domingo, 31 de julho de 2016

Botando moral

Muitas vezes um piloto precisa se sobrepor sobre o rival para colocar moral e partir rumo ao título. Nessa tarde, Simon Pagenaud fez isso e com mais essa vitória, desta vez em Mid-Ohio, o francês não apenas se estabeleceu como grande favorito ao título, como mostrou a Will Power que quer ser campeão esse ano.

A prova na tradicional e apertada pista de Mid-Ohio começou com o pole Simon Pagenaud mantendo a ponta e mostrando que tinha o melhor equipamento da tarde, abrindo em cima de Power, segundo colocado e numa crescente no campeonato. Largando apenas em 11º devido à confusão que foi classificação por causa da chuva, Scott Dixon era o piloto a ser observado, vide sua performance anterior em Mid-Ohio com cinco vitórias, inclusive uma em que largou em último. O neozelandês antecipou sua parada e começou uma briga com Helio Castroneves, que tinha feito o mesmo. Dixon colocou por dentro, lado a lado com a Penske, estava até mesmo em cima da zebra, mas o brasileiro não quis nem saber e bateu no meio do carro do neozelandês, tirando-o da prova. Na F1, Nico Rosberg foi punido por muito menos, mas a punição de Castroneves viria de outra forma, quando na relargada após a bandeira amarela provocada por ele, Helio saiu da pista, atrapalhado pela asa traseira quebrada, que precisou ser trocada e com tudo isso, o veterano piloto da Penske perdeu uma volta.

Helio era ele próprio um dos grandes beneficiados pela bandeira amarela, ficando atrás de um dos destaques da prova de hoje. Mikhail Aleshin não teve uma carreira lá muito brilhante na Europa e sem chances na F1, tentava a vida na América. Um terrível acidente o deixou bem machucado no final de 2014, só conseguindo voltar de verdade em 2016. O russo era o primeiro que estava numa janela diferente e liderou a maior parte da prova. Quando os líderes fizeram a segunda parada, houve uma inversão com Power saindo na frente de Pagenaud, mesmo o francês claramente mais rápido e não conseguindo a ultrapassagem. Então veio a segunda amarela do dia, provocada por Jackie Hawksworth, que saiu forte na curva um. Como o tanque de combustível estava durando em média de 26 a 28 voltas, e faltando 29 voltas para fim, era o ideal para que todos parassem pela última vez e fossem até o fim. Foi então que aconteceram os lances que definiram a corrida de Mid-Ohio.

Aleshin liderava tranquilamente e fez sua parada sem problemas, mas o mecânico da sua equipe o liberou bem no momento em que Josef Newgarden se aproximava de sua parada, causando a colisão entre eles. Aleshin teve sua vitória indo pelo ralo. Conor Daly, doidinho para aparecer e conseguir um patrocinador para a Dale Coyne, ficou na pista e liderava a corrida, mas todos sabiam que seria por pouco tempo. A corrida seria decidida entre Power e Pagenaud, ambos pilotos da Penske. Pagenaud teve um início de campeonato fulminante, com várias vitórias, mas a maré de sorte parecia ter passado de lado e mesmo Pagenaud mostrando a mesma velocidade do começo da temporada, problemas tiravam do francês a chance de um bom resultado. Quem se aproveitou disso foi Power, que foi se aproximando perigosamente de Pagenaud no campeonato. O francês sabia que uma vitória e passando por Power, seria fundamental para a sua confiança. Na relargada, Pagenaud partiu com tudo para cima de Power, em várias tentativas de ultrapassagens em que os dois nem pareciam companheiros de equipe, incluindo perigosos toques em que a corrida dos dois poderia ir para o espaço. Foi de tirar o fôlego, talvez não para o pessoal da Penske, que viam a chance de dobradinha quase indo para o vinagre a cada curva. No final da volta, Pagenaud conseguiu uma audaciosa ultrapassagem, num local surpreendente e o francês apenas esperou Daly fazer sua parada e receber a bandeirada.

Apesar da vitória de hoje contar os mesmos pontos das outras, a de hoje com certeza teve um sabor mais do que especial para Simon Pagenaud. O francês parecia acomodado com sua vantagem no campeonato, mas numa disputa sensacional, Pagenaud conseguiu superar seu maior rival pelo título, Power, na pista com muita garra e coragem, aumentando sua vantagem no campeonato com apenas quatro (ou cinco, já que a última prova tem pontuação dobrada) corridas para o fim. A garra e a coragem dos campeões!

Entreguem a taça

Quando um determinado jogador, considerado craque, chega à um clube, torcedores criam memes com a frase 'Entreguem as taças'. Com outra exibição soberba de Lewis Hamilton e uma atuação opaca de Nico Rosberg, alguém poderia fazer um meme com Hamilton com a frase 'Entreguem a taça'. Mesmo correndo em casa, Nico Rosberg não mostrou força técnica e mental para reverter a má largada e ficou de fora do pódio, com a Red Bull subindo ao pódio e ao segundo lugar no Mundial de Construtores.

Uma semana após Hungaroring voltar a ter uma corrida chata, como nos 'bons tempos', Hockenheim mostrou um enredo bem parecido e uma corrida aborrecida. Tudo foi praticamente decidido na largada ou na má largada de Rosberg. O alemão da Mercedes saiu muito mal no apagar das cinco luzes vermelhas e ainda na curva um já tinha caído de primeiro para quarto. Sabendo do problema em que estava metido, Rosberg foi com tudo para cima de Ricciardo, terceiro colocado, mas o australiano se defendeu bem e daí em diante, Nico ficou num torturante quarto lugar, mesmo tendo feito uma bela e agressiva ultrapassagem sobre Max Verstappen, mas que os comissários resolveram punir Nico. A saída de Rosberg da briga pela vitória ajudou a deixar a corrida sem emoções, pois Lewis Hamilton teve uma corrida soberana, como os ingleses gostam de chamam, um 'Sunday Drive'. Foi uma prova absolutamente tranquila para o inglês, que de 43 pontos de desvantagem, Hamilton irá para as férias com 19 pontos de vantagem e mesmo não admitindo, Lewis sabe que começa a colocar as mãos na taça do tetracampeonato, mesmo ainda tendo que cumprir uma punição quando estourar a cota de motores no ano. Com seis vitórias nas sete últimas corridas, Hamilton sabe que o momento é todo dele e com sua personalidade e talento, o título está praticamente decidido, para desespero de Rosberg.

A esperada luta para quem seria a segunda melhor equipe da F1 também não ocorreu, com os dois carros da Red Bull superando Rosberg, enquanto a Ferrari ficou numa contemplativa situação em que seus carros chegaram tranquilamente e quase anonimamente em quinto e sexto, com Vettel ainda superando Raikkonen na largada. Vettel ainda apareceu reclamando, como sempre, de bandeiras azuis. E só. Será um mês de crise, reuniões e, por que não, cabeças rolando em Maranello. A Red Bull viu seus dois carros subindo para segundo e terceiro, com Verstappen fazendo uma manobra audaciosa por fora para subir para segundo, mas o holandês não tinha um carro tão equilibrado durante a corrida e com o desgaste relativamente alto de pneus, Ricciardo ficou à frente do companheiro de equipe, vencendo o duelo interno da Red Bull pela segunda corrida consecutiva e terminando em segundo, com Verstappen fechando o pódio. Se a equipe austríaca ficou muito longe de atacar Hamilton, pelo menos conseguiu segurar muito bem o pódio contra as investidas de Rosberg, apesar do absurdo da punição ao alemão pela ultrapassagem em cima de Verstappen. Se reclama bastante da falta de ultrapassagens e quando acontece uma, mais forte e agressiva, lá vem os comissários punirem quem ultrapassa. Tiro no pé da FIA...

No resto do pelotão, o melhor do resto foi Hulkenberg, que correndo em casa, superou a Williams de Bottas e ficou num bom sétimo lugar. Tentando fazer a corrida com duas paradas, quando todo o resto do grid fez três paradas, Bottas ficou sem pneus no fim e foi ultrapassado por Hulkenberg e Button nas voltas finais, terminando em nono, mostrando que a Williams é mesmo uma equipe decadente em 2016. Se apoiando unicamente na potência do motor Mercedes, a aproximação das demais montadoras vem se mostrando fatal para a tradicional equipe, que ainda vê a Force India conseguindo melhores resultados com o mesmo motor. Falando em motor, viu-se uma cena que ano passado era improvável, com Alonso, de motor Honda, passando Massa, de motor Mercedes, na reta oposta. Ok, Massa estava com problemas, mas um motor Honda passar um motor Mercedes na reta é algo interessante de se ver, com Button novamente à frente de Alonso, que quase fechou a zona de pontuação, mas acabou ultrapassar por Pérez, que está pensando em fazer a duvidosa troca da Force India para  Williams. Gutierrez quase marcou seu primeiro ponto de 2016, ficando sempre à frente de Grosjean, algo que normalmente não acontece. A Renault ficou longe dos pontos e o ameaçado Jolyon Palmer ainda bateu na traseira de Massa na primeira volta. A Toro Rosso começa a sofrer com a defasagem de utilizar um motor 2015 e Sainz não repetiu suas sólidas atuações dentro da zona de pontuação, enquanto Kvyat foi medíocre como no sábado. A cena de Wehrlein ultrapassando Ericsson mostra que a Manor já tem um ritmo melhor do que a Sauber e o tradicional time suíço hoje tem o pior carro do grid.

Os brasileiro tiveram outra corrida lastimável, com os dois Felipes sendo os únicos abandonos do dia. Massa foi atingido por Palmer e teve uma corrida horrorosa, chegando a cair para 18º antes de abandonar. Massa sempre precisou de um carro ajustado e ao seu estilo para mostrar resultado. Quando acontece de não ter uma coisa ou outra, vemos uma prova como a de hoje. Pedidos de aposentadoria já são vistos por aí... O caso de Nasr depende menos dele, mas o brasileiro passou boa parte da prova atrás de Ericsson, o que é muito ruim para ele. 

