quarta-feira, 5 de julho de 2017

História: 30 anos do Grande Prêmio da França de 1987

Após a morte de Elio de Angelis em Paul Ricard, os administradores do circuito foram pressionados pela FISA para uma melhoria no circuito de Le Castellet e reformas foram feitas, além da modernização da infra-estrutura do autódromo, que se tornava um dos mais modernos da Europa. Pela primeira vez desde o seu acidente em março de 1986, Frank Williams retornava ao circuito de Paul Ricard, donde acompanhava um teste de sua equipe e acabou sofrendo o acidente que o confinou numa cadeira de rodas. Mesmo com várias limitações, Frank acompanhava sua equipe e tinha que administrar sua explosiva dupla de pilotos, mas a teimosia de Mansell e a ambição de Piquet fazia com que os dois não se falassem e dividissem a equipe, mesmo com várias reuniões dentro da Williams. Frank tinha receio de perder outro campeonato e pedia apenas responsabilidade aos seus pilotos. Alain Prost sonhava em bater o recorde de vitórias de Jackie Stewart em casa, mas o motor Porsche V6 não era páreo para os Honda, principalmente na longa reta Mistral.

Os treinos aconteceram debaixo de forte calor e no sábado a pista estava muito escorregadia, fazendo com que os melhores tempos fossem o de sexta, com Nigel Mansell conquistando a quinta pole de 1987 em seis provas naquela temporada, com Alain Prost tirando leite de pedra para colocar a McLaren na primeira fila. Senna reclamava da dirigibilidade do seu carro e teve que se conformar com o terceiro lugar, enquanto Piquet era apenas quarto. A dupla da Benetton teve vários problemas mecânicos nos treinos, mas ainda assim ficaram com a 5º e 7º posições, enquanto a Ferrari decepcionava mais uma vez.

Grid:
1) Mansell (Williams) - 1:06.454
2) Prost (McLaren) - 1:06.877
3) Senna (Lotus) - 1:07.024
4) Piquet (Williams) - 1:07.140
5) Boutsen (Benetton) - 1:08.077
6) Berger (Ferrari) - 1:08.198
7) Fabi (Benetton) - 1:08.293
8) Alboreto (Ferrari) - 1:08.390
9) Johansson (McLaren) - 1:08.577
10) Warwick (Arrows) - 1:08.800

O dia 5 de julho de 1987 estava ensolarado e com um calor incrivelmente forte em Paul Ricard, com a temperatura chegando perto dos 40ºC. Pneus seria um fator numa corrida tão quente, além da mecânica e até mesmo do físico dos pilotos. Durante a volta de instalação no grid, Prost recebe uma mensagem no seu computador que seu motor não estava 100%, mas Alain resolve permanecer com o carro titular. A largada acontece sem maiores problemas, com Mansell mantendo a ponta, seguido por Prost, Piquet, Senna e Boutsen. As duas Ferraris tiveram largadas problemáticas, com Alboreto queimando a largada descaradamente por problemas na embreagem, enquanto Berger sai muito lentamente. Alboreto seria punido com um minuto mais tarde. Mais atrás, Andrea de Cesaris toma a posição de Johansson, mas no ensejo acaba quebrando a asa dianteira da McLaren do sueco.

Usando a força do motor Honda, Piquet ultrapassa Prost na reta Mistral ainda na primeira volta, formando a dobradinha da Williams naquela começo de GP. Ao contrário dos prognósticos, Senna não ataca Prost com o mesmo motor da Williams e era até mais assediado por Boutsen, enquanto De Cesaris abandona na quarta volta com o motor em chamas. O ritmo dos três primeiros era forte e ainda na décima volta Mansell alcançava os primeiros retardatários. Parte do bico da McLaren de Johansson fica alojada na asa dianteira de Mansell, fazendo com que o inglês perdesse o equilíbrio do seu carro e por consequência perdia também um pouco de ritmo e permitindo a aproximação de Piquet. Contudo, o brasileiro roda sozinho na freada da curva na volta 19 e mesmo voltando rapidamente à corrida, é ultrapassado por Prost, que acompanhava à distância os dois carros da Williams. O francês se encontrava num sanduíche dos carros da Willaism, com os três separados por pouco mais de 3s, numa corrida estática na briga pela liderança, mas bem apertada. Senna já vinha com 15s de atraso.

