quarta-feira, 6 de julho de 2016

História: 30 anos do Grande Prêmio da França de 1986

A emocionante temporada de 1986 chegava à sua metade na França e mesmo a Williams tendo o melhor carro do ano, quem liderava o campeonato era Ayrton Senna e Alain Prost. Vindo de uma vitória sensacional em Detroit, Senna tirava o máximo possível do seu Lotus-Renault, enquanto Prost, consciente de que seu McLaren-TAG era mais lento do que o Williams-Honda, pontuava o máximo possível e tentava tirar proveito da cada dia mais quente rivalidade entre Nelson Piquet e Nigel Mansell. Após o acidente fatal de Elio de Angelis, o circuito de Le Castellet havia mudado bastante, com o circuito perdendo 2 km de extensão e passando de um circuito de alta velocidade, para um de média velocidade, mesmo ainda contando com a enorme reta Mistral. Patrick Tambay estava de volta ao seu carro após o acidente em Montreal que o deixou de fora de duas corridas, mas o francês teria um novo engenheiro em seu carro, o até então desconhecido Adryan Newey.

Nos treinos, Ayrton Senna pôde experimentar o novo motor Renault que estava reservado unicamente à ele logo na sexta-feira e o brasileiro marcou o tempo mais rápido do primeiro dia, superando Nigel Mansell. No sábado, logo no começo da classificação, motores quebrados de Boutsen e Andrea de Cesaris manchou a pista de óleo e impossibilitou a melhora de tempo de Mansell e os demais pilotos, confirmando a 12º pole de Senna na F1. Como de costume, os três primeiros no grid foi completado por Piquet, que recebeu um novo chassi para substituir o destruído em Detroit. Quando ainda estava na Brabham com pneus Pirelli, Piquet venceu em Paul Ricard em 1985, mostrando que os pneus italianos se adaptavam muito bem ao áspero asfalto francês e isso ficou provado com o quarto lugar de Arnoux, da Ligier com pneus Pirelli. A McLaren (quinto com Prost e sétimo com Rosberg) foi prejudicada pela falta de potência do motor TAG na versão de classificação. Prost foi envolvido no sábado em um confronto sem sentido com Alboreto na curva Beausset. Apesar deste incidente, Alboreto (sexto) ficou entre os dois carros da McLaren.

Grid:
1) Senna (Lotus) - 1:06.526
2) Mansell (Williams) - 1:06.755
3) Piquet (Williams) - 1:06.797
4) Arnoux (Ligier) - 1:07.075
5) Prost (McLaren) - 1:07.266
6) Alboreto (Ferarri) - 1:07.365
7) Rosberg (McLaren) - 1:07.545
8) Berger (Benetton) - 1:07.554
9) Fabi (Benetton) - 1:07.818
10) Johansson (Ferrari) - 1:07.874

O dia 6 de julho de 1986 amanheceu nublado na região de Paul Ricard e havia a real possibilidade de chuva para a hora da corrida, mas na hora da largada, a pista estava seca. Se em 1985 o forte calor marcou a corrida e ajudou quem estava com pneus Pirelli, em 1986 o clima estava frio, mas ainda assim havia a previsão de duas paradas. Nos Esses da Verrerie, um buquê de flores foi colocado em homenagem à Elio de Angelis, morto pouco tempo antes ali. Quando a luz vermelha acendeu, Alboreto agitou seus braços, dizendo que sua Ferrari estava com o motor apagado, mas Derek Ongaro não percebeu e acendeu a luz verde normalmente. Alboreto e Danner ficaram parados no grid, mas felizmente todos os evitaram. Mansell larga muito bem e toma o primeiro lugar de Senna, enquanto Arnoux e Berger largam soberbamente, ao contrário de Piquet, que caía para sétimo.