Mesmo podendo acontecer muita coisa num campeonato, ainda mais com um certame tão longo como o desse ano, a F1 já parece decidida em favor de Lewis Hamilton. Nico Rosberg provou-se um bom piloto, ótimo até, mas nada além disso. Seguidas vezes o alemão demonstrou capacidade de andar próximo de Lewis, mas não tem a força que Hamilton tem. Quando liderou com folga o campeonato, muita gente ainda desconfiava de Rosberg. Com menos da metade da vantagem que Rosberg já teve, muitos, inclusive eu, admitem que o tetracampeonato de Hamilton já vai acontecer e em breve.

sábado, 30 de julho de 2016

Última corrida de Villeneuve

Dez anos atrás, realizava-se o Grande Prêmio da Alemanha de 2006, com uma histórica dobradinha da Ferrari e Michael Schumacher vencendo pela última vez na frente dos seus patrícios. Numa corrida dominada pela Ferrari, apesar da pole de Raikkonen, em uma das paradas Felipe Massa claramente aliviou para não ter que ultrapassar Schumacher, que saía dos pits e garantir que o alemão estivesse na frente. Ninguém reclamou muito, pois Massa claramente era um aprendiz e Schumacher precisava dos pontos para brigar pelo título, principalmente com a Renault de Fernando Alonso não estando numa boa jornada. O espanhol terminou apenas em quinto, mais de 20s atrás da dupla ferrarista.

Porém, na volta de número 30, um fato aparentemente sem maior importante provou-se histórico mais tarde. Jacques Villeneuve bateu forte seu BMW Sauber e abandonou a corrida, saindo do carro com seu macacão largo, por causa de uma alergia. Aparentemente Jacques estaria pronto para a próxima corrida, mas não foi o caso. Dias depois, a BMW anunciou que Villeneuve estava impossibilitado de correr e por isso, entraria em seu lugar o polaco Robert Kubica. A verdade foi que ao comprar a Sauber, a BMW teve que engolir Villeneuve pelo menos em 2006. Vindo de uma temporada terrível em 2005 no time suíço, Villeneuve pareceu mais motivado numa equipe de fábrica e fazia uma temporada correta na BMW, mas o chefe da BMW Mario Theissen não esperava para se livrar de Villeneuve e promover a promessa Kubica. O acidente em Hockenheim fora somente uma desculpa. Contrariado, o canadense rompeu o contrato e aquela corrida em Hockenheim seria a última do canadense na F1.

Villeneuve estreou na F1 vinte anos atrás como um furacão, arrebatando fãs por ser um verdadeiro anti-Schumacher, maior estrela da época, além de uma personalidade forte e frases não muito polidas. Além do fato de ser filho da lenda Gilles Villeneuve. Jacques relutou em ser chamado apenas de 'filho de Gilles', pois ele queria ser apenas Jacques Villeneuve. O canadense foi vice-campeão logo em sua primeira temporada e seria campeão em 1997, o ano mais interessante da F1 na década de 1990, após um polêmico final em que foi atingido por Schumacher. Foram dois anos de sonho para Villeneuve, que parecia ter a F1 sob seus pés, mas grande mudança de regulamento de 1997 para 1998, somada a saída da Renault da Williams fez com que Villeneuve tivesse um ano ruim após seu título, não tendo chances de defender seu campeonato. Junto ao seu empresário Craig Pollock, compraram a Tyrrell e a transformaram em BAR. O noviciado da equipe foi difícil e Villeneuve não marcou pontos em 1999, mas nas duas temporadas seguintes, Jacques novamente mostrou bons resultados a ponto de ser sondado a sair de sua equipe e se mudar para a Renault.

Contudo, Villeneuve recusou a proposta para ser... demitido de sua própria equipe, em 2003. Pollock tinha saído da equipe e a Honda comprou o time, deixando Villeneuve sem lugar na F1 em 2004, retornando mal e porcamente em 2005. E a demissão da BMW em 2006. Jacques Villeneuve ainda tentou retornar à F1 algumas vezes, além de se tornar um andarilho do automobilismo. Após tentar a música, junto com a sua irmã Melaine, Villeneuve vive hoje de falar mal da F1 atual. Mesmo tendo conquistado o título que seu pai não conseguiu, Jacques ainda é menos reconhecido do que Gilles. Após um início impressionante na F1, ficou a sensação de que Jacques Villeneuve poderia ter feito muito mais em sua carreira. 

Fator casa

Na Inglaterra, Lewis Hamilton usou o fator casa para dominar em Silverstone e dar um passo decisivo em sua virada em cima de Nico Rosberg no campeonato desse ano. Em Hockenheim, na volta do tradicional circuito alemão ao calendário da F1, foi Nico que utilizou o fato de estar correndo em casa, além de estar na frente da torcida da Mercedes, para conseguir mais uma pole e dá um sopro de esperança de que ainda tem chances de vencer seu primeiro título.

Sem nenhum intempérie, a classificação em Hockenheim ocorreu na maior normalidade possível, sem maiores surpresas ou incidentes. No Q1, Daniil Kvyat vai afundando sua carreira na F1 ao ficar pelo caminho, tomando tempo mais uma vez de Carlos Sainz. O russo não vem correspondendo e dificilmente terá lugar na Toro Rosso em 2017 e até mesmo na F1. A Sauber assumiu de vez o lugar de pior equipe da F1, mas pelo menos Nasr vem superando com constância seu companheiro de equipe Ericsson, enquanto Wehrlein por muito pouco não aprontou outra e foi para o Q2, que teve Jolyon Palmer deixando Kevin Magnussen para trás na briga interna da Renault. A McLaren andou sempre entre os dez primeiros nos treinos livres, mas na classificação a equipe dos carros negros ficou para trás, não tendo chance de subir ao Q3. Magoadinho pelo dedo médio mostrado por Hamilton na corrida passada (oh frescura...), Gutierrez superou Grosjean, algo raro hoje em dia.

No começo do Q3, a Mercedes teve uma surpresa desagradável quando Nico Rosberg teve um pequeno problema eletrônico em sua primeira volta lançada, mas quando o problema foi consertado,  o alemão da Mercedes conseguiu sua 27º pole na carreira, dando a impressão que correndo em casa, tem boas chances de virar o jogo novamente na luta interna da Mercedes. Contudo, Nico não corre propriamente em casa, como foi o caso de Hamilton em Silverstone. Nico sempre foi muito ligado à Finlândia, país onde nasceu seu pai Keke Rosberg, mesmo Nico tendo assumido a nacionalidade de sua mãe. Além disso, Rosberguinho foi criado em Monte Carlo e os alemães claramente se identificam mais com Sebastian Vettel, que veio da classe trabalhadora. No bom público nas arquibancadas em Hockenheim, via-se muito mais camisas e bandeiras da Ferrari para Vettel, do que propriamente uma torcida para Rosberg. E nem com a torcida a favor impediu Vettel de ter uma classificação ruim, ficando em última na segunda divisão que há hoje na F1, tendo apenas Red Bull e Ferrari. Ricciardo superou Verstappen com boa vantagem, enquanto Raikkonen foi a melhor Ferrari do dia, mas não diminuindo a crise crescente dentro da equipe italiana.

Mesmo Ricciardo ficando relativamente próximo das Mercedes, a corrida tende a ser prateada amanhã, apesar de que a estreiteza da reta já trouxessem largadas acidentadas no passado. Saindo em primeiro, Nico Rosberg espera conquistar final a torcida alemã, acabar com a sequencia de Hamilton e respirar no campeonato.

quinta-feira, 28 de julho de 2016

A melhor decisão...

Durante os treinos para o Grande Prêmio da Alemanha de 1991, Eric Comas sofreu um sério acidente na chicane e apesar do susto, o francês estava ileso. Porém, estava claro que o maior culpado pela capotagem de Comas foram a forma como os pneus estavam montados. Durante o brefing, Senna falou do problema, tendo como consequência a clássica frase de Balestre.


Senna havia sobrevivido, talvez, ao seu pior acidente na F1 quando um pneu furou durante um teste em Hockenheim e a maré para o brasileiro não era das melhores, pois o brasileiro mais uma vez ficou sem combustível na volta final, ainda tendo que ficar ao lado de Prost, com quem tinha brigado por algumas voltas. Prost ficou furioso e ameaçou colocar Senna para fora da pista, na próxima vez em que se encontrassem. Semanas depois, os dois fizeram as pazes na Hungria. Mansell venceu e se aproximava perigosamente de Senna, que parecia ter o título nas mãos. Foram dias complicados para Senna...

História: 20 anos do Grande Prêmio da Alemanha de 1996

Quinze dias após a decepção que foi o Grande Prêmio da Inglaterra para os ingleses, a F1 visitaria pela terceira vez consecutiva a corrida caseira de uma estrela de 1996, no caso de Michael Schumacher no Grande Prêmio da Alemanha, apesar do alemão já ter corrida pela Ferrari na frente dos seus patrícios em Nürburgring. A Williams dominava a temporada com uma diferença abissal para os demais, enquanto que na Minardi, sempre ávida por dinheiro, Giancarlo Fisichella deixava seu posto como piloto titular, trocado pelo compatriota Giovanni Lavaggi. Aos 37 anos de idade, Lavaggi se tornava o mais velho novato na F1 em muitos anos, mas a experiência de Lavaggi não o permitiu largar para corrida, eliminado pela regra dos 107%.