Na volta 31 Piquet abre a rodada de paradas, o que foi seguido nas voltas seguintes por Senna, Prost e Mansell. Enquanto isso, Boutsen abandona com problemas no distribuidor. As voltas rápidas com pneus novos que fez antes dos rivais favoreceu Piquet, que emergiu na ponta, seguido por Prost e Mansell, que teve a parada ligeiramente mais lenta por causa dos detritos que foram retirados da frente do seu carro. Imediatamente após seus pneus atingirem a temperatura ideal, Mansell bateu recorde da pista em perseguição aos seus rivais. Prost foi deixado para trás na volta 39 no final da reta dos boxes. A vantagem de 3s que Piquet foi pulverizada pelo companheiro de equipe, mas Piquet resistia à Mansell, enquanto os dois ultrapassavam os retardatários. Na volta 46, Piquet sai de frente na curva Beausset e permite à Mansell mergulhar por dentro e reassumir a ponta. Nelson consegue manter o ritmo de Mansell, onde tentava pegar o vácuo do inglês na longa reta Mistral, numa briga apertada dos dois pilotos da Williams. Após sua parada, o motor de Prost perde rendimento e o francês diminui o ritmo para poupar o motor e uma possível quebra. Senna estava descontente com o equilíbrio do seu carro e corria sozinho em quarto, enquanto as duas Ferraris vinham a seguir, mas com uma volta de desvantagem. 

Mesmo andando 1s atrás de Mansell, Piquet resolve apostar alto e faz uma segunda parada nos boxes na volta 63, com dezessete para o final, mas tudo dá errado quando a Williams falha no pit-stop e Nelson perde 15s nos pits, retornando à corrida atrás de Prost. Zangado duplamente pela aposta errada e pelo erro da equipe, Piquet volta à pista voando, quebrando o recorde da pista e rapidamente chegando e ultrapassando Prost, que nem resistiu. Faltando doze voltas, Piquet tinha que tirar 20s. E ele tentou! O carioca era o mais rápido na pista, andando até 2s por volta mais rápido. Mansell administrava a ultrapassagem nos retardatários e se sentiu vingado quando deixou Senna para trás. Faltando duas voltas, Piquet ainda chegou à casa dos 7s de diferença para Mansell, mas era tarde demais para um ataque. Se a Williams não tivesse errado no segundo pit-stop de Piquet, talvez houvesse um final de corrida de tirar o fôlego, mas o 'se' não existe e Mansell venceu pela segunda vez na temporada, com Piquet completando a dobradinha da Williams e Prost completando o pódio. Senna fez uma corrida opaca em quarto, enquanto Fabi se aproveitava do abandono nas últimas voltas de Berger para ser quinto. O piloto da casa Phillipe Streiff fechou a zona de pontos, marcando o primeiro ponto dele em 1987, além do motor aspirado do seu Tyrrell. Frank Williams estava muito feliz com a dobradinha na França, apesar de Piquet não compartilhar a mesma alegria, mas o brasileiro cometeu dois erros durante a prova e numa disputa tão forte como a que teve com Mansell, qualquer detalhe faria a diferença. Senna estava irritado por estar uma volta atrás dos líderes e mesmo ainda liderando o campeonato, sua insatisfação com a Lotus era cada vez maior. Prost também reclamou bastante da falta de potência do seu motor TAG Porsche. A dobradinha em Paul Ricard mostrava que a Williams-Honda era mesmo o carro a ser batido em 1987.

Chegada:
1) Mansell
2) Piquet
3) Prost
4) Senna
5) Fabi
6) Streiff 

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