Mansell imprimi um ritmo velocíssimo e abre mais de 1s por volta em cima de Senna, que fazia uma corrida de espera, mas o brasileiro não teria uma corrida muito longa. Ainda na terceira volta, Andrea de Cesaria quebra o turbo na curva Beausset, deixando muito óleo no processo. Na volta seguinte, Mansell percebe a mancha de óleo a tempo e desvia, mas Senna não percebe, escorrega no óleo e passa reto rumo as cercas de proteção, numa batida forte, porém o piloto da Lotus estava ileso. Com a saída prematura de Senna, a vantagem de Mansell para o agora segundo colocado Arnoux passava dos 4s, com Berger em terceiro, segurando Prost, enquanto Rosberg era quinto e Piquet, que já havia ultrapassado Dumfries, era sexto, mas com problemas de equilíbrio do seu Williams, ao contrário do companheiro de equipe. Berger segurava um pelotão atrás de si, mas na volta 9 Prost assume o terceiro lugar com uma ultrapassagem na curva Signes e logo o austríaco era ultrapassado seguidamente, até Berger se envolver em um incidente com o retardatário Danner e ir aos boxes trocar o bico de sua Benetton. Prost aumentou o ritmo e logo brigaria com o seu velho rival Arnoux pelo segundo lugar. Sempre que os dois franceses se encontravam, a briga era encarniçada, pois Arnoux sempre acusou Prost de tê-lo prejudicado nos tempos de Renault. Porém, os pneus Pirelli estavam se desgastando demais e Arnoux estava muito mais lento, cedendo a posição não apenas para Prost, mas também para Rosberg, até o francês da Ligier fazer sua primeira parada na volta 19.

Na volta 23, um apagado Nelson Piquet faz sua primeira parada e volta em sexto, mas mais importante, à frente de Arnoux. Duas voltas mais tarde é a vez de Mansell, enquanto as McLarens resolvem ficar mais tempo na pista, com Prost e Rosberg em primeiro e segundo, porém, Prost perdia muito tempo com os retardatários. Na volta 31, Rosberg faz sua primeira visita aos boxes e volta em quarto lugar, atrás de Piquet. Próximo da metade da prova, ficava claro que a raposa felpuda Prost pararia apenas uma vez e o piloto da McLaren faz seu único pit-stop na volta 37, voltando bem na frente de Piquet. Enquanto Mansell tinha uma vantagem de 17s na ponta da corrida, Prost, Piquet e Rosberg corriam próximos e quando Piquet comete um erro enquanto ultrapassava um retardatário, Rosberg aproveita para tomar o terceiro lugar do brasileiro. Na volta 45, Philippe Steiff tem um vazamento de combustível em seu turbo, causando um enorme incêndio no seu Tyrrell. Bombeiros mal preparados fizeram com que a tensão do incêndio permanecesse por várias voltas, mas se não houve feridos, a sombra da morte de Elio de Angelis, morto por falta de preparo das equipes de apoio, veio à tona novamente em Paul Ricard trinta anos atrás.

Assim como havia acontecido durante a primeira rodada de paradas, é Piquet que vai primeiro aos boxes, na volta 51, fazendo um pit-stop sem incidentes. Três voltas depois é a vez de Mansell, com o inglês fazendo sua segunda mudança de pneus em 9.3s. O inglês volta à pista 9s atrás de Prost e um pouco à frente de Rosberg. Com pneus mais novos, Mansell parte para cima de Prost e marca a volta mais rápida da corrida, enquanto o francês era incomodado por vibrações após uma pedra danificar o seu chassi. Na volta 59, sem maiores dificuldades, Mansell reassume a liderança na reta dos boxes e imediatamente aumenta a diferença para a McLaren, enquanto Piquet começava a se aproximar de Rosberg, que não pararia mais, enquanto o brasileiro tinha pneus mais novos. Assim como aconteceu na briga pela liderança, Piquet tirou toda o déficit que tinha para Rosberg para ultrapassa-lo na reta dos boxes, já nas voltas finais da corrida, com o finlandês ainda tendo que economizar combustível no final. Nigel Mansell dominou a prova com facilidade notável. Ele levou sua corrida de acordo com o potencial do seu carro lhe permitiu, sendo o suficiente para superar Prost facilmente. Além disso, a Williams tinha uma vantagem clara em termos de consumo de combustível sobre a McLaren. Nem Mansell nem Piquet tiveram a desacelerar no final da prova, o mesmo não acontecendo com Prost e Rosberg se arrastou nas voltas finais. Alain Prost assumia o comando do campeonato, mas não mostrava otimismo. A Williams parecia ainda mais forte e Mansell, ainda mais motivado.

Chegada:
1) Mansell
2) Prost
3) Piquet
4) Rosberg
5) Arnoux
6) Laffite 

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