terça-feira, 24 de julho de 2018

História: 30 anos do Grande Prêmio da Alemanha de 1988

A vitória arrebatadora de Ayrton Senna em Silverstone debaixo de muita chuva tinha trazido algumas marcas dentro da McLaren. Enquanto Senna se enchia de ainda mais moral, Prost, que tinha decidido abandonar voluntariamente a corrida logo após tomar uma volta de Senna, foi bastante criticado na F1, mas Alain não esperava críticas tão ferrenhas de seu país e por isso quando ele chegou à Hockenheim, ele não falava com boa parte da imprensa do seu país. Dentro da pista, Prost sabia que era imperativo dar o troco em Senna após tamanha humilhação em Silverstone e o velocíssimo circuito de Hockenheim era um palco perfeito para que a McLaren continuasse a esmagar a concorrência. Outro fator era que Senna e Prost estavam empatados em número de vitórias e se Senna vencesse, pela primeira vez no ano estaria em vantagem sobre Prost no quesito vitórias, embora muitos já achavam que o melhor piloto de 1988 era mesmo Ayrton.

Como esperado, a McLaren humilhou a concorrência, com Senna conquistando mais uma pole com uma vantagem superior a 1s do primeiro carro não-McLaren. Pressionado pela boa fase do companheiro de equipe, o máximo que Prost consegue é ficar menos de três décimos de Senna. A Ferrari ficou com a segunda fila, mas seus pilotos reclamavam do alto consumo de combustível durante os treinos, enquanto Lotus e Benetton vinham logo a seguir, mas 3s atrasados ante a McLaren. Para quem reclama de falta de competitividade na atualidade, o grid em Hockenheim mostrava que trinta anos atrás havia muita qualidade no grid. Mas pouca competitividade...

Grid:
1) Senna (McLaren) - 1:44.596
2) Prost (McLaren) - 1:44.873
3) Berger (Ferrari) - 1:46.115
4) Alboreto (Ferrari) - 1:47.154
5) Piquet (Lotus) - 1:47.681
6) Nannini (Benetton) - 1:48.208
7) Capelli (March) - 1:48.703
8) Nakajima (Lotus) - 1:48.781
9) Boutsen (Benetton) - 1:48.837
10) Gugelmin (March) - 1:49.511

O dia 24 de julho de 1988 amanheceu nublado e abafado em Hockenheim, um clima bem distinto do clima ensolarado e de muito calor que marcaram os treinos. Faltando 45 minutos para a largada uma pancada de chuva deixou a pista encharcada e a direção de prova liberou os carros por 15 minutos para avaliar a pista, que estava especialmente molhada no setor da floresta. Faltando cinco minutos para a largada a chuva cessou, inspirando alguns pilotos a optarem pelos pneus slicks, dentre eles, Nelson Piquet, que estava completando dez anos de F1 naquele final de semana. O que esperava o tricampeão? "Que Senna e Prost batam na primeira volta e deixem a corrida para mim". Quando a largada foi dada, os planos de Prost e Piquet foram, literalmente, por água abaixo. Senna largou muito bem, enquanto Prost caía para quarto. Com pneus slicks numa pista muito molhada, Piquet rodou ainda na primeira volta e ao bater de traseira na barreira de pneus a sua corrida estava terminada.

Senna imprimia um ritmo fortíssimo e rapidamente abria uma bela lacuna para Berger e Nannini, que estavam separando as duas McLarens. A chuva não era tão forte como em Silverstone, mas era o suficiente para tirar Prost de sua zona de conforto. Quando a pista começou a apresentar um trilho seco, Prost melhorou seu ritmo e na volta 8 ele ultrapassou Nannini na primeira chicane. Quatro voltas depois Prost assumia a segunda posição e exatamente 12s atrás de Senna, enquanto a chuva voltava, porém, Prost se tornava o homem mais rápido na pista em sua captura pela liderança. As condições da pista estavam mistas na medida em que a corrida se aproximava de sua metade, com um trilho seco bem nítido, mas ainda com muitas poças d'água. Berger (3º) e Alboreto (5º) reduziam o seu ritmo por causa do consumo excessivo do motor Ferrari, enquanto os líderes já ultrapassavam os retardatários. 

Na volta 35 Prost rodou sozinho na saída da segunda chicane e mesmo permanecendo na pista e mantendo sua posição, seus pneus ficam danificados. Era o fim de esperança de vitória para Prost. Com sua vantagem aumentada, Senna passou a administrar sua liderança nas voltas finais. Nannini tentou um ataque sobre Berger nas voltas finais, mas o italiano tem problemas em seu Benetton e fica muito tempo parado nos boxes. O austríaco levou um grande susto quando colocava uma volta em Ghinzani e acabou com as quatro rodas na grama molhada, mas sem maiores prejuízos para Berger. Numa corrida sem maiores arroubos de emoção, Senna vencia pela quinta vez na temporada e desempatava com Prost, que recebia a bandeirada em segundo, com Berger, Alboreto, Capelli e Boutsen completando os seis primeiros. Com a temporada tendo ultrapassado sua metade, a McLaren já tinha batido o recorde de vitória em uma única temporada e estava com 100% de aproveitamento. Prost ainda liderava o campeonato, mas era Senna quem estava na liderança moral.

Chegada:
1) Senna
2) Prost
3) Berger
4) Alboreto
5) Capelli
6) Boutsen

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