Faltando apenas dois minutos para o fim do treino, Michael Schumacher estava a ponto de concretizar outro milagre e ficar com a pole, mas quando o diretor de prova já se preparava para dar a bandeirada e terminar a sessão, Damon Hill tirou o doce da boca do piloto da Ferrari para conseguir a pole na casa do alemão, frustrando sua torcida, que ficaria ainda mais desanimada quando Berger tirou Schumacher da primeira fila, com o austríaco conseguindo sua melhor posição de largada em 1996. Jacques Villeneuve conheceu a pista de Hockenheim na sexta-feira e aliado um setup ruim, o canadense não brigou pela pole. Correndo em casa, a Mercedes trouxe um novo motor para tentar melhorar a situação da McLaren, mas o máximo que conseguiram foi colocar Hakkinen em quarto e Coulthard ter ficado com a maior velocidade do dia, com 340 km/h.

Grid:
1) Hill (Williams) - 1:43.912
2) Berger (Benetton) - 1:44.299
3) Schumacher (Ferrari) - 1:44.477
4) Hakkinen (McLaren) - 1:44.644
5) Alesi (Benetton) - 1:44.670
6) Villeneuve (Williams) - 1:44.842
7) Coulthard (McLaren) - 1:44.951
8) Irvine (Ferrari) - 1:45.389
9) Barrichello (Jordan) - 1:45.452
10) Brundle (Jordan) - 1:45.876

O dia 28 de julho de 1996 amanheceu com chuva pela manhã, mas na medida em que a largada se aproximou, o sol apareceu e a pista estava seca, além de forte calor. Quando as luzes apagaram, Hill fez outra largada ruim e ficou atrás dos Benettons de Berger e Alesi, com o francês tendo feito outra largada soberba, subindo de quinto para segundo, tirando proveito das tentativas de Schumacher fechar Hakkinen. Durante a primeira volta, Coulthard tomou o quinto lugar de Villeneuve, usando a potência do motor Mercedes, na segunda chicane e logo a dupla da McLaren colou em Schumacher, iniciando uma longa briga.

Pois já nas primeiras voltas, os três primeiros (Berger, Alesi e Hill) gradualmente aumentaram a diferença para Schumacher, chegando aos 4s na volta 5, enquanto o alemão era pressionado por Coulthard. A corrida ficou estática, quando chegou a hora dos pilotos que parariam duas vezes fizessem suas primeiras paradas. Hakkinen foi o primeiro, mas o finlandês teve uma quebra na transmissão quando saía dos boxes, enquanto Coulthard parou na volta seguinte, perdendo várias posições. Berger, Alesi e Hill passaram do primeiro terço de corrida sem parar, mas quando Hill parou na volta 19, o inglês fez um rápido reabastecimento, claramente indicado que pararia uma segunda vez. Alesi parou na metade da corrida e encheu o tanque de combustível, indicando que não pararia mais. Schumacher e Villeneuve pararam na mesma volta e quase bateram na saída dos pits, mas apesar de tanto ímpeto, ambos voltaram atrás de Coulthard na briga pela quarto lugar e o canadense ficou na frente de Schumacher. Berger foi aos boxes na volta 23, colocando Hill na liderança e logo ficou óbvio que o inglês pararia duas vezes quando fixou a volta mais rápida nas voltas 22, 23, 24, 25 e 26, numa tentativa desesperada para estender sua liderança. Irvine e Coulthard fizeram suas segundas paradas, com o escocês ficando atrás de Schumacher, enquanto Irvine dava um calafrio na torcida alemã, quando o seu motor quebrou na volta 35, mostrando a fragilidade da Ferrari vinte anos atrás.

Hill entrou na nos boxes volta 34 com 16.7s de vantagem para Berger. Não era o suficiente e o inglês voltou atrás de Berger, porém, com pneus novos e pouco combustível, Hill partiria com tudo para cima de Berger, que fazia sua melhor corrida em anos. O austríaco sempre gostou de correr em Hockenheim, mas em 1996 Berger estava segurando bem as pontas, enquanto a corrida ficava mais emocionante, na medida em que Hill se aproximava de Berger. O piloto da Williams encostou na traseira de Berger já nas voltas finais, mas Hill não mostrou o mesmo ímpeto na hora de ultrapassar, ficando atrás da Benetton, mas sem tentativas reais de ultrapassagem. Talvez pensando no campeonato, Hill parecia conformado com o segundo lugar quando, faltando duas voltas para o fim, o momento mais penoso da temporada 1996 aconteceu: o motor de Berger estourou espetacularmente e Hill poderia herdar a primeira posição e ganhar na Alemanha. Onze segundos depois, Alesi fechou em segundo e deu uma carona para o amigo Berger, vencedor moral da corrida, na volta de aceleração enquanto Villeneuve levou seu Williams ao pódio novamente. Após três abandonos seguidos, o quarto lugar de Schumacher foi muito celebrado por ele e pela Ferrari. Mesmo tendo o melhor carro do grid, Damon Hill precisou de sorte para vencer em Hockenheim. Sorte de campeão.

Chegada:
1) Hill
2) Alesi
3) Villeneuve
4) Schumacher
5) Coulthard
6) Barrichello

terça-feira, 26 de julho de 2016

Duas lendas dizem adeus

Melhor do que toda a Brickyard 400, foi a bela homenagem que Jeff Gordon e Tony Stewart deram a si mesmos neste domingo. Gordon se aposentou no final do ano passado e voltou excepcionalmente em Indianapolis para substituir Dale Earnhardt Jr, convalescente de uma concussão, enquanto Stewart anunciou que 2016 será seu último na Nascar. Vale lembrar que Gordon e Stewart tinham carreiras direcionadas à Indy, onde Gordon desistiu da categoria por falta de dinheiro e Stewart foi usado como exemplo por Tony George do genuíno piloto americano no automobilismo americano. Gordon se mudou para a Nascar para se tornar tetracampeão, mas sempre falou que Indianapolis era especial para ele, tanto que venceu várias vezes na lendária pista. Stewart usa o número 14 em homenagem à A.J. Foyt. Nem precisa dizer a importância da pista de Indiana para Tony. Por isso, após a bandeirada, Gordon e Stewart, lado a lado, deram uma emocionante última volta no oval. Eram duas lendas dizendo adeus à mítica pista de Indianapolis. E Indianapolis dizia adeus à dois pilotos que não brilharam nas suas 500 Milhas, mas mereciam tê-lo feito.

segunda-feira, 25 de julho de 2016

Figura(HUN): Lewis Hamilton

Quando bateu com Nico Rosberg na curva 3 de Barcelona, parecia que Lewis Hamilton tinha dado adeus ao sonho do terceiro título consecutivo. Quarenta e três pontos atrás do companheiro de equipe e com a Mercedes ainda muito à frente da concorrência, bastava ao cerebral Rosberg marcar Hamilton de perto para tirar a coroa do inglês, mas até para um bom piloto como é o caso do Nico, seguir Lewis Hamilton num bom momento é complicado. Depois da frustrante prova espanhola, Hamilton começou uma sequencia espetacular de vitórias, fazendo-o chegar à Hungria apenas um ponto atrás de Nico Rosberg. Mesmo a Mercedes dominando a F1 nos últimos dois anos, a equipe ainda não havia vencido em Hungaroring, pista em que Hamilton já havia vencido quatro vezes, sem contar com a ameaça da Red Bull, muito forte em circuitos travados. Porém, a Mercedes mostrou a sua usual força e Hamilton mostrou a que veio com um domínio avassalador no final de semana, mesmo tendo perdido a pole de forma polêmica para Rosberg no final do Q3, quando Lewis vinha com parciais bem melhores do que a do alemão. Contudo, a vingança seria na hora certa. Ponto fraco de Hamilton em 2016, a largada seria essencial na Hungria e Lewis superou Rosberg quando tracionou melhor, mesmo estando no lado sujo da pista e quando tomou a ponta na primeira curva, Hamilton só veria retardatários pela frente. Rosberg nunca esteve mais de 3s atrás, mas Lewis sustentou a pressão do rival de forma esplêndida e venceu pela quinta vez na Hungria, se tornando o maior vencedor na pista magiar, além de ter tirado uma enorme diferença para Nico Rosberg. Agora fica a pergunta: quem segura Lewis Hamilton?  

Figurão(HUN): Automobilismo brasileiro

A chegada do verão europeu marca vários anúncios para a temporada seguinte da F1, como foi o caso das renovações de Kimi Raikkonen (Ferrari) e Nico Rosberg (Mercedes) nas últimas semanas. Para as boas vagas ainda existentes para 2017, boas exibições nessa época do ano podem ser cruciais na mesa de negociações. Os dois Felipes, Massa e Nasrm chegaram à Hungaroring ainda com seus futuros em aberto e andar bem na prova húngara seria muito bom numa negociação. Pois aconteceu tudo ao contrário. Felipe Nasr está sentado numa verdadeira cadeira elétrica e mesmo a Sauber tendo anunciado um novo investidor, está bastante claro que quem quer chegar com uma mala de dinheiro em Hinwill, sede da Sauber, garantirá um lugar no time suíço em 2017. Apesar de não gostar, Nasr é, sim, um piloto pagante e só está na F1 desde o ano passado graças ao polpudo patrocínio do Banco do Brasil. Não é difícil decifrar qual era o plano da família Nasr: aparecer nos dois primeiros anos para garantir uma boa vaga numa terceira temporada. Porém, mesmo evoluindo nessa temporada, Felipe Nasr ainda não fez brilhar olhos de nenhum chefe de equipe disposto a investir num piloto em 2017. Sem contar que a crise em que vive o Brasil hoje, ninguém sabe por quanto tempo o BB continuará investindo dinheiro no brasiliense. Nasr andou bem na pista molhada no sábado, mas com pista seca, o brasiliense sucumbiu a mediocridade do seu carro e terminou bem longe dos pontos. O caso de Felipe Massa é diferente. Desde 2002 na F1, Massa já é um piloto estabelecido, teve seu momento na F1 e agora está na reta final de sua carreira. Correndo por uma decadente Williams, Massa teve um final de semana horroroso na Hungria, sete anos depois do acidente em que fez sua carreira ser dividida entre antes e depois da 'molada'. Reconhecidamente Massa nunca andou bem no piso molhado e ainda na volta de aquecimento, durante a classificação, com pneus intermediários, o brasileiro rodou e bateu no guard-rail, garantindo que largaria no pelotão de trás. Quando a Mercedes tinha o melhor motor disparado da F1, era esperado que Massa fizesse o que Raikkonen fez ontem, quando saiu das últimas posições para marcar bons pontos. Pois nem a Mercedes tem uma diferença abismal para as demais montadoras, nem a Williams briga para ser a segunda força da F1. Numa corrida simplesmente medíocre, atrapalhado por um problema na direção e uma má largada, Massa teve que se conformar com o fundo do pelotão a corrida inteira, sem chances de imprimir um ritmo decente. Mesmo a Williams estando longe de bons momentos recentes, Bottas amealhou alguns pontinhos e vai abrindo com relação à Massa no campeonato. Tanto Nasr, como Massa não tem nenhum contrato assinado para 2017 no momento. Com seus dois representantes numa situação ruim dentro da F1, o automobilismo brasileiro corre um seríssimo risco de não ter nenhum piloto tupiniquim na F1 já em 2017.

