domingo, 9 de julho de 2017

Valeu pelo final

Após a corrida maluca de Baku, uma prova parecida com a do Azerbaijão seria muito complicada de se repetir quinze dias depois, ainda mais que a esperada chuva em Zeltweg não veio. A corrida estava morna e caminhando para uma vitória fácil de Valtteri Bottas, mas um probleminha que não foi identificado pelos pilotos nos treinos apareceu com força na corrida: bolhas nos pneus. E isso garantiu uma animação extra nas voltas finais da corrida, com Vettel encostando em Bottas e Ricciardo defendendo seu pódio dos ataques de Hamilton. A falta de emoção de Galvão Bueno na transmissão não registrou o belo final de prova, com Bottas claramente sem pneus e Ricciardo sob ataque com um motor bem menos potente do que Hamilton. No fim, não houve trocas de posição, com Bottas segurando Vettel para conquista sua segunda vitória na carreira, enquanto um alegre Ricciardo subiu ao pódio pela quinta corrida consecutiva.

Como falado anteriormente, a corrida estava morna e tinha sido definida praticamente na largada. Max Verstappen largou muito mal e se viu no meio do pelotão, ficando à mercê de qualquer incidente. Para quem não se lembra, Daniil Kvyat foi rebaixado para a Toro Rosso após uma primeira curva completamente sem noção na Rússia. Pois Kvyat repetiu a manobra hoje e de uma só vez, tirou da corrida Alonso e Verstappen. Isso fez com que a dupla da Williams pulasse da penúltima fila para a zona de pontuação, enquanto mais na frente, Daniel Ricciardo pulava para terceiro e Hamilton se engalfinhava com as duas Force India. Raikkonen perdeu posição para Grosjean e logo retomou a posição do francês, enquanto Hamilton passava a dupla da Force India e Grosjean, subindo para quinto. E foi mais ou menos isso. Com pneus ultramacios, Bottas foi soberano num primeiro stint incrivelmente longo com os pneus mais macios do final de semana. Vettel chegou a ficar 9s atrás do piloto da Mercedes, enquanto Ricciardo fazia uma ótima corrida e estava apenas 4s atrás de Vettel, mas correndo isolado. Mais atrás, a única briga era entre Raikkonen e Hamilton. Zeltweg tem uma pista rápida, mas de fácil defesa de posição. Valtteri Bottas não precisava se defender de ninguém e liderava soberano, mas logo a foco dos pilotos e engenheiros caiu sobre os pneus. Teoricamente a pista austríaca tinha aderência o suficiente para que os pilotos corressem sem pensar muito em poupar pneus, mas bolhas apareceram na borracha de todos os carros. Apesar de tudo, a corrida parecia no controle de Bottas, mas com pneus supermacios, o finlandês pareceu sofrer mais do que com os pneus mais moles do dia e havia uma faixa escura no pneu traseira esquerdo de Bottas, que o fez perder rendimento nas últimas voltas e Vettel encostou nas duas últimas voltas. Como foi dito, apesar de rápido, Zeltweg é um circuito de fácil defesa e Bottas segurou os ataques de Vettel para vencer novamente, apesar da sensação de que houvesse mais uma volta, o piloto da Mercedes não teria tantas condições de segurar Vettel. Quando conquistou a pole, Bottas se colocou como favorito à vitória e o finlandês confirmou a expectativa, apesar do aperto no final. Hamilton sofreu mais com as bolhas nos pneus, foi o primeiro a parar, mesmo com os pneus supermacios, mas deu um show na reta final da corrida. Com seus pneus ultramacios já desgastados e cheio de bolhas, o inglês bateu o recorde da pista várias vezes até encostar em Ricciardo. Lewis tentou, usou a potência superior do seu motor, mas Daniel manteve o pódio, frustrando o objetivo de Hamilton, que era conseguir um pódio e diminuir o prejuízo no campeonato. Com Bottas vencendo novamente, Hamilton tem menos pontos de vantagem para Bottas do que de desvantagem para Vettel, deixando a Mercedes com dois pilotos na briga pelo título, mas na difícil situação de não ter muito o que escolher numa ordem de equipe que pode acontecer a qualquer momento no campeonato.

