terça-feira, 4 de outubro de 2016

História: 40 anos do Grande Prêmio do Canadá de 1976

Antes da F1 chegar à Mosport Park, McLaren e Ferrari se digladiaram fortemente, mas fora das pistas. A Ferrari acusava a McLaren de ter vencido em Brands Hatch de forma irregular com James Hunt, pois o inglês não completou uma volta completa após a bandeira vermelha. Os italianos ainda reivindicavam a vitória na Espanha, quando Hunt venceu com uma asa traseira mais larga, foi desclassificado, mas a vitória voltou para as mãos do inglês. Cercado por advogados, Teddy Mayer (McLaren) e Daniele Audetto (Ferrari) lutaram bravamente, mas a vitória parcial foi da Ferrari. Enquanto a vitória de Hunt em Jarama foi confirmada, James acabou desclassificado da sua corrida caseira, fazendo com que Lauda conseguisse mais doze pontos com relação a Hunt no campeonato. Conta a lenda que Hunt, sabendo que suas chances eram mínimas naquele momento, farreou adoidado em Toronto, cidade próxima do criticado circuito canadense de Mosport Park, considerado velho e inseguro.

Lauda estava ainda melhor preparado para a corrida no Canadá, mas suas cicatrizes ainda estavam bem presentes e mesmo tendo chances matemáticas de confirmar o título com antecedência, Lauda disse que não forçaria essa situação numa pista tão insegura. Mesmo abatido pela derrota fora das pistas (ou não...), Hunt dominou os treinos no Canadá, batendo o recorde da pista cinco vezes para conquistar sua sétima pole em 1976. Vencedor em Monza, Peterson ficou em segundo lugar, à frente de Brambilla. Depailler era quarto, apesar de um erro de sua equipe, que em certo momento anunciou que o francês tinha conseguido o segundo tempo. Andretti e Lauda partilharam a terceira fila, com Scheckter em sétimo à frente da terceira March de Stuck. Durante os treinos Chris Amon e Harald Ertl bateram muito forte, fazendo com que o austríaco abandonasse o final de semana por conta de uma dor nas costas. Quanto à Amon, ele machucou as pernas e também não correu. Esta era a quarta lesão de Amon em menos de um ano e aos 33 anos, ele deixou a Fórmula 1 sem nunca sido capaz de ganhar uma corrida.

Grid:
1) Hunt (McLaren) - 1:12.389
2) Peterson (March) - 1:12.783
3) Brambilla (March) - 1:12.799
4) Depailler (Tyrrell) - 1:12.837
5) Andretti (Lotus) - 1:13.028
6) Lauda (Ferrari) - 1:13.060
7) Scheckter (Tyrrell) - 1:13.191
8) Stuck (March) - 1:13.322
9) Laffite (Ligier) - 1:13.425
10) Pace (Brabham) - 1:13.438

O dia 3 de Outubro de 1976 amanheceu com muito sol em Mosport Park, numa cena rara naquela região do globo, ainda mais com o final do ano se aproximando no Canadá, o que é sempre garantia de tempo ruim, mas estava frio naquele dia de outono no Canadá. Antes da largada, o carro de Gunnar Nilsson tem problemas e o sueco tem que largar no final do grid, mas o seu compatriota Peterson tem uma sorte diferente e na primeira bandeirada do dia, o sueco fica à frente de Hunt, enquanto Depailler e Andretti, que largaram melhor do que Brambilla, contornam a primeira curva lado a lado, com vantagem para o francês, que subiu para terceiro.