domingo, 24 de julho de 2016

Como nos 'bons' tempos

Ultimamente o Grande Prêmio da Hungria vinha tendo algumas corridas boas, o que motivou até mesmo elogios à pista húngara. 'É uma pista dos bons tempos', falaram alguns em fóruns do Facebook da vida. Contudo, fala-se que o brasileiro tem como principal característica a memória curta e o mesmo deve valer para quem acompanha a F1. Dez, quinze, vinte anos atrás, o que costumeiramente chamam de 'bons tempos', o Grande Prêmio da Hungria era considerada a pior corrida do calendário pela pista travada e estreita, proporcionando espetáculos nada agradáveis aos olhos de quem assistia a prova. Normalmente a largada decidia as posições. Pois hoje tivemos uma corrida como nos 'bons tempos'. A briga pela liderança foi decidida na largada à favor de Lewis Hamilton, que assumiu pela primeira vez a ponta do campeonato. Os dois ficaram sempre próximos, mas sem nenhuma chance de ultrapassagem. O mesmo aconteceu nas brigas Red Bull x Ferrari, com os carros vermelhos mais rápidos no fim, mas com os carros azuis se mantendo na frente.

Como dito anteriormente, a corrida foi decidida na largada, quando Lewis Hamilton largou claramente melhor do que Nico Rosberg, mesmo estando no lado sujo da pista. Tracionando melhor, o inglês ficou por dentro da curva e mesmo evitando uma manobra agressiva de Verstappen, Hamilton não teve muito trabalho para despontar na ponta na primeira curva. Rosberg teve uma largada conservadora, chegando a perder a segunda posição para Ricciardo, para recupera-la rapidamente, ainda na curva três, para não se distanciar de Hamilton, iniciando uma briga de gato e rato, onde os dois pilotos da Mercedes variaram a corrida inteira entre 0.5 e 3s de diferença. Os retardatários foram um fator importante, com Hamilton chegando a mostrar o dedo do meio para Esteban Gutierrez, quando o mexicano o atrapalhou por meia volta, trazendo Rosberg novamente na traseira de Lewis. Mesmo assim, o inglês se comportou muito bem, administrando muito bem a pressão do companheiro de equipe. Nico Rosberg não deve ser acusado de ter tido uma pilotagem opaca, mas em nenhum momento insinuou uma ultrapassagem, mesmo tendo direito a asa aberta várias vezes. Quando, nas últimas voltas, a diferença baixou para 1s entre os dois pilotos da Mercedes, a TV preferiu continuar mostrando a animada briga entre Verstappen e Raikkonen, pois meio que sabia que na luta pela liderança não sairia nada. Agora em desvantagem no campeonato, Nico Rosberg tem que dar uma resposta imediata para não ficar conhecido como o primeiro piloto da história da F1 em ter vencido as quatro primeiras provas do campeonato e não ser campeão. Trocando em miúdos, Nico lutará para não se tornar o maior banana da história da F1...

Com a Mercedes tendo uma bela vantagem de 20s sobre as suas mais próximas adversários, restou Red Bull e Ferrari brigarem para ser o melhor do resto, com vantagem para os austríacos. Daniel Ricciardo fez uma ótima largada, chegou a assumir a segunda posição, mas vacilou na curva 3, contudo o australiano se manteve surpreendentemente próximo dos pilotos da Mercedes na primeira metade da corrida, chegando a mudar sua estratégia para tentar um bote pelo menos em Rosberg. Porém, antecipar a segunda parada fez com que Ricciardo tivesse pneus muitos desgastados no fim e recebesse uma grande pressão de Vettel nas voltas finais, mas sem maiores arroubos, Daniel conseguiu seu primeiro pódio desde Monte Carlo e voltou a sorrir, após etapas sendo superado por Verstappen. O jovem holandês acompanhou de perto seu companheiro de equipe no início da corrida, mas quando fez sua primeira parada, Verstappen ficou preso atrás de Raikkonen, numa estratégia diferente, e perdeu contato com Ricciardo. Quando Raikkonen, numa ótima prova de recuperação, colocou pneus supermacios no fim da prova, iniciou-se uma bela disputa entre o experiente finlandês, com quase o dobro de idade do seu rival, e o adolescente holandês. O ponto alto da corrida foi a briga entre Raikkonen e Verstappen, com toques e ameaças pelo rádio, mas pela característica da pista, Verstappen segurou o rojão de Raikkonen e permaneceu em quinto. Vettel apareceu mais reclamando dos retardatários do que atacando Ricciardo, numa atitude já meio infantil do tetracampeão. Se a Mercedes está num patamar superior, dá para dizer que um degrau abaixo vem Red Bull e Ferrari, nessa ordem, sozinhos na luta por quem será a segunda força da F1 em 2016.

Já 40s atrás de Raikkonen, veio o resto da F1 e aproveitando da pista travada e o equilíbrio do carro, Fernando Alonso levou sua McLaren ao sétimo lugar. Mesmo estando muito aquém das tradições da McLaren, é espantoso a evolução conseguida pela parceria McLaren-Honda em 2016, lembrando que ano passado a equipe largou dos boxes em Budapeste, com milhares de punições a cumprir, com um carro que não andava e quebrava bastante. Sétimo lugar, sendo o melhor da 'terceira divisão' da F1, já é um alento para a McLaren e Alonso, enquanto Button teve uma corrida problemática e abandonou no final. Atrás de Alonso apareceu seu compatriota Sainz, em outra prova sólida do espanhol, que de forma consistente, vem colocando seu Toro Rosso nos pontos, ao contrário de Kvyat, novamente punido infantilmente ao não travar seu carro o suficiente no pit-lane e excedendo o limite de velocidade. Numa pista em que não favorecia seus pontos fortes, a Force India foi bem discreta, com Nico Hulkenberg marcando o último ponto de hoje, enquanto Sergio Pérez cometeu o mico do dia ao entrar nos boxes da equipe com ninguém esperando, perdendo muito tempo e saindo completamente da briga pelos pontos.

Pontos. Hoje é esse o objetivo da Williams no campeonato. Largando em nono, tudo o que Bottas conseguiu foi manter sua posição, enquanto Felipe Massa, largando no final do grid devido à sua batida na classificação, teve uma corrida medíocre, onde não saiu do final do pelotão e se o brasileiro sonha em conseguir algo melhor para 2017, a atuação de hoje não o ajudou em nada. Uma opção seria a Renault, que quase marcou pontos com Jolyon Palmer, se o opaco inglês não tivesse rodado quando estava na frente de Hulkenberg, mas Palmer ainda superou um ainda mais discreto Kevin Magnussen. Se Massa quiser a Renault e, lógico, montadora quiser o brasileiro, ambos terão que melhorar bastante para 2017. Gutiérrez só apareceu quando Hamilton lhe mostrou o dedo do meio, enquanto a Sauber continuou na sua draga que é 2016. A Manor fez sua corrida de sempre, respeitando as bandeiras azuis, como bons retardatários que são.

A corrida pode não ter sido um primor de emoção, mas fez valer a tradição magiar de corridas sem ultrapassagens, mas com boas brigas, como a de Raikkonen e Verstappen. No campeonato, Hamilton assume a ponta do campeonato pela primeira vez e se Nico Rosberg não der uma resposta rapidamente, ainda mais correndo em casa semana que vem, o tetracampeonato de Lewis será favas contadas. Acorda Nico!

sábado, 23 de julho de 2016

Do tamanho da corrida

Me recordo que a corrida na Hungria era tão chata, que todos torciam para chover. Só que nunca chovia em Budapeste em final de semana de F1. Dez anos atrás houve a histórica corrida em que Button venceu pela primeira vez na F1 numa prova com muita chuva, abrindo as torneiras magiares e ultimamente, chove bastante nos finais de semanas húngaros de F1. A classificação de hoje foi tão atribulada, que durou praticamente o mesmo tempo da corrida, com quase duas horas de extensão. Porém, o resultado não mudou, com a Mercedes dominando a primeira fila, contudo, o melhor tempo de Nico Rosberg deve estar agora sob observação, pois foi claro que o alemão marcou sua pole com bandeira amarela à mostra. Mais uma polêmica no mundo da Mercedes, que terá que aturar essa briguinha entre Lewis e Nico até 2018, com a renovação de Rosberg nesta sexta-feira.

