sexta-feira, 20 de julho de 2018

História: 15 anos do Grande Prêmio da Inglaterra de 2003

Michael Schumacher voltava aos tempos de quando a Ferrari não tinha o melhor carro, quinze anos atrás. Como nos tempos em que corria atrás de Williams e McLaren, o alemão viu a Ferrari perder a vantagem que tinha em 2003 muito pelos pneus Michelin, mais adaptados ao forte calor daquele ano, dando a McLaren e, principalmente, a Williams uma vantagem sobre a Ferrari. Vindo de duas vitórias, a Williams era a grande favorita para o final de semana em Silverstone, mas a Ferrari contava com a notória instabilidade do clima inglês para a Bridgestone poder ter alguma vantagem sobre a rival Michelin.

Numa classificação realizada sobre clima ameno, a Ferrari conseguiu superar suas rivais e ficou com a pole, mas os italianos tiveram a sensação de que conseguiu a posição de honra com o piloto 'errado'. Rubens Barrichello, conhecedor de Silverstone desde seus tempos na F3 Inglesa, conseguiu uma emocionante pole, superando por muito pouco Jarno Trulli. Na segunda fila vinha os dois pilotos que dominaram as duas corridas anteriores, Ralf e Kimi. Quatro equipes diferentes nas quatro primeiras posições, numa demonstração do bom equilíbrio do campeonato de 2003, enquanto Michael Schumacher era apenas quinto, mais de meio segundo atrás do seu companheiro de equipe, numa cena rara de se ver. O Brasil teve uma boa classificação, com seus três pilotos ocupando posições no top-10, com um ameaçado Antonio Pizzônia conseguindo um décimo lugar.

Grid:
1) Barrichello (Ferrari) - 1:21.209
2) Trulli (Renault) - 1:21.381
3) Raikkonen (McLaren) - 1:21.695
4) R.Schumacher (Williams) - 1:21.717
5) M.Schumacher (Ferrari) - 1:21.867
6) Da Matta (Toyota) - 1:22.081
7) Montoya (Williams) - 1:22.214
8) Alonso (Renault) - 1:22.404
9) Villeneuve (BAR) - 1:22.591
10) Pizzônia (Jaguar) - 1:22.634

O dia 20 de julho de 2003 amanheceu com um clima ameno em Silverstone, fazendo com que a torcida inglesa lotasse o circuito, mesmo com o anfitrião Jenson Button largando em último. A Renault já tinha mostrado ter uma eletrônica muito superior às demais e isso afetava positivamente as largadas dos seus pilotos, fazendo com que a perca da pole de Barrichello por Trulli fosse favas contadas na largada. No apagar das luzes vermelhas, sem nenhuma surpresa, Trulli assumiu a ponta, mas Rubens não contava em ser ultrapassado também por Raikkonen. 

A corrida começou morna, com os líderes andando próximos, mas sem se atacarem. Quando todos faziam contas de quando os líderes iriam parar pela primeira vez, a proteção de cabeça de Coulthard se soltou sem aviso e os destroços ficaram espalhados no meio da pista. Eram pedaços grandes a ponto de fazer a direção de prova mandar o safety-car para a pista na volta 6. A dupla da Toyota foi ao pit fazer suas paradas, enquanto os líderes permaneceram na pista e a relargada foi dada na volta 9. Logo Barrichello mostrou que estava num bom dia ao tomar a segunda posição de Raikkonen. Foi então que a cena que marcou aquela corrida aconteceu. Na volta 13, bem no meio da reta Hangar, um homem de kilt apareceu em meio aos carros com um cartaz. Os carros passaram ao lado do maluco e os pilotos devem ter se assustado com a cena bizarra. Se tratava do padre irlandês Cornelius Horan. Devidamente agarrado e preso, o safety-car foi a pista e os líderes aproveitaram para parar, proporcionando à Cristiano da Matta liderar algumas voltas na F1 logo em sua estreia na categoria. Na confusão de vários pilotos entrando nos pits, inclusive de mesma equipes, Michael Schumacher caiu para 14º e teria que fazer uma corrida de recuperação.

Na relargada, Cristiano se manteve firme na ponta, enquanto Panis segurava o pelotão atrás de si. Entre os líderes, Raikkonen ultrapassava Trulli e depois partiu para cima de Coulthard, que se aproveitou do maluco para voltar bem à corrida depois dos consertos em seu carro. Barrichello ultrapassa Trulli, trazendo a tiracolo Montoya, que se recuperava bem, enquanto Ralf Schumacher fazia mais uma parada e caía para as última posições. A família Schumacher não estava num bom dia, pois Michael não evoluía como esperado e ficava empacado atrás de Alonso. O conto de fadas de Cristiano durou treze voltas, o tempo em que liderou até voltar aos boxes na volta 30 para a sua segunda parada. Quando Coulthard parou, Barrichello assumiu a segunda posição, já que ultrapassara três voltas antes Trulli. Montoya fazia sombra à Barrichello e também deixou Trulli para trás, enquanto o bom trabalho de Da Matta refletia na sua bela sexta posição, bem na frente de M.Schumacher. Os líderes começam a segunda rodada de paradas, com Barrichello sendo o último a parar, tentando fazer o que hoje chamamos de 'undercut' em cima de Raikkonen. Rubens quase consegue seu objetivo, mas três voltas mais tarde, numa manobra sensacional, Barrichello assume a liderança da prova.

A corrida se assentou na medida em que a dupla da Toyota e Coulthard pararam pela terceira vez. Raikkonen andava próximo de Barrichello, mas o brasileiro da Ferrari estava iluminado e nada poderia detê-lo. Andando absolutamente no limite, Kimi acabou errando e Montoya aproveita o vacilo para assumir a segunda posição. Numa corrida sem brilho, Schumacher finalmente aparece ultrapassando Trulli, mas o máximo que consegue é um quarto lugar. Mesmo largando em último, Button faz uma bela corrida e aproveitando o abandono de Alonso, entra na zona de pontuação. Outro britânico a se destacar foi Coulthard, que ultrapassou Trulli nas últimas voltas para ser quinto. Como sempre, Trulli mostrava muita velocidade em classificações, mas vacilava em ritmo de corrida. Rubens Barrichello recebeu a bandeirada para, muito provavelmente, sua melhor exibição na longa passagem que paulista teve na F1. Barrichello foi indiscutivelmente o melhor piloto do dia, mas o fato de um maluco ter entrado na pista fazia com que Rubens tivesse uma estatística engraçada: toda vez que um maluco entrava na pista, Barrichello vencia! Horan foi preso, disse que queria chamar atenção para que todos lessem a bíblia e parecia entrar no folclore do esporte mundial, sendo esquecido logo depois. Infelizmente, um ano depois Horan apareceria nos holofotes mundiais ao invadir a maratona das Olimpíadas de Atenas e atrapalhar a medalha de ouro de Vanderlei Cordeiro de Lima. Se em Silverstone o Brasil saiu vencendo, um ano depois perderia amargamente...

Chegada:
1) Barrichello
2) Montoya
3) Raikkonen
4) M.Schumacher
5) Coulthard
6) Trulli
7) Da Matta
8) Button

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