Depailler teve sorte em se livrar de Andretti e Brambilla, pois o ítalo-americano não consegue imprimir o mesmo ritmo dos líderes e com isso, os três primeiros já abriam vantagem sobre os demais. Scheckter força o ritmo e após ultrapassar Brambilla, parte para cima de Andretti, que aumenta o passo e encosta no trio que liderava. Vendo a aproximação de mais carros na briga pela vitória, Hunt começa a aumentar os ataques em cima de Peterson e finalmente assume a primeira posição na volta 9. Peterson segurava claramente o ritmo dos demais, enquanto fazia um favor para Hunt, que se aproveitava para abrir na ponta, mas ao mesmo tempo, o tampão que se transformou Peterson permitiu a um até então discreto Lauda se aproximar do pelotão da frente para tomar a sexta posição de Brambilla. Quando Depailler deixa Peterson para trás na volta 13, imediatamente o sueco passou a ser atacado por Andretti e Scheckter, com ambos ultrapassando Peterson nas voltas seguinte. O piloto da March tinha problemas nos pneus e logo foi ultrapassado por Lauda, que fazia uma corrida cautelosa e pensando apenas em marcar pontos, enquanto que para Hunt, só a vitória interessava e o inglês já abria 4s em cima de Depailler.

Desafeto de Hunt, Depailler não se importava nem um pouco em atrapalhar o inglês e quando a McLaren passa a sair de frente em algumas curvas, o francês paulatinamente se aproximou de Hunt. Quando os líderes se aproximaram de retardatários, a situação de Hunt piorou, com Depailler colando definitivamente na McLaren, enquanto Andretti já vinha 5s atrás. Hunt lutava com sua McLaren, enquanto segurava a pressão de Depailler pela liderança. Outra briga estava acontecendo entre Andretti e Scheckter, mas o desmotivado sul-africano, de saída da Tyrrell, não impunha uma pressão tão forte quanto Depailler fazia em Hunt, mas o francês não conseguia achar uma abertura para assumir a ponta, mesmo claramente tendo mais carro. Andando num solitário quinto lugar, Lauda passa a ter problemas de dirigibilidade e diminui o ritmo, permitindo a aproximação de Mass e Regazzoni. Companheiro de equipe de Hunt na McLaren, Mass não esperou muito para efetuar a ultrapassagem, relegando Lauda ao sexto lugar, mas Regazzoni seria uma espécie de escudeiro para o companheiro de equipe. 

Lá na frente, Patrick Depailler marcava a melhor volta da corrida e tinha a vitória nas mãos, o que seria a sua primeira na F1, pois Hunt não arriscaria pontos preciosos em suas escassas chances de título numa batida besta. Foi então que o destino entrou em questão e Hunt pode respirar mais aliviado nas voltas finais, o mesmo não acontecendo com Depailler. Faltando menos de vinte voltas para o fim da prova, um tubo de gasolina do Tyrrell do francês se partiu e combustível começou a vazar nas costas de Depailler. Pior do que o desconforto, era que o cheiro forte de gasolina fazia Depailler ficar cada vez mais tonto e desconcentrado, fazendo o francês diminuir o ritmo e, ninguém sabe como, permanecer na corrida. Para melhorar as coisas para Hunt, o ritmo de Lauda era tão lento, que Regazzoni tem que ultrapassar o austríaco para não ser passado por Pace e com isso, Niki caía para oitavo, saindo dos pontos. Enquanto Hunt liderava com alguma folga, Depailler perdia rendimento, mas a sua sorte era que Andretti estava 10s atrás. Em tempos onde não havia rádio, a Tyrrell não sabia do sofrimento do seu piloto e a Lotus não podia avisar Andretti para aumentar seu ritmo e buscar o francês. No entanto, a corrida se manteve nessa situação e Hunt venceu pela quinta vez na temporada, diminuindo seu prejuízo fora das pistas. Logo após cruzar a bandeirada, Depailler encostou seu Tyrrell e desabou. Ele fez a última volta da corrida praticamente desmaiado e não conseguia abrir o olho esquerdo por várias voltas. O francês foi levado para o hospital, onde recobrou os sentidos e por sorte suas queimaduras nas costas eram apenas superficiais. Apenas Hunt e Andretti subiram ao pódio, enquanto a Ferrari constatava que o problema de Lauda era uma suspensão dianteira quebrada. Era um verdadeiro milagre Lauda ter completado a corrida! Porém, Hunt estava nove pontos mais próximo, com duas corridas para fim.

Chegada:
1) Hunt
2) Depailler
3) Andretti
4) Scheckter
5) Mass
6) Regazzoni 

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