terça-feira, 24 de julho de 2018

História: 25 anos do Grande Prêmio da Alemanha de 1993

Desde o título de Nigel Mansell no ano anterior, a F1 vivia um drama com o domínio avassalador da Williams e seu carro com uma tecnologia embarcada nunca antes vista. Muitos criticavam a F1 de que a eletrônica estava se tornando mais importante do que o piloto e não haviam dúvidas de que a Williams era a equipe que melhor dominava a eletrônica. E por isso dominava a F1. O recém-empossado presidente da FIA Max Mosley impôs uma ordem em que proibia a suspensão ativa com efeito para a corrida seguinte à Alemanha, na Hungria. Por trás de toda essa confusão, o presidente da Ferrari Luca di Montezemolo pressionava a FIA para acabar com as ajudas eletrônicas unicamente porque a Ferrari ainda não dominava esse quesito, bem ao contrário das equipes inglesas, que ficaram furiosas com decisão de Mosley. Advogado astuto, Mosley anunciou poucos dias antes da corrida alemã que se houvesse unanimidade, essa decisão não valeria. Bernie Ecclestone reuniu os chefes de equipe e decidiu-se que as ajudas eletrônicas permaneceriam até o final do ano, mas em 1994 elas seriam proibidas.

Com tanta confusão fora da pista, quase que o público que acompanhava a F1 se esqueceu que haveria uma corrida no tradicional palco de Hockenheim. Demonstrando o porquê tanta preocupação com a competitividade da F1 de vinte e cinco anos atrás, a Williams marcou mais uma dobradinha, Prost marcando sua nona pole, com o terceiro colocado Schumacher quase 1s atrás. Senna completava a segunda fila. A Ligier demonstrava a força do motor Renault num circuito onde a potência era tudo ao ficar com a terceira fila.

Grid:
1) Prost (Williams) - 1:38.748
2) Hill (Williams) - 1:38.905
3) Schumacher (Benetton) - 1:39.580
4) Senna (McLaren) - 1:39.616
5) Blundell (Ligier) - 1:40.135
6) Brundle (Ligier) - 1:40.855
7) Patrese (Benetton) - 1:41.101
8) Suzuki (Footwork) - 1:41.138
9) Berger (Ferrari) - 1:41.242
10) Alesi (Ferrari) - 1:41.304

O dia 25 de julho de 1993 amanheceu chuvoso em Hockenheim, mas logo o clima mudaria e a corrida seria realizada debaixo de muito sol e calor. No warm-up, ainda com pista molhada, o veterano Derek Warwick sofreu um acidente assustador quando tocou em Badoer e capotou seu Footwork. Os pilotos da Ferrari foram ajudar o inglês, que aparentemente estava bem, mesmo que demorasse a sair do seu carro. Os médicos aconselharam Warwick ficar de fora da prova, mas o inglês largou mesmo assim. Nas arquibancadas, o público alemão lotou Hockenheim com uma única esperança: ver Schumacher vencer. Conta a lenda que Bernie Ecclestone sempre sonhou que um grande piloto alemão surgisse e Schumacher parecia ser o sonho de Bernie se tornando realidade. Como já estava virando tradição em 1993, Prost largou muito mal e foi ultrapassado por Hill e Schumacher. Senna colocou por dentro, mas Prost resistiu. Os dois gênios cruzaram a primeira reta lado a lado, com Prost tendo a preferência na freada. Senna ainda tenta uma manobra, mas acaba se dando mal.

O brasileiro roda e fica vendo todo o grid passar por ele, felizmente sem atingi-lo. Porém, Senna teria que fazer uma corrida de recuperação vindo de último. Na segunda chicane, Brundle perde a freada e quase bate em Prost, que mostrou grande reflexo em evitar o acidente e ainda manter sua terceira posição, enquanto Brundle e Blundell vinham logo a seguir. Rapidamente Prost encosta em Schumacher, efetuando a ultrapassagem na sexta volta, enquanto Michael Andretti toca em Berger e abandona. Com problemas no freio, Hill não é páreo para Prost e é ultrapassado pelo companheiro de equipe ainda na oitava volta, enquanto Senna não precisou mais do que dez voltas para subir para a oitava posição! O corte da segunda chicane curta à Prost e Brundle uma discutida punição, que ambos vão cumprir logo em seguida. O comentário geral era que a FIA queria manter o campeonato aberto de forma artificial. Depois da corrida, Prost estava furioso com a sua punição! Hill liderava à frente de Schumacher, que perseguia o inglês de perto, aumentando as esperanças de um milagre em sua casa.

Prost voltava de sua punição em sexto e imediatamente atropela seus adversários em ultrapassagens até fáceis, enquanto Senna parava sua recuperação atrás do sétimo colocado Berger. Na volta 17 Schumacher frita seu pneu e para evitar maiores problemas, o alemão antecipa seu pit-stop, retornando à corrida em quarto, mas logo ultrapassando Blundell para ficar em terceiro. Prost já era segundo, mas 22s atrás de Hill, que apenas controlava sua liderança. Blundell faz sua parada e volta atrás de Berger, iniciando uma espetacular briga por posição, com ambos trocando várias vezes de posição numa luta de tirar o fôlego! Quando Blundell finalmente se estabelece na frente de Berger, o austríaco acabou alcançado e ultrapassado por Senna. Com pneus mais novos, Blundell neutraliza qualquer ataque de Senna, enquanto Schumacher faz sua segunda parada e marca a volta mais rápida da corrida logo em seguida. Porém, a corrida fica estática em seu final e parecia que finalmente Damon Hill venceria na F1. Quando faltavam duas voltas para o fim, Hill apareceu com o pneu traseiro esquerdo estourado. Para piorar, o pneu estourou ainda no início da volta de um circuito com mais de seis quilômetros de extensão. Um golpe cruel para Hill, que viu Prost assumir a ponta no final, com Schumacher entusiasmando o público alemão com o seu segundo lugar. Blundell subiu ao pódio pela segunda vez em 1993 e Senna teve um problema no pneu nas voltas finais, mas ao contrário de Hill, o problema de manifestou um pouco antes da entrada do boxe. Ayrton ainda salvou um bom quarto lugar, na frente de Patrese e Berger. Era a quarta vitória consecutiva de Alain Prost em 1993 e a sua 51º na carreira. O que ninguém poderia imaginar era que seria também a última vitória do Professor na F1. 

Chegada:
1) Prost
2) Schumacher
3) Blundell
4) Senna
5) Patrese
6) Berger

Nenhum comentário:

Postar um comentário