Apesar de muito se criticar que a F1 está cuidadosa demais quando chove, o atraso em se começar o treino foi válido, pois a pista estava muito encharcada e uma segunda pancada de chuva trouxe a bandeira vermelha de volta, atrasando ainda mais a programação. De fora, é muito fácil criticar, mas ninguém coloca o bumbum a quase 300 por hora com pista encharcada e o carro aquaplanando. E não devemos nos esquecer jamais as condições que propiciaram o acidente fatal de Bianchi... Porém, quando a pista foi liberada, houve três outras bandeiras vermelhas por acidentes provocados por Marcus Ericsson, Felipe Massa e Rio Haryanto. No caso dos dois primeiros, vale destacar a bela exibição de Nasr em pista molhada, superando em muito Ericsson, com o brasiliense chegando a liderar o Q1, enquanto Massa bateu em sua volta de aquecimento, quando ainda experimentava os pneus intermediários. Que Massa não anda bem em piso molhado, não é nenhuma novidade, mas a notícia, ainda à se confirmar, de que Button foi contratado pela Williams em 2017, põe a carreira de Felipe Massa em xeque, pois restaria de vaga decente apenas a Renault, sendo que somente pelo potencial se acredita que os franceses poderá se tornar um lugar decente, pois a atualidade da Renault não é nada boa, com seus dois piloto novamente fora do Q2. Se Massa se aposentar, restará apenas Nasr se arrastando com a Sauber. Isso, se a Sauber renovar com o brasileiro. Qual o interesse da Rede Globo em continuar transmitindo a F1 sem brasileiros?  Olhando nas categorias de base, apenas Sergio Sette Câmara parece ter seu caminho mais ou menos traçado na F1, com o mineiro sendo apoiado pela Red Bull, mas sem mostrar grandes coisas na F3 Europeia. Saindo a Globo, naturalmente entraria a Sportv, com sua transmissão de endeusamento de Ayrton Senna e ufanismo tolo e sem sentido. O futuro à curto prazo da F1 no Brasil é no mínimo sombrio.

Voltando à pista, a pista secava a tal ponto de fazer sol forte no Q2 e os pilotos já estarem montados com pneus supermacios. A única zebra foi Raikkonen ter ficado de fora do Q3, mas Hamilton e Ricciardo escaparam por muito pouco. Ambos saíram da pista na traiçoeira freada da curva um, com o australiano garantindo seu lugar no Q3 na bacia das almas e Hamilton, tendo perdido sua última volta pelo erro cometido, ficando em décimo, apenas um décimo de segundo à frente do 11º, Romain Grosjean. Destaque para o bom desempenho da McLaren, com Alonso chegando a liderar o Q2 com tempos consistentes e o tradicional time inglês colocando seus dois pilotos no Q3 com relativo conforto. E foi Alonso que definiu o Q3. Hamilton e Rosberg lideravam a classificação, com Ricciardo bastante próximo, em terceiro. Hamilton vinha atrás de Alonso a ponto de fazer um ótimo tempo, quando o espanhol rodou e estragou a volta de Lewis. Rosberg vinha mais atrás e claramente ignorou as bandeiras amarelas mostradas, sendo praticamente o único a melhorar seu tempo, lhe garantindo a pole, que deverá ser cassada a qualquer momento. A cara de poucos amigos dos pilotos da Mercedes mostravam mais uma vez tensão dentro da equipe. De Hamilton, por perceber que Nico Rosberg está sendo capaz de tudo para lhe superar, inclusive transgredir as regras. De Rosberg, por perceber que sua transgressão foi tão nítida, que até ele o puniria!

Foi um treino cansativo, cheio de histórias para contar e com a perspectiva de uma corrida prateada amanhã, mesmo com a Red Bull estando bem próxima. A Ferrari já aparece claramente como terceira força e Vettel foi apenas dois décimos mais rápido do que Sainz e a McLaren. Williams? Se antes de 2016 começar falavam em vitórias, hoje o time inglês brigar para marcar pontos... 

segunda-feira, 18 de julho de 2016

História: 45 anos do Grande Prêmio da Inglaterra de 1971

Como era bem comum nos anos 1970, a F1 chegava à Silverstone para o Grande Prêmio da Inglaterra lamentando a morte de um piloto. Na edição de 1971, seria a morte de Pedro Rodríguez, uma semana antes, enquanto o mexicano disputava uma corrida de Endurance em Norisring. Ao lado do irmão Ricardo, Pedro Rodríguez era considerado um herói em seu país e o México ficou vários dias de luto pela perda. A equipe de Pedro, a BRM, correria apenas com Siffert e Ganley. Ferrari e Brabham estavam em crise, com os italianos sofrendo com a divisão de forças entre F1 e Mundial de Marcas, enquanto a Brabham não havia marcado nenhum ponto em 1971 e Ron Tauranac estava negociando a venda da equipe a um esperto empresário inglês chamado Bernie Ecclestone. 

Com a corrida acontecendo no sábado, os treinos começaram na quinta e Regazzoni foi o mais rápido. Durante as sessões de sexta-feira, Stewart fez o mesmo tempo do suíço (1:18.1), no entanto, o piloto da Ferrari ficaria com a pole, por ter feito esse tempo primeiro. Siffert completou a primeira fila. O Lotus 72 encontrava-se em um excelente nível, com o quarto lugar de Fittipaldi, apenas dois décimos mais lento do que Regazzoni. Ela superava Peterson e Ickx, muito decepcionado com seu desempenho. Ainda dirigindo o velho Brabham BT33, Schenken conseguiu um bom sétimo lugar, à frente de Hulme, Amon e Cevert. O domínio da Tyrrell-Ford de Jackie Stewart trazia muita controvérsia das outras equipes, especialmente Ferrari. A imprensa italiana não entendia como o motor Cosworth V8 poderia revelar-se mais rápido que o motor boxer italiano. A Ferrari suspeitava de que a Tyrrell tinha um contrato especial com a Cosworth e teria um motor de 3,3 litros. Uma queixa foi feito à CSI.

Grid:
1) Regazzoni (Ferrari) - 1:18.1
2) Stewart (Tyrrell) - 1:18.1
3) Siffert (BRM) - 1:18.2
4) Fittipaldi (Lotus) - 1:18.3
5) Peterson (March) - 1:19.0
6) Ickx (Ferrari) - 1:19.5
7) Schenken(Brabham) - 1:19.5
8) Hulme (McLaren) - 1:19.6
9) Amon (Matra) - 1:19.7
10) Cevert (Tyrrell) - 1:19.8

O dia 17 de julho de 1971 estava ensolarado em Silverstone, algo raro de se ver naquelas glebas, mas significava também um belo dia para ir à antiga base aérea ver uma corrida de F1. Até o advento dos sinais eletrônicos, a largada das corridas de F1 eram dadas com uma bandeirada, normalmente do país que recebia a prova. Daí a expressão 'flag-to-flag' para uma vitória de ponta a ponta. Quando a bandeirada foi dada, houve quem saísse da sua posição de largada enquanto a bandeirada ainda estava sendo levantada, criando uma pequena confusão na saída do Grande Prêmio da Inglaterra. As duas Ferraris foram uns dos quais saíram, digamos, cedo demais e Regazzoni manteve a ponta, seguido por Ickx. Quem se deu mal nessa confusão foi Stewart, caindo para trás de Siffert e Fittipaldi.

No entanto, a alegria de Emerson duraria pouco quando ele erra durante a primeira volta e cai para 11º, enquanto Stewart partia para cima das Ferraris, após ultrapassar Siffert. Na segunda volta Stewart ultrapassa Ickx na Stowe e já colava em Regazzoni, enquanto Emerson começava sua corrida de recuperação ultrapassando Cevert. Mesmo existindo uma certa rixa entre ingleses e escoceses, a torcida inglesa torcia por Stewart e o escocês assume a ponta na quarta volta, ultrapassando Regazzoni no mesmo local onde havia deixado Ickx para trás. A surpresa era a boa atuação de Jo Siffert, na BRM, que rapidamente ultrapassou as duas Ferraris e assumiu o segundo lugar ainda na quinta volta, enquanto Stewart abria cada vez mais diferença na ponta. Atrás de Siffert, formava-se um enorme pelotão que ia do terceiro colocado Regazzoni ao oitavo colocado Dennis Hulme, da McLaren. No entanto, Siffert começa a sofrer com problemas de ignição e logo é alcançado pelo compatriota Regazzoni, que se livrara do pelotão que estava atrás de si, reassumindo o segundo lugar na volta 17, mas 20s atrás de Stewart. Emerson continuava escalando o pelotão e na vigésima volta encontrava-se em sexto, colado em Peterson, que pressionava a Ferrari de Ickx.

Apesar do seu problema em seu BRM, Siffert permanece próximo de Regazzoni, com Fittipaldi ultrapassando Peterson para subir para quinto e passar a pressionar Ickx, que teria um problema de pressão de óleo que o levaria aos boxes na volta 38, saindo da corrida. Emerson e Peterson travavam a melhor batalha da corrida, com ambos chegando a trocar de posição algumas vezes. Isso faz com que Tim Schenken se aproximasse da briga e ultrapassasse Fittipaldi. Porém, o brasileiro não sairia da zona de pontuação por muito tempo, quanto Siffert tem problemas mecânicos que o faz perder duas voltas nos boxes e Regazzoni abandona na volta 51 com um problema na pressão de óleo. Com o abandonos dos dois suíços que o perseguia, a folga de Stewart subia para 30s, com Peterson sendo perseguido de perto por Schenken e Fittipaldi. Porém, a alegria de Schenken terminaria na volta 64, quando o câmbio do Brabham do jovem australiano quebra e o sonho do primeiro pódio de Schenken é frustrado já próximo do fim da prova.

