Por muitos anos o Grande Prêmio da França foi um pouco itinerante, passando por vários circuitos no território francês, até se estabelecer em Paul Ricard em meados dos anos 1980. Magny Cours era um circuito de certa forma tradicional na França, onde havia uma famosa escola de pilotagem, além da fábrica da Ligier praticamente dentro do autódromo. Com a desculpa de fomentar o turismo na região de Nevers, François Mitterand reformou Magny-Cours e fez com que o Grande Prêmio da França fosse para lá em 1991, mas a verdade era que Mitterand e Guy Ligier eram muitos amigos e isso foi mais um ato de amizade, do que algo de bom para a sociedade local. Para quem pensa que apenas os conservadores políticos brasileiros ajudam seus amigos, os socialistas franceses também o faziam... Quando as equipes chegaram à Magny-Cours essa sensação ficou ainda maior, pois a infra-estrutura local era péssima para acomodar todo o circo da F1, com a maioria das equipes ficando em pequenos hotéis, mesmo assim, à quilômetros do circuito, muito moderno em suas instalações e mostrando um novo tipo de circuito na F1: muito curto, para o público ter a oportunidade de ver os carros passarem várias vezes durante a corrida, além de um claro ponto de ultrapassagem.
Nos treinos, a Williams novamente mostrava muita força, mas a Ferrari vinha com uma nova versão do modelo 643 e correndo em casa, Alain Prost finalmente brigou por algo mais dos que as migalhas. Patrese ficou com sua terceira pole consecutiva em 1991, com Senna fazendo de tudo para bater o tempo do italiano da Williams, mas o brasileiro acabou errando na curva final, entrou de ré na reta dos boxes e perdeu a chance de ficar com pole, ainda tendo que ver Prost ficar com um lugar na primeira fila. Numa classificação muito apertada, os quatro primeiros colocados ficaram separados apenas por três décimos, com Mansell novamente atrás de Patrese.
Grid:
1) Patrese (Williams) - 1:14.559
2) Prost (Ferrari) - 1:14.789
3) Senna (McLaren) - 1:14.857
4) Mansell (Williams) - 1:14.895
5) Berger (McLaren) - 1:15.376
6) Alesi (Ferrari) - 1:15.877
7) Piquet (Benetton) - 1:16.816
8) Moreno (Benetton) - 1:16.961
9) Gugelmin (Leyton House) - 1:17.015
10) Morbidelli (Minardi) - 1:17.020
O dia 7 de julho de 1991 estava um pouco nublado na região de Nevers, mas o circuito de Magny-Cours recebeu um ótimo público para a sua primeira corrida de F1 e a prova teria pista seca. Patrese não havia aproveitado nenhuma de suas poles anteriores, mas na França, o piloto de Pádua se perdeu completamente com seu câmbio semi-automático e dá para se dizer que Patrese mais quicou do que largou, perdendo várias posições logo na luz verde. O piloto da Williams caía para nono e para a alegria da galera, Prost assumia a liderança da sua corrida caseira, seguido por Mansell e Senna.
Prost tentava escapar na frente e finalmente vencer pela primeira vez em 1991, mas Mansell permanecia na espreita, enquanto logo nas primeiras voltas ficava claro que Senna não tinha ritmo suficiente para acompanhar os líderes, ficando para trás, liderando um trem que tinha Berger, Alesi e um pouco mais atrás, Nelson Piquet. Contudo, Berger tem o seu motor Honda quebrado ainda na sétima volta, garantindo o quarto abandono seguido do austríaco, enquanto que no hairpin Adelaide, o ponto mais claro de ultrapassagem do circuito, os italianos Pierluigi Martini e Stefano Modena se enroscam, perdem várias posições, mas permanecem na corrida. De forma surpreendente, Gianni Morbidelli da Minardi corria em sexto e de forma mais surpreendente ainda, o italiano atacava Piquet pelo quinto lugar. No hairpin Adelaide, Morbidelli tenta a ultrapassagem, mas acaba errando e roda, acabando com sua bela corrida. Piquet desvia de Morbidelli, mas Patrese se aproveita para ganhar a posição dos dois e subir para quinto, tentando diminuir o prejuízo de sua terrível largada. Prost sempre foi conhecido pela extrema cautela em ultrapassar os retardatários e quando chegou em Andrea de Cesaris, o francês acabou atrapalhado pelo veterano italiano. Dois segundos atrás, Mansell encostou de vez em Prost e numa bela manobra no hairpin Adelaide, o inglês assumiu a liderança na volta 22.
Logo depois começa a rodada de paradas e como era comum vinte e cinco anos atrás, a Williams foi bem mais lenta do que a Ferrari e Prost reassume a ponta quando todos os carros fizeram suas paradas. Porém, Mansell permanecia próximo, numa luta forte e próxima entre as duas grandes estrelas da ocasião. Mais de 30s atrás, a outra estrela de 1991 Ayrton Senna fazia uma corrida apagada e ainda tinha a incômoda presença de Alesi pouco mais de 2s atrás. Na volta 50, Mansell pegou o vácuo de Prost na reta oposta e na freada do hairpin, o inglês consegue a ultrapassagem definitiva. O inglês abre pouco mais de 5s até o final da corrida e vence na casa de Prost, que parecia feliz com seu desempenho em Magny-Cours. Senna ainda sofreu ataques nas voltas finais de Alesi, mas garantiu pontos importante no campeonato numa corrida burocrática do piloto da McLaren. Piquet tem que fazer uma segunda parada já nas voltas finais e sai da zona de pontuação, fazendo com que Andrea de Cesaris marcasse pontos pela terceira consecutiva. Com essa vitória, Mansell assumia a vice-liderança do campeonato, enquanto Senna, ainda folgado na frente, começava a se preocupar com o desempenho ascendente da Williams-Renault e da motivação de Nigel Mansell.
Chegada:
1) Mansell
2) Prost
3) Senna
4) Alesi
5) Patrese
6) De Cesaris
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