segunda-feira, 16 de julho de 2018

História: 35 anos do Grande Prêmio da Inglaterra de 1983

As cinco semanas de pausa entre a corrida no Canadá e em Silverstone fez com que as equipes tivessem bastante tempo para se preparem para iniciar a segunda metade da temporada de 1983. As três principais equipes daquele ano chegaram todas à Silverstone com novidades técnicas. A Brabham foi um pouco mais radical, mudando o lay-out do seu carro, invertendo o azul e branco do seu carro. A Lotus viu Gerard Ducarouge efetuar o pequeno milagre de projetar e construir um novo carro de F1 em cinco semanas, com o novo modelo 94T ficando pronto na segunda-feira anterior à corrida e praticamente sem ter feito nenhum teste. Porém, a grande novidade era a estreia da equipe Spirit, na verdade, um time cobaia para a estreia do novo motor Honda turbo na F1, que estava sendo testado antes da Williams assumir o motor japonês. O sueco Stefan Johansson, que corria pela Spirit na F2, também estrearia na F1 com a equipe e o motor estreante. A Honda chegou à Silverstone de forma discreta, com a Williams bastante interessada no que acontecia nos boxes da pequena equipe inglesa, pois Keke Rosberg ameaçava sair da Williams se não tivesse um motor turbo em 1984. 

E o finlandês tinha toda razão em reclamar. Os motores aspirados não tinham a mínima chance contra os motores turbo até 150 cavalos mais potentes no rápido circuito de Silverstone. Na sexta-feira a Renault foi mais forte, mas a Ferrari superou problemas de arrefecimento e Arnoux marcou a pole com a incrível média de 244,571 km/h, mais de seis décimos na frente de Tambay.  Prost ficou em terceiro, à frente de um incrível De Angelis, demonstrando a capacidade do novo Lotus. Mansell teve menos sorte. Seu carro não ficou pronto por problemas elétricos e ele largaria em 18ª com o Lotus antigo. Os dois Brabhams ficaram relegados à terceira fila, com Patrese na frente de Piquet. Rosberg usou uma asa traseira com ângulo quase zero para compensar a falta de velocidade do seu Ford V8. O bravo finlandês escorregava em todos as curvas, mas conseguiu apenas um décimo terceiro lugar, logo à frente de Johansson.

Grid:
1) Arnoux (Ferrari) - 1:09.462
2) Tambay (Ferrari) - 1:10.104
3) Prost (Renault) - 1:10.170
4) De Angelis (Lotus) - 1:10.771
5) Patrese (Brabham) - 1:10.881
6) Piquet (Brabham) - 1:10.933
7) Cheever (Renault) - 1:11.055
8) Winkelhock (ATS) - 1:11.687
9) De Cesaris (Alfa Romeo) - 1:12.150
10) Warwick (Toleman) - 1:12.528

O dia 16 de julho de 1983 amanheceu quente em Silverstone, o mesmo clima estranho aos ingleses que vinha acontecendo em todo o final de semana, numa onda de calor que fez a torcida lotar a velha base aérea. As equipes se preocupavam com os pneus e no warm-up a Michelin (Renault e Brabham) parecia ter uma clara vantagem sobre a Goodyear (Ferrari), mas a surpresa era ver Elio de Angelis liderar o aquecimento com um carro praticamente sem teste, enquanto Mansell finalmente teve seu carro pronto e largaria com ele mesmo sem conhece-lo. Na largada Tambay sai melhor do que Arnoux, com os dois pilotos da Ferrari contornando a primeira curva lado a lado, sem ninguém ceder espaço para ninguém, mas no fim foi Tambay que se sobressaiu. De Angelis largou muito mal e caiu para sétimo, enquanto Cheever ultrapassava Piquet.

As Ferraris lideravam, mas não tardou os primeiros colocados terem problemas. Logo na segunda volta De Angelis abandonou com seu Lotus pegando fogo, enquanto Cheever teve que recolher na terceira volta com um problema no motor. Os cinco primeiros andavam muito próximos, separados apenas por 6s, deixando o sexto colocado Andrea de Cesaris mais para trás. Junto à esse pelotão vinha Johansson em seu Spirit-Honda, mas a corrida do sueco durou apenas cinco voltas, com um problema na bomba de gasolina, contudo Johansson e o motor Honda mostraram um bom serviço enquanto esteve na pista. A Ferrari era muito forte nas retas, mas derrapava muito nas curvas, desgastando os pneus Goodyears e não demorou para Prost colar em Arnoux. Velhos rivais, Arnoux não cedia um centímetro para Prost. Na nona volta Patrese entrou nos boxes com o turbo quebrado, completando seu nono abandono em nove corridas! Piquet vinha apenas 2s atrás de Prost numa boa briga entre os quatro primeiros. Na volta 14, Prost surpreende Arnoux ao colocar por dentro da Copse, tomando a segunda posição do piloto da Ferrari, que logo era atacado por Piquet. Com os carros com motores aspirados muito mais lentos, os retardatários não demoraram a aparecer na frente dos líderes e na volta 19 Arnoux foi atrapalhado pela Arrows de Thierry Boutsen. Piquet viu a oportunidade perfeita para efetuar a ultrapassagem e assumir a terceira posição. Na volta seguinte, no mesmo local onde ultrapassara Arnoux, Prost assume ao ponta ao deixar Tambay para trás na Copse. Os pneus Goodyear perdiam rendimento rapidamente.

Não demorou para Piquet encostar em Tambay. Numa bela briga entre os dois, Piquet completou a ultrapassagem sobre o piloto da Ferrari na volta 31, numa audaciosa manobra na Woodcote. Nesse momento Prost tinha 13s de vantagem sobre Piquet. Os líderes fizeram suas paradas, com Piquet retardando ao máximo sua parada, só realizando seu pit-stop cinco voltas depois de Prost, mas atrapalhado por retardatários, Nelson retorna à pista 17s atrás de Prost, que começava a administrar a corrida. Mesmo com pneus mais duros, a dupla da Ferrari nada poderia fazer contra os líderes e clientes da Michelin. Para piorar, Nigel Mansell fazia uma belíssima corrida de recuperação com o seu novíssimo Lotus. O inglês vinha em quinto lugar e se aproximando de Arnoux, já 50s atrás de Prost. Após uma batalha interessante, onde Mansell quase bateu numa peça deixada pelo carro de Raul Boesel no meio da reta dos boxes, o inglês tomou o quarto lugar de Arnoux na volta 48. Tambay cuidava melhor dos seus pneus e mesmo Mansell se aproximando bastante, o francês manteve sua posição com tranquilidade. Alain Prost venceu brilhantemente seu terceiro Grande Prêmio da temporada. Piquet terminou em segundo 20s atrás do francês. Tambay completou o pódio, com Mansell marcando os primeiros pontos do novo Lotus-Renault 94T. Começando da pole, Arnoux terminou apenas em quinto depois de uma corrida muito difícil. Lauda fechou a zona de pontos e era o primeiro dos motores aspirados. Todos os carros equipados com motores V8 levaram no mínimo uma volta... Foi uma vitória da Michelin sobre a Goodyear, que sofreu bastante no surpreendente calor inglês. A torcida vibrou muito com a corrida de Mansell, que conhecera seu carro pela manhã e saíra de 18º para 4º. As posições no pódio eram as mesmas da classificação, com Prost abrindo seis pontos sobre Piquet. Porém, muita água iria rolar num dos campeonatos mais competitivos da década de 1980.

Chegada:
1) Prost
2) Piquet
3) Tambay
4) Mansell
5) Arnoux
6) Lauda

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