Ultimamente o Grande Prêmio da Hungria vinha tendo algumas corridas boas, o que motivou até mesmo elogios à pista húngara. 'É uma pista dos bons tempos', falaram alguns em fóruns do Facebook da vida. Contudo, fala-se que o brasileiro tem como principal característica a memória curta e o mesmo deve valer para quem acompanha a F1. Dez, quinze, vinte anos atrás, o que costumeiramente chamam de 'bons tempos', o Grande Prêmio da Hungria era considerada a pior corrida do calendário pela pista travada e estreita, proporcionando espetáculos nada agradáveis aos olhos de quem assistia a prova. Normalmente a largada decidia as posições. Pois hoje tivemos uma corrida como nos 'bons tempos'. A briga pela liderança foi decidida na largada à favor de Lewis Hamilton, que assumiu pela primeira vez a ponta do campeonato. Os dois ficaram sempre próximos, mas sem nenhuma chance de ultrapassagem. O mesmo aconteceu nas brigas Red Bull x Ferrari, com os carros vermelhos mais rápidos no fim, mas com os carros azuis se mantendo na frente.
Como dito anteriormente, a corrida foi decidida na largada, quando Lewis Hamilton largou claramente melhor do que Nico Rosberg, mesmo estando no lado sujo da pista. Tracionando melhor, o inglês ficou por dentro da curva e mesmo evitando uma manobra agressiva de Verstappen, Hamilton não teve muito trabalho para despontar na ponta na primeira curva. Rosberg teve uma largada conservadora, chegando a perder a segunda posição para Ricciardo, para recupera-la rapidamente, ainda na curva três, para não se distanciar de Hamilton, iniciando uma briga de gato e rato, onde os dois pilotos da Mercedes variaram a corrida inteira entre 0.5 e 3s de diferença. Os retardatários foram um fator importante, com Hamilton chegando a mostrar o dedo do meio para Esteban Gutierrez, quando o mexicano o atrapalhou por meia volta, trazendo Rosberg novamente na traseira de Lewis. Mesmo assim, o inglês se comportou muito bem, administrando muito bem a pressão do companheiro de equipe. Nico Rosberg não deve ser acusado de ter tido uma pilotagem opaca, mas em nenhum momento insinuou uma ultrapassagem, mesmo tendo direito a asa aberta várias vezes. Quando, nas últimas voltas, a diferença baixou para 1s entre os dois pilotos da Mercedes, a TV preferiu continuar mostrando a animada briga entre Verstappen e Raikkonen, pois meio que sabia que na luta pela liderança não sairia nada. Agora em desvantagem no campeonato, Nico Rosberg tem que dar uma resposta imediata para não ficar conhecido como o primeiro piloto da história da F1 em ter vencido as quatro primeiras provas do campeonato e não ser campeão. Trocando em miúdos, Nico lutará para não se tornar o maior banana da história da F1...
Com a Mercedes tendo uma bela vantagem de 20s sobre as suas mais próximas adversários, restou Red Bull e Ferrari brigarem para ser o melhor do resto, com vantagem para os austríacos. Daniel Ricciardo fez uma ótima largada, chegou a assumir a segunda posição, mas vacilou na curva 3, contudo o australiano se manteve surpreendentemente próximo dos pilotos da Mercedes na primeira metade da corrida, chegando a mudar sua estratégia para tentar um bote pelo menos em Rosberg. Porém, antecipar a segunda parada fez com que Ricciardo tivesse pneus muitos desgastados no fim e recebesse uma grande pressão de Vettel nas voltas finais, mas sem maiores arroubos, Daniel conseguiu seu primeiro pódio desde Monte Carlo e voltou a sorrir, após etapas sendo superado por Verstappen. O jovem holandês acompanhou de perto seu companheiro de equipe no início da corrida, mas quando fez sua primeira parada, Verstappen ficou preso atrás de Raikkonen, numa estratégia diferente, e perdeu contato com Ricciardo. Quando Raikkonen, numa ótima prova de recuperação, colocou pneus supermacios no fim da prova, iniciou-se uma bela disputa entre o experiente finlandês, com quase o dobro de idade do seu rival, e o adolescente holandês. O ponto alto da corrida foi a briga entre Raikkonen e Verstappen, com toques e ameaças pelo rádio, mas pela característica da pista, Verstappen segurou o rojão de Raikkonen e permaneceu em quinto. Vettel apareceu mais reclamando dos retardatários do que atacando Ricciardo, numa atitude já meio infantil do tetracampeão. Se a Mercedes está num patamar superior, dá para dizer que um degrau abaixo vem Red Bull e Ferrari, nessa ordem, sozinhos na luta por quem será a segunda força da F1 em 2016.
Já 40s atrás de Raikkonen, veio o resto da F1 e aproveitando da pista travada e o equilíbrio do carro, Fernando Alonso levou sua McLaren ao sétimo lugar. Mesmo estando muito aquém das tradições da McLaren, é espantoso a evolução conseguida pela parceria McLaren-Honda em 2016, lembrando que ano passado a equipe largou dos boxes em Budapeste, com milhares de punições a cumprir, com um carro que não andava e quebrava bastante. Sétimo lugar, sendo o melhor da 'terceira divisão' da F1, já é um alento para a McLaren e Alonso, enquanto Button teve uma corrida problemática e abandonou no final. Atrás de Alonso apareceu seu compatriota Sainz, em outra prova sólida do espanhol, que de forma consistente, vem colocando seu Toro Rosso nos pontos, ao contrário de Kvyat, novamente punido infantilmente ao não travar seu carro o suficiente no pit-lane e excedendo o limite de velocidade. Numa pista em que não favorecia seus pontos fortes, a Force India foi bem discreta, com Nico Hulkenberg marcando o último ponto de hoje, enquanto Sergio Pérez cometeu o mico do dia ao entrar nos boxes da equipe com ninguém esperando, perdendo muito tempo e saindo completamente da briga pelos pontos.
Pontos. Hoje é esse o objetivo da Williams no campeonato. Largando em nono, tudo o que Bottas conseguiu foi manter sua posição, enquanto Felipe Massa, largando no final do grid devido à sua batida na classificação, teve uma corrida medíocre, onde não saiu do final do pelotão e se o brasileiro sonha em conseguir algo melhor para 2017, a atuação de hoje não o ajudou em nada. Uma opção seria a Renault, que quase marcou pontos com Jolyon Palmer, se o opaco inglês não tivesse rodado quando estava na frente de Hulkenberg, mas Palmer ainda superou um ainda mais discreto Kevin Magnussen. Se Massa quiser a Renault e, lógico, montadora quiser o brasileiro, ambos terão que melhorar bastante para 2017. Gutiérrez só apareceu quando Hamilton lhe mostrou o dedo do meio, enquanto a Sauber continuou na sua draga que é 2016. A Manor fez sua corrida de sempre, respeitando as bandeiras azuis, como bons retardatários que são.
A corrida pode não ter sido um primor de emoção, mas fez valer a tradição magiar de corridas sem ultrapassagens, mas com boas brigas, como a de Raikkonen e Verstappen. No campeonato, Hamilton assume a ponta do campeonato pela primeira vez e se Nico Rosberg não der uma resposta rapidamente, ainda mais correndo em casa semana que vem, o tetracampeonato de Lewis será favas contadas. Acorda Nico!
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