quarta-feira, 4 de julho de 2018

História: 25 anos do Grande Prêmio da França de 1993

Nos bastidores da F1, as coisas estavam mais quentes do que o clima de verão na Europa. Antes da corrida na França Max Mosley foi eleito presidente da FIA com as bençãos de Bernie Ecclestone, acabando com o longo reinado de Jean-Marie Balestre, que não se candidatou a reeleição, acreditando que poderia colocar qualquer um no lugar, mas não foi o caso. Mosley foi praticamente aclamado como presidente da FIA e uma de suas primeiras ações foi fundir a FIA e a FISA (no qual Mosley já era presidente). Mosley estava numa luta aberta com as grandes equipes para acabar com as ajudas eletrônicas nos carros, como a suspensão ativa e o câmbio semi-automático. Um documento mostrado em Montreal dizia que doze equipes estavam ilegais e que somente a Scuderia Itália estava dentro do regulamento. Esse seria apenas o primeiro abacaxi que Mosley teria que descascar, além da primeira briga com os poderosos da F1, que ganharia um novo integrante. Na França Jean Todt faria sua estreia na Ferrari como novo diretor da equipe de Maranello. Vindo de uma experiência vitoriosa com a Peugeot (nos ralis e no Endurance), Todt chegava com a missão de voltar a fazer da Ferrari uma equipe campeã, acabando com a bagunça reinante.

Após os sustos iniciais, a Williams-Renault começava a mostrar o domínio que dela se esperava naquela temporada, mas a classificação em Magny-Cours não deixava de ser uma surpresa. Damon Hill conseguia sua primeira pole na F1, superando por muito pouco Prost, grande dominador nas poles em 1993. A diferença entre a Williams era brutal, com o terceiro colocado já quase 2s atrás. E era outra surpresa. A Ligier tinha sua sede praticamente dentro do circuito de Magny-Cours e sempre que podia, testava na pista francesa. Com amplo conhecimento da pista, os ingleses com nome de dupla sertaneja Brundle & Blundell dominaram a segunda fila, com os motores Renault ficando com as quatro primeiras posições. Senna era apenas quinto, seguido por Alesi, Schumacher e o jovem Rubens Barrichello.

Grid:
1) Hill (Williams) - 1:14.382
2) Prost (Williams) - 1:14.524
3) Brundle (Ligier) - 1:16.169
4) Blundell (Ligier) - 1:16.203
5) Senna (McLaren) - 1:16.264
6) Alesi (Ferrari) - 1:16.662
7) Schumacher (Benetton) - 1:16.720
8) Barrichello (Jordan) - 1:17.168
9) Comas (Larrousse) - 1:17.170
10) Alliot (Larrousse) - 1:17.190

O dia 4 de julho de 1993 estava ensolarado na região de Nevers e o circuito de Magny-Cours estava pronto para receber a F1 pela terceira vez, ainda sem conquistar os pilotos e equipes por causa de sua localização remota, apesar do bom público no circuito, prontos para ver Prost e os motores Renault dominarem a prova. Havia a expectativa de como Damon Hill se sairia largando pela primeira vez na vida na pole, mas o inglês se comportou muito bem numa largada sem nenhum incidente ou troca de posição no pelotão dianteiro.

Da mesma forma como acontecera na classificação, a Williams mantinha um ritmo avassalador também na corrida. Em apenas cinco voltas o terceiro colocado Brundle já estava 9s atrás de Hill, com Prost apenas escoltando o inglês. No ano anterior Senna e Schumacher bateram no hairpin e por pouco as coisas esquentaram ainda mais entre os dois. Em 1993 Senna errou no mesmo local e Schumacher tentou a ultrapassagem, mas o brasileiro segurou a posição, com ambos 12s atrás dos líderes. Ukyo Katayama estava enfrentando vários problemas no começo da prova e na nova volta ele estava para tomar uma volta dos líderes quando atrapalhou Hill, fazendo com que Prost colasse de vez no companheiro de equipe. Bem menos experiente, Hill tinha maiores dificuldades com os retardatários, mesmo Prost sendo conhecido pela cautela nessas situações. Na volta 21, pressionado por Senna e Schumacher, além de atrapalhado por Andrea de Cesaris, Mark Blundell perdeu o controle do seu Ligier e roda na curva Estoril, abandonando a corrida.

Senna e Schumacher param na volta 27, fazendo bons pit-stops e permanecendo nas mesmas posições. Hill para na volta seguinte e é atrapalhado por Aguri Suzuki e Michael Andretti, brigando pela sétima posição. Quando sai dos pits, Hill ainda estava atrás de Andretti e os dois ainda foram atrasados por Karl Wendlinger na volta à pista. Correndo sozinho na frente, Prost fez o seu dever de casa, andou muito nessas duas voltas, parou na volta 29 e retornou à pista bem na frente de Hill. Brundle, Senna e Schumacher andavam relativamente próximos, mas sem se atacarem e mais de 30s atrás dos carros da Williams. Barrichello era um solitário sexto colocado, um minuto atrasado. Prost nunca aumentou sua vantagem para mais de 2s, mesmo Hill quase batendo em Alesi quando colocava uma volta na Ferrari, que depois abandonaria. Uma estreia nada auspiciosa de Todt. Brundle para pela segunda vez e entrega a terceira posição para Senna, que foi atrapalhado por De Cesaris e ficou na alça de mira de Schumacher. Bem mais rápido do que o brasileiro, Schumacher efetua a ultrapassagem na volta 65. Senna ainda foi alcançado por Brundle, mais rápido com pneus novos, mas a aproximação aconteceu tarde demais e o piloto da McLaren conseguiu manter sua posição. Na última volta, Barrichello foi abrir passagem para um pressionado Senna e acabou ultrapassado por Andretti, perdendo a sexta posição em que passou a corrida inteira. Ao chegar aos boxes, Rubens levou um carão de Eddie Jordan pelo erro. Prost venceu em casa sem maiores arroubos, com Hill ficando tranquilamente em segundo na primeira dobradinha da Williams em 1993. O que não deixava de ser um surpresa pelo domínio que a equipe imprimia naquele ano. Depois da bandeirada, Prost pegou uma bandeira da França, numa cena que marcava muito mais seu rival, e desfilou por Magny-Cours. Esta seria a última vitória de Alain Prost na frente do seu público. E ele parecia saber disso!

Chegada:
1) Prost
2) Hill
3) Schumacher
4) Senna
5) Brundle
6) Andretti

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