Mesmo tendo a vitória ao seu alcance no final da corrida, Vettel não tem muito do que reclamar. Na verdade, ele reclamou bastante da largada de Bottas, que num primeiro momento parecia ter queimado a largada, mas ficou claro que o finlandês conseguiu uma saída de sonho. Porém, pensando no campeonato, Vettel sai mais do que satisfeito com sua vantagem após duas corridas onde a Mercedes estava superior à Ferrari e ainda assim Vettel aumentou sua diferença sobre Hamilton na ponta. Contudo, a Ferrari tem que abrir o olho, pois é nítido que hoje a Mercedes está à frente na briga entre as duas. Se a Mercedes hoje tem dois pilotos em plenas condições de vencer, a Ferrari tem apenas Vettel para contar na briga pela vitória. Raikkonen segurou bem Hamilton, mas com pneus bem melhores do que o inglês, foi incapaz de se aproximar de Lewis na metade final da corrida, mostrando bem a apatia de Kimi em sua posição dentro da Ferrari. Prestes a completar 38 anos, Raikkonen vai caminhando para se transformar num ex-piloto em atividade. O que não é o caso de Daniel Ricciardo. A Red Bull queria subir ao pódio correndo na pista de propriedade do patrão e uma bela largada do australiano o colocou em terceiro, que no maior momento da corrida Daniel correu solitariamente, mas ele e Red Bull não contavam com a genialidade de Hamilton e mesmo o inglês com várias bolhas nos pneus, foi para cima de Ricciardo, que conta com um motor bem menos potente do que Lewis. As últimas voltas foram dramáticas para Ricciardo, para o australiano segurou bem o rojão e subiu ao pódio pela quinta corrida consecutiva, ultrapassando um apagado Raikkonen no campeonato e marcando mais do que o dobro de pontos do badalado Max Verstappen. A corrida do holandês foi estragada por Kvyat, onde Max não teve culpa, mas sua sequência de cinco abandonos em sete corridas já chama a atenção e deixa o jovem holandês ainda mais ansioso.

No meio do pelotão, Romain Grosjean surpreendeu e foi sexto colocado, sendo o melhor do resto. Dono de uma boa largada, o piloto da Haas chegou a correr em quarto, mas não teve como segurar Raikkonen e Hamilton, mas o francês ficou confortavelmente na frente dos dois carros da Force India para conseguir o melhor resultado da equipe no ano, consolidando a Haas como uma das equipes fortes do meio do pelotão, mesmo perdendo Magnussen quando o danês brigava com Stroll para entrar na zona de pontuação. Desta vez sem brigas ou toques, a Force India marcou pontos com seus dois pilotos, com Pérez à frente de Ocon. A Williams capitalizou a loucura de Kvyat e na primeira curva já tinha Massa em nono e Stroll em décimo, cada um ganhando oito posições. Massa largou com pneus macios, os mais duros do final de semana e foi o último a parar. Com os pneus ultramacios, o brasileiro logo encostou em Ocon, mas como sempre tinha alguém colocando voltas na dupla, Massa perdeu o melhor rendimento dos pneus e as bolhas não tardaram a aparecer, mas os pontos conquistados após largar tão atrás não fez Felipe se lamentar muito, o mesmo acontecendo com Stroll, que marcou ponto pela terceira corrida consecutiva e os erros do novato realmente diminuíram bastante. Era esperado que a Renault estivesse forte na briga do pelotão intermediário, mas os carros franceses estão ficando para trás e não pontuaram, com Hulkenberg pegando as sobras do incidente da primeira curva. Com Alonso atingido na primeira curva, Vandoorne era a esperança da McLaren, mas o belga teve suas chances de pontuar praticamente terminadas quando foi punido ao não facilitar para Raikkonen o colocar uma volta. A Sauber teve sua corrida medíocre de sempre, mas Wehrlein mostrou mais uma vez que é bem mais piloto do que Ericsson, ao largar dos boxes e ainda chegar na frente do fraco sueco. Já a Toro Rosso teve uma corrida para esquecer. Sainz abandonou e Kvyat foi o trapalhão do dia, ao ser otimista demais na largada e fazer um boliche, nas palavras de Alonso, em cima do espanhol e de Verstappen. O russo, rápido, vai se mostrando um piloto sem evolução e Pierre Gasly já está se aquecendo na beira do campo...

Foi uma corrida sem graça na maior parte do tempo, principalmente por que a chuva não deu as caras, mas em corridas, é sempre bom esperar até o final e as cinco últimas voltas foram as melhores da prova, trazendo uma emoção até inesperada com briga pela vitória e pelo último lugar do pódio. O imponderável (as bolhas nos pneus) fez com que uma corrida chata se tornasse emocionante. Essa é a magia da F1 e do esporte a motor. Bottas venceu merecidamente após dominar a corrida inteira, mas Vettel sorriu ainda mais, junto com Ricciardo, que foi o que mais vibrou. Porém, semana que vem teremos Silverstone. Território de Hamilton, mordido por ter perdido duas vitórias que pareciam suas pelas circunstâncias.  

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