O abandono de Schenken foi o último grande acontecimento da corrida. Quando Stewart abriu a última volta, todo o público se levantou e começou a aplaudir o escocês, que tinha dominado a corrida por inteiro, mesmo não vencendo de ponta a ponta. Jackie Stewart conseguiu sua quarta vitória da temporada 1971 e pela segunda vez ele triunfava em sua corrida caseira. Autor de uma corrida muito forte, Peterson terminou em segundo lugar pela segunda vez em 1971, enquanto Fittipaldi terminou em terceiro, confirmando o progresso da Lotus 72D. Pescarolo conseguiu um excelente quarto lugar, dando os primeiros pontos da equipe Williams em dois anos. Stommelen e Surtees ficaram com os pontos finais. Jackie Stewart responde aos aplausos da multidão, muito satisfeitos em ouvir ressoar God Save the Queen no alto do pódio. Esta vitória permitia a Jackie Stewart dar um grande passo para o seu segundo título mundial, enquanto marcava 42 pontos, abrindo 23 pontos do vice-líder Ickx, enquanto a Ferrari sofria uma nova derrota. No dia seguinte a corrida, o motor usado por Stewart na corrida foi analisado na fábrica da Cosworth sob a supervisão de Henri Treu, secretário da CSI. Não havia irregularidades e o motor DFV de Stewart era completamente legal. Para tristeza ainda maior da Ferrari.

Chegada:
1) Stewart
2) Peterson
3) Fittipaldi
4) Pescarolo
5) Stommelen
6) Surtees

domingo, 17 de julho de 2016

Não basta ser rápido...

...basta estar no local certo quando vier a bandeira amarela. É meio repetitivo, mas o ano de 2016 vem sendo usual o piloto mais rápido da corrida ficar pelo caminho às custas de problema lotéricos, principalmente bandeiras amarelas na Indy. A vítima de hoje, em Toronto, foi Scott Dixon. O neozelandês dominou boa parte da corrida, mas uma bandeira amarela na hora errada estragou a prova do piloto da Ganassi e quem se aproveitou foi Will Power, que vem numa crescente no campeonato.

Mais de dois terços da prova foi dominada por Dixon, que largou na pole e liderou o maior número de voltas. O neozelandês chegou abrir 7s para o segundo colocado Simon Pagenaud, mas Scott já pensava na estratégia de sua corrida e tentar parar uma vez menos, deixando o francês da Penske se aproximar, trazendo consigo Power e Sebastien Bourdais. Helio Castroneves, em seu belo Penske amarelo da Pennzoil, comboiava Dixon quando teve um pneu dianteiro furado. Por incrível que pareça, esse infortúnio ajudaria Helio mais tarde.

Então, uma série de bandeiras amarelas embaralhou as coisas no final, enquanto os líderes tentavam chegar à volta 59, dando a certeza de não pararem mais. Tony Kanaan era sempre um dos primeiros que faziam suas paradas e por isso, faria uma terceira parada, enquanto os líderes fariam apenas duas. Castroneves e Power fizeram uma parada que poderia ser cedo demais, antes da volta 59, mas uma bandeira amarela bem próximo dessa marca estragou os planos de Dixon, Pagenaud e companhia bela. Tendo que fazer a última parada nessa bandeira amarela, Dixon caiu para as últimas posições, enquanto Kanaan liderava a corrida pela primeira a única vez. O baiano disparou na ponta, fez sua última parada nas voltas finais e voltou em quarto, bem melhor do que oitavo lugar onde estava antes da sequencia de bandeiras amarelas. Quem se aproveitou disso tudo? Will Power, que tendo parado na hora certa, quando veio a penúltima bandeira amarela, pôde vencer confortavelmente, mesmo uma última bandeira amarela ter aparecido nas voltas finais. Por conta do seu pneu furado, Helio adiantou suas paradas e acabou se dando muito bem no decorrer da corrida, ficando com o mesmo segundo lugar em que largou. A surpresa foi ver James Hinchicliffe dar quase 40 voltas com o seu motor Honda e terminar em terceiro, logo à frente de Kanaan. E Dixon? O pobre neozelandês relargou em 13º na penúltima bandeira amarela e teve que remar até um humilde oitavo lugar, bem aquém do potencial do seu carro.

Para o campeonato, a nona posição de Pagenaud, outro prejudicado pela bandeira amarela fora de hora, põe um sal a mais, pois o rápido francês continua a perder muitos pontos, enquanto Power se consolida na segunda posição como o mais perigoso perseguidor de Pagenaud. Porém, o bom trabalho de Pagenaud em 2016 vem sendo constantemente atrapalhado pelas condições lotéricas das corridas na Indy. Por que o lema da categoria não é ser o mais rápido, mas ter a sorte de estar na hora certa quando vier a bandeira amarela. Hoje, foi a vez de Power.

Na estratégia

Normalmente as corridas da MotoGP, ao contrário da F1, não contém muito o fator estratégia para decidir uma corrida. Por serem mais curtas e sem paradas de boxe, as provas da MotoGP se baseiam mais pela pilotagem dentro da pista, onde quem consegue ser rápido e sem desgastar em demasia os pneus, vence. Contudo, mais uma vez a chuva apareceu, outra vez proporcionando uma corrida maluca, mas se em Assen o vitorioso foi uma surpresa total, em Sachsenring quem triunfou é alguém bastante habitual em subir no alto do pódio na pista alemã. Marc Márquez chegou a sair da pista, após se acidentar feio no warm-up, mas sua entrada para trocar de moto na hora certa lhe garantiu a sétima vitória consecutiva na pista da Saxônia, se mantendo invicto desde 2010, quando ainda corria nas 125cc.

A prova da Moto2 foi tão acidentada, que todos os pilotos que chegaram marcaram pontos. Era um aviso para os pilotos da MotoGP. A pista molhada de Sachsenring, principalmente na curva um, era por demais traiçoeira. Com piso ainda encharcado, Valentino Rossi conseguiu uma largada agressiva, pulando para a ponta, na sua tentativa de melhorar sua situação já complicada no campeonato. Porém, Rossi teria a companhia dos seus compatriotas Danilo Petrucci e Andrea Doviziozo na ponta da corrida, com vantagem para Petrucci até o italiano da Ducati cair. Pobre Petrucci. Especialista em piso molhado, o italiano perdeu uma ótima chance de vitória. Quem assumia a ponta era Doviziozo, com Rossi e vários pilotos brigando pelo segundo lugar. Parecia que a Ducati sairia da seca de quase seis anos sem vitória.

Porém, foi um piloto da Ducati que indicou que as coisas estavam mudando em Sachsenring. Andrea Iannone, que chegou a se aproximar do primeiro pelotão, mas depois perdeu muito rendimento, foi aos boxes trocar de moto, montada com pneus intermediários. A pista secava claramente, mesmo que não na velocidade de como foi visto em Assen. Porém, por ser muito curto, o Grande Prêmio da Alemanha tem muitas voltas e a corrida ainda estava na metade, quando as demais motos reservas, já com pneus trocados, foram estacionadas em frente aos boxes. Mas haviam duas perguntas no ar carregado da pista alemã: Qual pneu colocar? E quando parar? Isso se provaria decisivo.

Doviziozo ainda liderava, enquanto Rossi brigava com vários pilotos de motos satélites, como o ascendente Carl Cruthlow, além do vencedor da corrida passada Jack Miller e Hector Barberá, na sua melhor corrida na MotoGP. Márquez, que saiu da pista no momento em que Petrucci caiu, foi um dos primeiros a trocar de moto e com pneus slicks, era o mais rápido da pista. Quando o espanhol era 5s mais rápido do que o primeiro pelotão, era claro que estava na hora de parar dos líderes. Mas liderados por Doviziozo, ninguém parava, para desespero dos mecânicos. E quando pararam, o estrago estava feito. Márquez tinha uma vantagem de 20s sobre eles, com o espanhol ainda tendo que fazer uma fácil ultrapassagem sobre um teimoso Miller, o último a trocar de moto. Redding estava em segundo, mas com pneus intermediários, foi alvo fácil de Cruthlow e Doviziozo, esse fazendo a ultrapassagem vitoriosa já nas curvas finais.

No fim, Marc Márquez deu um passo importantíssimo na luta pelo título desse ano. Com 25 pontos pela vitória, o espanhol abriu quase duas provas de vantagem para os seus mais próximos perseguidores. Valentino Rossi, que estava com pneus intermediários no fim, chegou apenas em oitavo, mas é impressionante a alergia de Jorge Lorenzo à pista molhada. Pela segunda prova consecutiva, o espanhol esteve irreconhecível e se não fossem os abandonos, sequer teria pontuado, pois Lorenzo foi apenas 15º, o último que marca ponto. Já pensei em chamar Lorenzo de novo Alain Prost, mas o francês conseguia ainda andar de forma razoável em pista molhada. Lorenzo não. Ele só consegue extrair tudo da moto quando tudo está perfeito para ele, na pista e na moto. Quando algumas dessas variáveis não está bem, Lorenzo dá outro vexame como o de hoje.

A Yamaha, que despontou como grande favorita para 2016, chega nas férias de verão com quase 50 pontos de desvantagem para Márquez, que está conseguindo equilibrar sua pilotagem selvagem com mais inteligência e senso estratégico. Contrariando várias expectativas, Márquez vai se garantindo como favorito destacado do campeonato de 2016 não apenas pela velocidade, mas pela eficiência em que vai se aproveitando dos erros e fraquezas dos seus principais rivais. Como um verdadeiro campeão.

sábado, 16 de julho de 2016

História: 10 anos do Grande Prêmio da França de 2006

Um ano após o fiasco em Indianapolis, a Michelin adotou uma postura conservadora na pista americana, permitindo uma dobradinha dominadora da Ferrari na pista de Indiana, além do banimento da famosa suspensão da Renault, que havia dado uma vantagem considerável ao time francês na degradação dos pneus. Porém, correndo em casa, em Magny-Cours, era esperado que a Michelin oferecesse um pneu competitivo em França, permitindo Renault e McLaren lutar com a Ferrari. Nos testes em Jerez, McLaren e Renault fizeram os melhores tempos. Uma semana antes da prova em Magny-Cours, Juan Pablo Montoya surpreendeu a todos anunciando que se transferiria para a Nascar em 2007, pela sua antiga equipe na Indy, a Chip Ganassi. Fazendo uma temporada horrível, demorou dois dias para a McLaren anunciar que estava rescindindo o contrato do colombiano com efeito imediato, que logo se mandou para os Estados Unidos e os hambúrgueres. Era o fim da carreira de Juan Pablo Montoya na F1. Apesar do carisma e da velocidade, ficando muito abaixo do esperado. 

