sábado, 8 de outubro de 2016

História: 10 anos do Grande Prêmio do Japão de 2006

Uma semana depois da belíssima vitória de Michael Schumacher na China, a F1 teria pouco tempo para degustar a ótima temporada de dez anos atrás e já partia para o Japão e a mítica pista de Suzuka, palco de tantas finais de campeonato e podendo ver mais uma vez um campeão ser decidido por lá. As chances eram mínimas, mas Schumacher teria o seu primeiro match-point em Suzuka com relação à Alonso, mesmo o alemão ter passado quase dois anos sem saber o que era liderar um campeonato, algo que fez tantas vezes na carreira. Schumacher e Alonso sabiam que a ajuda dos seus companheiros de equipe seria essencial em Suzuka para conseguir pontos importantes no campeonato e por isso, Massa e Fisichella seriam peças importantes no intricado tabuleiro da temporada 2006.

Massa fez bem seu papel ao andar no ritmo de Schumacher em todo o final de semana japonês, ficando com a pole mais uma vez, mas todos sabiam em Suzuka que Felipe não ficaria muito tempo nessa posição. Correndo no quintal do vizinho, já que Suzuka pertence à Honda, a Toyota fez um bom trabalho ao colocar seus dois carros na segunda fila, com Ralf Schumacher superando Trulli, numa das poucas vezes em que isso aconteceu, mas isso era importante para Michael, que teria outro escudo entre ele e Alonso. Totalmente fora de ritmo em comparação à Ferrari, a Renault ainda salvou uma terceira fila, com Alonso em quinto, mas assustadores oito décimos mais lento do que a Ferrari. Com os italianos tendo um bom final de semana, Alonso teria que se virar para conseguir se manter com boas chances no campeonato.

Grid:
1) Massa (Ferrari) - 1:29.599
2) M.Schumacher (Ferrari) - 1:29.711
3) R.Schumacher (Toyota) - 1:29.989
4) Trulli (Toyota) - 1:30.039
5) Alonso (Renault) - 1:30.371
6) Fisichella (Renault) - 1:30.599
7) Button (Honda) - 1:30.992
8) Barrichello (Honda) - 1:31.478
9) Heidfeld (BMW) - 1:31.513
10) Rosberg (Williams) - 1:31.856

O dia 8 de outubro de 2006 estava quente e ensolarado em Suzuka, com condições ideais para uma corrida de F1. Com a vitória em Xangai e a primeira fila em Suzuka, Schumacher estava com tudo a seu favor para conseguir seu oitavo título, enquanto Alonso teria que se livrar rapidamente das Toyotas se quisesse ter alguma chance, mesmo a Renault não tendo mostrado um bom desempenho ao longo do final de semana. A largada foi limpa, mas Alonso mostrava suas credenciais ao tomar rapidamente o quarto lugar de Trulli, enquanto Fisichella caía para sétimo lugar, ficando atrás de Button. O italiano da Renault, inicialmente, não poderia ajudar seu companheiro de equipe.

Para evitar a repetição do evento em Istambul, quando a Ferrari esperou a primeira parada para efetuar a troca de posições dos seus pilotos, Michael Schumacher assumiu a primeira posição logo na segunda volta, enquanto Alonso tinha dificuldades em se aproximar de Ralf Schumacher, andando muito forte com seu Renault. Fisichella recuperou sua posição de Button, enquanto Rubens Barrichello ia aos boxes trocar o bico do seu carro, após incidente com Nick Heidfeld. Mostrando o porquê da Toyota ter ficado tão bem colocada no grid, Trulli foi aos boxes ainda na volta 12, indicando que pararia uma vez mais do que os outros, enquanto Alonso ultrapassava Ralf Schumacher na passagem seguinte na reta dos boxes. A Toyota não tinha o mesmo ritmo de corrida em comparação a classificação e cairiam ainda mais de posição. Num ritmo alucinante, Alonso aumentou seu ritmo e encostava em Schumacher, já que Massa já havia parado. Quando já tinha Schumacher em sua alça de mira, Alonso fez sua primeira parada, mas o espanhol saiu na frente de Massa, deixando o campo livre para uma batalha mano a mano com Schumacher.

Alonso estava fazendo uma corrida esplêndida e superava a inferioridade do seu Renault no braço, andando próximo da Ferrari de Schumacher e 3s na frente de Massa, que não acompanhava os dois campeões. Raikkonen, que largou numa decepcionante 11º posição, foi o último a parar e pulou para oitavo, mostrando que dificilmente repetiria sua antológica atuação do ano anterior, quando saiu de 17º para a liderança. Décimo a décimo, Alonso se aproximava de Schumacher, mas o alemão parecia ter a corrida sob controle. Fisichella fez sua segunda parada e voltou na frente dos Toyotas, que estavam sem um bom ritmo de corrida e já apareciam em sétimo e oitavo. Michael, Alonso e Massa fizeram suas segundas paradas e mesmo com Alonso ligeiramente mais próximo, essa parecia ter sido a última chance de Alonso efetivamente atacar Schumacher. Tudo parecia bastante tranquilo para Michael, mas incrivelmente o alemão sofreu uma quebra de motor, com direito a muita fumaça, entregando a liderança para Alonso. Era a primeira quebra de motor da Ferrari em seis anos e ela veio no pior momento possível. Assim como aconteceu com Lewis Hamilton na semana passada na Malásia, o mundo ficou estupefato com a quebra do motor de Schumacher, que voltou aos boxes a pé, onde cumprimentou seus mecânicos e acenou para o público. Schumacher sabia que sua chance de título tinha, literalmente, virado fumaça.

A corrida efetivamente acabou no momento em que Schumacher encostou sua Ferrari ao lado da pista. A única grande movimentação foi Raikkonen ter feito sua segunda e última parada com doze voltas para o fim e ter voltado na frente dos Toyotas, para ser quinto. Alonso tinha feito uma corrida magnífica, onde se esforçou ao máximo para poder capitalizar o azar de Schumacher e vencer em Suzuka. O segundo lugar de Massa teve um sabor amargo para a Ferrari, mas o brasileiro iria para a sua corrida caseira em Interlagos com boas chances. No pódio, o terceiro colocado Fisichella chorou bastante e o italiano explicou que seu melhor amigo tinha acabado de falecer, com Fisichella dedicando sua corrida à memória do seu amigo. Correndo em casa, Button assegurou um bom quarto lugar para a Honda, com Raikkonen pulando de 11º no grid para quinto na corrida, superando os dois carros da Toyota, que não puderam emular o ritmo na classificação. Suzuka não foi palco da decisão do título de 2006, mas viu a história ser escrita mais uma vez, com Alonso saindo do buraco para chegar à Interlagos praticamente com o bicampeonato nas mãos. Com dez pontos de vantagem sobre Schumacher, bastava ao espanhol uma oitava posição para se sagrar campeão, enquanto que para Schumacher, só a vitória interessava. Uma verdadeira luta de titãs, que foi praticamente decidida em Suzuka.

Chegada:
1) Alonso
2) Massa
3) Fisichella
4) Button
5) Raikkonen
6) Trulli
7) R.Schumacher
8) Heidfeld 

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