sábado, 8 de julho de 2017

História: 15 anos do Grande Prêmio da Inglaterra de 2002

Após sua vitória dominante no Nürburgring, a Ferrari era a grande favorita em Silverstone, mas Williams e McLaren tentariam de tudo para impedir a Ferarri correndo em casa. Os pneus foram cruciais na Europa e seriam novamente na Inglaterra, enquanto a Michelin parecia superior na classificação, mas não eram tão bons como a Bridgestone em ritmo de corrida. O clima também poderia ser um fator em Silverstone, com as temperaturas mais baixas de pista sendo favoráveis a Bridgestone. Enquanto as equipes testavam nos dias anteriores à corrida na Inglaterra, a Arrows ficou de fora e quando o time chegou em Silverstone, estourou a grande crise vivida pelo time chefiado por Tom Walkinshaw. Salários atrasados de mecânicos, pilotos e fornecedores, que fez com que a Cosworth se recusasse a ligar os motores na sexta-feira. Apenas com a intervenção de Bernie Ecclestone se foi possível que a Arrows participasse dos treinos, mas isso era apenas um aviso de que o time estava prestes a implodir.

Juan Pablo Montoya conseguiu sua quarta pole consecutiva e a quinta na temporada, após a Ferrari dominar todos os treinos livres e parte da classificação, com Rubens Barrichello superando Michael Schumacher novamente. Porém, numa última volta espetacular, o colombiano bateu Barrichello por apenas três centésimos, com os irmãos Schumacher logo atrás. A McLaren assegurava a terceira fila num final de semana bastante previsível, mas correndo em casa, os prateados estavam tomando 1s de Montoya. Trulli era novamente o melhor do resto com a sétima posição, logo à frente da surpresa do dia Mika Salo, que não treinou bem na sexta por conta de uma infecção intestinal. 

Grid:
1) Montoya (Williams) - 1:18.998
2) Barrichello (Ferrari) - 1:19.032
3) M.Schumacher (Ferrari) - 1:19.042
4) R.Schumacher (Williams) - 1:19.329
5) Raikkonen (McLaren) - 1:20.133
6) Coulthard (McLaren) - 1:20.315
7) Trulli (Renault) - 1:20.516
8) Salo (Toyota) - 1:20.995
9) Villeneuve (BAR) - 1:21.130
10) Heidfeld (Sauber) - 1:21.187

O dia 7 de julho de 2002 estava nublado e frio em Silverstone, num típico dia inglês, mas que favorecia sobremaneira os pilotos com pneus Bridgestone, no que era uma boa notícia para Rubens Barrichello, que largaria na primeira fila. O tempo verbal está correto. Largaria. Quando se preparava para sair para a volta de apresentação, o brasileiro ficou parado no grid, para desespero dos torcedores brasileiros que acreditava piamente que a Ferrari sacaneava sem nenhum pudor Barrichello. "Tiraram Rubinho do caminho para Schumacher vencer", diriam os adeptos de que Rubens era apenas um brasileirinho contra esse mundo todo, algo que o próprio piloto falaria anos depois. Largando em último, Barrichello tinha dois trunfos. O carro largamente superior aos demais que tinha nas mãos e a chuva, que poderia cair a qualquer momento e Barrichello era um dos melhores nessas condições. A largada aconteceu sem maiores problemas para os líderes, com Montoya mantendo a ponta, seguido por Michael, Ralf, Kimi e Coulthard. Mais atrás, Massa rodava na primeira curva. 

A chuva era esperada a qualquer momento, mas a pista estava seca nas primeiras dez voltas e mesmo nitidamente com um carro mais veloz, Schumacher era incapaz de ultrapassar Montoya na briga pela ponta da corrida. Mostrando a superioridade da Ferrari quinze anos atrás, Barrichello já ocupava a sétima posição na volta 11, quando começou a chover. Imediatamente os pilotos foram aos boxes trocar de pneus, no caso, os intermediários. O que se viu foi um passeio dos pneus japoneses frente aos Michelin. Schumacher passou facilmente Montoya e Barrichello já ocupava a segunda posição, completando a dobradinha da Ferrari em menos de quinze voltas! As Ferraris eram de 3 a 4s mais rápidos que Montoya, que sofria com os pneus intermediários da Michelin. Na McLaren, o drama foi maior com Raikkonen chegando nos boxes e encontrando a McLaren totalmente despreparada, tendo que trazer os pneus de forma atabalhoada, atrasando a parada do finlandês de forma determinante. Coulthard, coitado, teve que ficar na pista já encharcada com pneus slicks por duas voltas, perdendo muito tempo. 

Na volta 24 a chuva diminuiu um pouco e isso fez com que Renault e McLaren arriscassem e colocassem pneus slicks nos carros dos seus pilotos, tamanho era o péssimo desempenho dos pneus intermediários da Michelin, mas o tiro saiu pela culatra quando a chuva aumentou logo em seguida, fazendo com que os quatro carros voltassem aos boxes. A atuação da McLaren naquele dia foi constrangedora, com erros táticos e de avaliação acontecendo a todo momento, deixando Raikkonen e Coulthard duas voltas atrás dos líderes. A dupla da Ferrari abria uma enorme diferença para Montoya e tudo parecia conspirar para os italianos. Na volta 31 o quarto colocado Ralf Schumacher fez sua segunda parada e um problema na máquina de reabastecimento fez com que o alemão voltasse à pista sem reabastecer, tando que voltar aos boxes depois, estragando sua corrida. A dupla da Ferrari fez sua parada e colocaram pneus intermediários, enquanto Montoya permanecia na pista e quase ganhou a corrida com isso. A chuva havia parado e o colombino chegava a andar 3s mais rápido do que as Ferraris, e quando Montoya fez sua segunda parada na volta 40, colocou pneus slicks. Marcando o colombiano de perto, a Ferrari trouxe Barrichello aos boxes para colocar pneus slicks na mesma volta e o brasileiro voltou à pista na frente de Montoya, mas o piloto da Williams conseguiu a ultrapassagem na volta seguinte. Schumacher parou na volta 43 e com pneus slicks, voltava à pista 15s na frente de Montoya.

Demonstrando que tinha totais chances de conquistar a vitória se não fosse o problema na volta de apresentação, Rubens Barrichello contra-atacou e ultrapassou Montoya na volta 46, assumindo a segunda posição e imediatamente marcando volta mais rápida em cima de volta mais rápida, indicando que tinha ritmo para vencer, como havia acontecido em Zeltweg (quando a Ferrari não deixou) e em Nürburgring. Porém, Schumacher respondeu e venceu a corrida com imensa facilidade, com Barrichello completando a dobradinha e Montoya fechando o pódio. Se aproveitando bem dos pneus Bridgestone, Jacques Villeneuve e Olivier Panis foram quarto e quinto respectivamente e conseguiram os primeiros pontos da BAR no ano, algo bastante comemorado pelos envolvidos. Heidfeld fechou a zona de pontuação, enquanto Ralf e a dupla da McLaren completaram a prova com bastante atraso por causa dos erros de equipe. Michael Schumacher terminava sua décima corrida consecutiva no pódio e com impressionantes 54 pontos de vantagem sobre o novo vice-líder Rubens Barrichello, o alemão tinha chances matemáticas de ser campeão na corrida seguinte, na França. Ainda no verão europeu. Era um massacre!

Chegada:
1) M.Schumacher
2) Barrichello
3) Montoya
4) Villeneuve
5) Panis
6) Heidfeld

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