No complicado sistema de classificação de 2006, onde os carros começavam a última parte do treino com o combustível que largariam e passavam várias voltas apenas para queimar combustível com pneu velho para depois tentarem uma volta voadora, Schumacher e Alonso protagonizaram uma cena marcante, com os dois brigando para ver quem sairia primeiro para a pista, demonstrando o alto grau de rivalidade que já existia entre os dois pilotos. Michael marcou o tempo de 1:15.493, ficando com a pole position, com Massa logo trás. Era a segunda dobradinha no sábado de 2006 da Ferrari e a Renault acabou surpreendida. Alonso terminou em terceiro lugar e não podia esperar qualquer ajuda de Fisichella, que conseguiu apenas o sétimo tempo. Os dois Toyotas foram bem, em quarto e quinto, com Trulli à frente de Ralf e ambos Toyota à frente de Raikkonen. 

Grid:
1) M.Schumacher (Ferrari) - 1:15.493
2) Massa (Ferrari) - 1:15.510
3) Alonso (Renault) - 1:15.785
4) Trulli (Toyota) - 1:16.036
5) R.Schumacher (Toyota) - 1:16.091
6) Raikkonen (McLaren) - 1:16.281
7) Fisichella (Renault) - 1:16.345
8) De la Rosa (McLaren) - 1:16.632
9) Coulthard (Red Bull) - 1:16.663
10) Webber (Williams) - 1:16.129

O dia 16 de julho de 2006 estava quente e ensolarado em Magny-Cours, igual aos demais dias daquele final de semana em que a maioria da torcida, ao contrário do que acontece no resto do Globo, estava de azul, torcendo pela Renault. Era uma corrida de incerteza de quanto às estratégias que seriam utilizadas. Na largada, o pole Michael permaneceu na liderança, enquanto Alonso se esforçou para passar o segundo colocado Massa ainda nas primeiras curvas. Eles ficaram muito próximos e Alonso sabiamente decidiu recuar em vez de arriscar um contato. Atrás do trio principal, vinham a Toyota de Jarno Trulli em quarto, seguido pelo companheiro de equipe Ralf Schumacher, da McLaren de Kimi Raikkonen e o segundo Renault de Giancarlo Fisichella.

Massa estava fazendo o que Ferrari pediu a ele - segurar Alonso, enquanto Michael rapidamente se afastava na liderança. Alonso estava perto da segunda Ferrari, mas não tinha a possibilidade de obter a ultrapassagem. Massa foi o primeiro a ir aos boxes, na volta 17, e Alonso foi logo depois, demonstrando que ambos estavam em uma estratégia de três paradas. Em seguida, Raikkonen entrou, o que foi um pouco surpreendente, porque se pensava que a McLaren estava numa estratégia de duas paradas. Alonso tinha voltado atrás de Massa e De la Rosa, substituto de Montoya, era o próximo a fazer sua primeira parada. Ele foi seguido por Webber, Michael Schumacher e Fisichella, todos parando na volta 19. A Toyota estava na frente, com Trulli à frente de Ralf, enquanto Massa fazia a volta mais rápida em seu novo set de pneus Bridgestone. Trulli foi aos boxes, deixando Ralf na liderança até Schumacher Júnior também fazer sua primeira parada. Ralf teve um atraso no pneu traseiro esquerdo, que o fez perder algum tempo. Quando todos os pilotos fizeram suas primeiras paradas, a ordem era Michael, Massa, Alonso, Trulli, Raikkonen, Fisichella e Ralf.

Numa das raras ultrapassagens na pista, Raikkonen ficou lado a lado com Trulli na freada para o hairpin Adelaide e ultrapassou a Toyota, subindo para quarto. Raikkonen estava se aproximando de Alonso, mas Kimi antecipou sua segunda parada. No entanto, Massa parou um pouco depois e toda a sequência de paradas iniciou novamente. Com Massa temporariamente fora do seu caminho, Alonso estava forçando o máximo possível, tentando obter alguma vantagem sobre o brasileiro. Michael fez sua segunda parada e deixou Alonso na liderança pela primeira vez, mas foi de curta duração. A Ferrari saiu do pit lane logo atrás da Renault e o alemão ainda tentou a ultrapassagem, mas com pneus frios, preferiu se acalmar e esperar a parada de Fernando. Depois de correr confortavelmente nos pontos até então, Trulli abandonou com problemas de freio na volta 39, enquanto Webber tem um problema em sua parada, fazendo-o voltar aos boxes na volta 43 para abandonar com a roda quebrada. Enquanto isso, Alonso fez sua segunda parada, bem como Ralf e Rosberg, que aparentemente sofreu com problemas semelhantes aos de Webber, embora o de Rosberg não fora, evidentemente, tão grave. Os pilotos que parariam três vezes começaram a ir para os seus últimos pit-stops: Massa e Raikkonen na mesma volta e Michael uma volta depois. Alonso ficou na pista...

Descobriu-se que Alonso, apesar de fazer sua parada logo no começo, pararia duas vezes nos boxes. A Renault tinha decidido que se ele ficasse à frente de Massa na primeira volta, iria deixá-lo em uma estratégia de três paradas e se não o fizesse, seriam duas. E devidamente deu certo, pois o espanhol tomou o segundo lugar de Massa. E Alonso sabia que eram pontos importantíssimos. Michael recebeu a bandeira quadriculada para a sua vitória de número 88 na carreira, com Alonso em segundo à frente de Massa. Pela primeira vez na história da F1, um piloto vencia incríveis oito vezes numa mesma pista. Ralf fez um bom trabalho e terminou em quarto lugar, mas a Toyota poderia facilmente ter tido ambos os carros nos pontos se não fossem os problemas de Trulli. Raikkonen terminou quietamente em quinto, com De la Rosa em sétimo - foi um desempenho sólido o suficiente da McLaren, mas não parece haver qualquer grandes melhorias para brigar pela vitória. O carro de De la Rosa prontamente morreu assim que recebeu a bandeirada. Entre as McLarens estava Fisichella em sexto e Heidfeld, que teve uma tarde bastante tranquila, pegou o último ponto em oitavo. Não foi uma corrida muito excitante - Magny Cours raramente é -, mas muito interessante com as diferentes estratégias. Apesar das previsões de que a Renault viria bem na França, a Ferrari ficou no controle durante o fim de semana. Renault fez um pouco de controle de danos para que Alonso só perdesse dois pontos para Michael, em vez de quatro, mas a diferença constantemente está caindo no campeonato.

Chegada:
1) M.Schumacher
2) Alonso
3) Massa
4) R.Schumacher
5) Raikkonen
6) Fisichella
7) De la Rosa
8) Heidfeld

sexta-feira, 15 de julho de 2016

Passados vinte anos...

... e o acidente de Jeff Krosnoff ainda impressiona. Nas vésperas de mais uma corrida em Toronto, ontem fez vinte anos da morte do americano, além de um fiscal de pista, num dos acidentes mais brutais da história.

História: 15 anos do Grande Prêmio da Inglaterra de 2001

Se David Coulthard quisesse ter alguma chance de alcançar Michael Schumacher na luta pelo título de 2001, ele sabia que teria de vencer em Silverstone. E o escocês vinha de duas vitórias consecutivas em Silverstone, sendo a grande chance dele de diminuir o já enorme prejuízo que tinha no campeonato. Nos teste em Silverstone no mês anterior a McLaren tinha sido a mais rápida, no entanto nas últimas três corridas a McLaren fora mais lenta do que Ferrari e Williams, por isso era difícil prever o quão perto a McLaren estava de Ferrari e Williams na briga pela vitória. Além do mais, a McLaren vinha de cinco problemas nas largadas, um alto índice para um time que brigava pelo título, contudo, a maioria dos problemas aconteciam no carro de Mika Hakkinen, que vinha numa terrível temporada.

Quando a classificação começou, a pista estava úmida e por isso os pilotos esperaram longos 24 minutos para irem à pista. Emocionante, não? Michael Schumacher conseguiu sua 40º pole na sua carreira e a primeira no GP da Inglaterra. Mika Hakkinen estaria ao lado do alemão com David Coulthard em 3ª. Jarno Trulli foi impressionante ao ficar com o quarto tempo mais rápido, a apenas 0,003s atrás de Coulthard, enquanto Heinz-Harald Frentzen foi quinto à frente de um decepcionante Rubens Barrichello. Juan Pablo Montoya e Jacques Villeneuve tiveram problemas com seus carros titulares e tiveram que seus carros reservas na última parte da sessão. Montoya conseguiu se classificar em 8º lugar, apesar de ter apenas três tentativas (um dos quais ele abortou), enquanto Villeneuve foi um decepcionante 12º lugar, atrás de seu companheiro de equipe, Olivier Panis. Ralf Schumacher completou apenas nove voltas e terminou atrás de seu companheiro de equipe Montoya. Era apenas a segunda vez que Montoya conseguia qualificar-se na frente de Ralf em 2001, numa sessão extremamente decepcionante para a Williams.

