da Williams o atacasse. Didier Pironi recebeu a bandeirada com tranquilos 20s de vantagem sobre Piquet e Rosberg, que acabaram separados por menos de 1s. Lauda completou a prova num solitário quarto lugar, enquanto Daly e Baldi completavam os que pontuavam em 1982. Era a sétima vez que a Renault saía de mãos abanando de uma corrida, fazendo com que Prost e Arnoux ficassem cada vez mais longe de se tornarem o primeiro francês a ser campeão mundial. Naquele momento, a honra estava muito próxima de Didier Pironi.
Chegada:
1) Pironi
2) Piquet
3) Rosberg
4) Lauda
5) Daly
6) Baldi
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