Grid:
1) M.Schumacher (Ferrari) - 1:20.447
2) Hakkinen (McLaren) - 1:20.529
3) Coulthard (McLaren) - 1:20.927
4) Trulli (Jordan) - 1:20.930
5) Frentzen (Jordan) - 1:21.217
6) Barrichello (Ferrari) - 1:21.715
7) Raikkonen (Sauber) - 1:22.023
8) Montoya (Williams) - 1:22.219
9) Heidfeld (Sauber) - 1:22.223
10) R.Schumacher (Williams) - 1:22.283

O dia 15 de julho de 2001 amanheceu nublado em Silverstone e havia o temor de que a chuva pudesse voltar a qualquer momento, mas a pista estava seca na hora da largada e se manteria assim por toda a corrida, com um tímido sol quando os carros estavam preparados para largar. Hakkinen tinha tido muito azar nas largadas, mas se não fez uma ótima largada, pelo menos Mika largou. Michael Schumacher manteve a liderança à frente de Mika Hakkinen, no entanto, Coulthard não largou bem e acabou tocando em Trulli. Coulthard rodou e voltou na parte de trás do pelotão, enquanto Trulli abandonou no cascalho. Atrás deles, os companheiros de equipe Panis e Villeneuve se tocaram também, com Panis rodando no cascalho e abandonando. Os beneficiários destes incidentes foram Montoya, que conseguiu subir para terceiro (largando em oitavo), Barrichello em quarto (após sair de sexto) e Ralf Schumacher em sexto (largando em décimo). Dos que ficaram na pista o grande perdedor foi Frentzen, que largou em quinto e caiu para oitavo.

Após apenas algumas voltas estava claro que Mika Hakkinen era muito mais rápido que Michael e logo ele estava atacando o alemão. Na volta cinco, Mika passou Michael e começou a construir um vantagem, abrindo 2s por volta. Era óbvio que Hakkinen estava em uma estratégia de duas paradas, enquanto Michael faria apenas uma única parada. Dez voltas mais tarde, com Hakkinen na liderança, Montoya começa ameaçar Michael pelo segundo lugar e três voltas mais tarde ele conseguiu a ultrapassagem. Atrás de Michael vinha Barrichello e Ralf Schumacher. Com pouco mais de um terço de prova, Mika Hakkinen faz sua primeira parada, dando a liderança temporariamente para Montoya. Para alegria da McLaren, Hakkinen volta à frente de Michael! Algumas voltas mais tarde e Montoya faz sua parada e volta atrás de Barrichello e Ralf Schumacher. A Williams chegou a mandar Ralf ceder passagem à Montoya, mas o alemão faz ouvidos de mercador, deixando o ambiente da Williams ainda mais tenso. Ralf Schumacher faz sua única parada logo após a metade da corrida, mas quando ele voltou à pista, o piloto da Williams abandona com um problema no câmbio. Três voltas depois Mika Hakkinen, enquanto liderava, faz sua segunda parada e Michael Schumacher, mais de 20s atrás, segue-o para os boxes para sua única parada. Barrichello permanece na pista ainda para parar.

Algumas voltas depois, Montoya faz sua segunda e última parada e Barrichello faz sua única parada na volta seguinte. Michael Schumacher ocupa o segundo lugar, enquanto Barrichello consegue ficar à frente de Montoya. O colombiano reclamaria que perdeu o pódio por causa da desobediência de Ralf. A ordem manteve-se desta maneira sem nenhuma briga até o final da corrida. Atrás dos quatro primeiros, Kimi Raikkonen estava em quinto, com Nick Heidfeld na 6ª posição depois de uma briga interessante com Frentzen, que terminou em 7º. Era a primeira vitória de Hakkinen em Silverstone e no campeonato. Após várias dúvidas da real motivação de Hakkinen, o finlandês mostrava que ainda era capaz de vencer corridas. Coulthard havia abandonado no começo da corrida e com 37 pontos de diferença em 60 possíveis, Michael Schumacher parecia intocável rumo ao tetracampeonato.

Chegada:
1) Hakkinen
2) M.Schumacher
3) Barrichello
4) Montoya
5) Raikkonen
6) Heidfeld

quinta-feira, 14 de julho de 2016

História: 20 anos do Grande Prêmio da Inglaterra de 1996

Após o vexame da Ferrari em Magny-Cours, a falta de força da Benetton na França e mais uma dobradinha da Williams na terra da Renault, estava genuinamente claro que o campeonato de 1996 seria decidido pelos dois pilotos da Williams, com Damon Hill liderando o campeonato confortavelmente, enquanto Jacques Villeneuve fazia uma temporada de estreia até mesmo acima das expectativas. No circuito que leva o nome do seu pai, Villeneuve perdeu a corrida para Hill, que desta vez correria em casa. Silverstone com certeza estaria lotado para torcer por Hill, mas se com Mansell a torcida era um fator positivo, a frágil cabeça de Damon não funcionava tão bem quando pressionada, mesmo pelo lado positivo.

A Williams dominou os dois treinos livres, demonstrando ampla superioridade frente aos rivais, com seus dois pilotos muito próximos. Hill e Villeneuve, dois sobrenomes históricos, brigaram décimo a décimo pela pole. Faltando cinco minutos para o fim da sessão, Hill liderava, mas Villeneuve vinha com parciais mais rápidas, no entanto o canadense acabou atrapalhado por Hakkinen e o inglês pôde comemorar sua sexta pole em 1996 e a terceira seguida em Silverstone. O fator casa tinha ajudado Hill. Por enquanto. Quase 1s atrás, Schumacher tirava o máximo de sua Ferrari e ficava em terceiro, com Hakkinen surpreendendo com um ótimo quarto lugar com sua McLaren. A equipe Forti Corse tentou se classificar, mas com sérios problemas financeiros, o time italiano faria sua última participação na F1.

Grid:
1) Hill (Williams) - 1:26.875
2) Villeneuve (Williams) - 1:27.070
3) Schumacher (Ferrari) - 1:27.707
4) Hakkinen (McLaren) - 1:27.856
5) Alesi (Benetton) - 1:28.307
6) Barrichello (Jordan) - 1:28.409
7) Berger (Benetton) - 1:28.653
8) Brundle (Jordan) - 1:28.946
9) Coulthard (McLaren) - 1:28.966
10) Irvine (Ferrari) - 1:29.186

O dia 14 de julho de 1996 estava frio em Silverstone, inclusive com chuva pela manhã, mas quando a hora da largada se aproximou, a pista estava seca e havia até um pouco de sol, motivando 90.000 pessoas irem à velha base aérea torcer por Hill, que antes de entrar no carro, acenou e sorriu para multidão, tentando mostrar alguma confiança. Porém, no apagar das cinco luzes vermelhas, quem largou melhor foi Villeneuve, enquanto Hill deixava seu Williams patinar e na curva um, já caía para quinto. Schumacher também não larga bem e quem pula para segunda era Alesi, seguido por Hakkinen. 

Villeneuve liderava na frente da torcida de Hill, que tentava uma rápida recuperação e atacava com força a Ferrari de Schumacher na briga pela quarta posição. Isso até a volta 3, quando a Ferrari de Michael começou a claramente fumar (não tanto quanto a espetacular quebra na volta de apresentação na França). Mesmo uma quinzena de extensos testes de confiabilidade, a Ferrari já estava fora do Grande Prêmio da Inglaterra na quinta volta, quando Irvine também abandonou quando o motor italiano abriu o bico bem na reta dos boxes. A imprensa italiana já se preparava para malhar Jean Todt, como Judas na semana santa. Após se livrar de Schumacher, Hill imediatamente partiu para cima de Hakkinen, em terceiro. Enquanto isso, com pouco combustível em seu carro, Villeneuve disparava na frente, abrindo 1s por volta sobre Alesi. Ao contrário do companheiro de equipe, Hill estava numa estratégia de uma parada e com o carro mais pesado, não conseguia fazer uma manobra definitiva em cima de Hakkinen. Villeneuve fez sua primeira parada na volta 22, retornando à pista logo atrás de Hill. Porém, duas voltas mais tarde, Hill rodou quando vinha atrás de Hakkinen. Damon teria sucumbido à pressão? Um rolamento, possivelmente valendo poucas libras, havia quebrado na Williams, fazendo Hill rodar na Copse e o abandonar bem na frente de sua torcida, que logicamente estava extremamente decepcionada, apesar do aceno do inglês.

Alesi faria apenas uma parada, enquanto Hakkinen parou na volta 27, indicando que pararia duas vezes. Porém, o ritmo de Hakkinen não era bom o suficiente para assegurar sua posição no pódio e o finlandês ficaria atrás de Berger, na segunda Benetton. Enquanto isso, tendo que fazer uma segunda parada, Villeneuve andava no limite e quando chegou a vez da segunda parada do canadense, Jacques voltou à pista confortavelmente na liderança. Alesi estava num ritmo mais lento e permitia a aproximação de Berger, com ambos tendo aparentes problemas nos freios. Quando uma fumaça começou a sair da roda de Alesi, o francês foi aos boxes abandonar a corrida, já sem freios, enquanto Berger diminuía seu ritmo para esfriar seus freios, mas sua diferença para Hakkinen era tamanha, que o austríaco não teve muito trabalho para manter o segundo lugar. Rubens Barrichello, David Coulthard e Martin Brundle completaram a zona de pontuação. A Benetton chegou a impetrar um recurso contra uma suposta irregularidade na asa dianteira da Williams depois da corrida, mas acabou dando em nada. Vinte anos atrás, a F1 definitivamente não teve a melhor das corridas... Era a segunda vitória de Villeneuve na carreira, mas o canadense ainda estava quinze pontos atrás de Hill no campeonato, porém a certeza era que um piloto da Williams seria o campeão de 1996.

Chegada:
1) Villeneuve
2) Berger
3) Hakkinen
4) Barrichello
5) Coulthard
6) Brundle