domingo, 10 de julho de 2016

Não falta emoção

Décima etapa do campeonato 2016. Nona vitória da Mercedes, sendo mais uma dobradinha. O certame desse ano está tão chato quanto a regular temporada 2014 e o porre do ano passado? Nada disso! Próximo a metade do campeonato, a F1 vem mostrando até agora corridas excelentes e mesmo com a Mercedes continuando a dominar, as corridas vem sendo muito boas até esse momento e o campeonato cada vez mais acirrado, com Hamilton vencendo pela quarta vez em Silverstone e transformando a enorme diferença que Rosberg tinha no campeonato numa exígua vantagem de quatro pontos à favor do alemão. E chegando à metade do ano, a F1 vai ganhando uma estrela: Max Verstappen. O holandês fez outra baita corrida, protagonizando com Rosberg uma das melhores disputas do ano, valendo o segundo lugar e se Nico ganhou, foi mais por estar de Mercedes do que por outro motivo.

O Grande Prêmio da Inglaterra começou de forma bizarra, começando pela histórica presepada da repórter da Globo, Mariana Becker, na minha opinião bastante fraquinha, deixando vazar no ar que ia fazer xixi (Risos eternos). Porém, o que incomodou mesmo foi o safety-car na largada. Os nostálgicos adoram rasgar a seda do passado, dizendo que a F1 era bem melhor em outros tempos e que o agora não presta, sendo que muitas vezes esses mesmos nostálgicos utilizam de memória seletiva, como já falei algumas aqui. Porém, a própria F1 dá armas para essas pessoas falarem mal da categoria e preferirem os chamados 'bons tempos'. Para que cinco voltas atrás do safety-car? A pista estava muio molhada? Os pneus Pirelli de chuva extrema estava montado nos carros, além do mais, havia sol forte na hora da largada e a visibilidade não seria um grande problema. E tome lembranças de grandes corridas em Silverstone que começaram com muita chuva no passado... Quando o Mercedão foi para os boxes, a pista já estava mais para os pneus intermediários e rapidamente todos procuraram os boxes, fazendo com que não houvessem muitas mudanças entre os líderes. Hamilton liderava à frente de Rosberg e Verstappen, enquanto Pérez deu o pulo do gato e subiu para quarto, à frente de Ricciardo e Raikkonen. Porém, a pista secava ainda mais e os pilotos logo procuraram os pits para colocar pneus slicks. Para não pararem mais, todos os pilotos colocaram os pneus duros, mesmo a Pirelli solicitando que fossem dado no máximo 28 voltas com esse pneu por motivo de segurança, mas ainda faltavam muito mais do que isso. Com pneu para chuva extrema, intermediário ou pneu duro, Lewis Hamilton não foi incomodado em nenhum momento e tirando a saída de pista (onde a maioria do pelotão o fez) na traiçoeira curva um, o inglês foi absoluto durante toda a corrida, vencendo praticamente de ponta a ponta, fazendo Silverstone reviver os tempos de Nigel Mansell com uma grande festa. Hamilton quase deu uma de Helio Castroneves (Luís Roberto disse que Senna fazia isso. Se o fez, estejam à vontade para me corrigir, mas sinceramente não me lembro) e foi bem próximo da torcida enquanto vibrava. Lewis tem muito o que comemorar. Foi a sua quarta vitória em Silverstone, se tornando o britânico mais vitorioso na mítica pista inglesa, já que Mansell venceu uma de suas provas na Inglaterra em Brands Hatch. Hamilton também se igualou ao não menos mitológico Jim Clark com três vitórias seguidas em casa. E se após a quarta etapa Rosberg parecia ter uma vantagem inexpugnável, na metade do campeonato Hamilton tem apenas quatro pontos de desvantagem para o rival da Mercedes, com Lewis agora na crista da onda.

E o resultado poderia ter sido muito pior para Rosberg. Max Verstappen deu um show nas condições mistas de Silverstone e poderia (e merecia) muito bem ter ficado com o segundo lugar. O holandês fez uma belíssima ultrapassagem por fora em Rosberg na Becketts e estava tão rápido quanto Hamilton com pneus intermediários. Com slicks, Rosberg cresceu de rendimento e partiu para cima do piloto da Red Bull, mas se em outros tempos o motorzão Mercedes engoliria a Red Bull, esse ano a Renault está bem melhor e Verstappen, com sua pilotagem agressiva, vendeu bem caro a ultrapassagem, com Rosberg efetivando a manobra já no final da prova, para levar um grande susto no final, quando o seu câmbio ficou travado na sétima marcha e como recebeu instruções da Mercedes, Nico ainda estava sob investigação. Após a manobra bruta na Áustria, Rosberg não teve a mínima chance de sequer encostar em Hamilton e com o inglês cada vez mais forte, não será surpresa Nico perder a liderança do campeonato já na próxima etapa, na Hungria. O que seria outro forte golpe em Rosberg. Vendo hoje, a polêmica troca que Helmut Marko bancou entre Max Verstappen e Daniil Kvyat vem se mostrando muito mais do que uma aposta, mas uma enorme premonição do austríaco. Verstappen vem, literalmente, levantando a galera com sua pilotagem agressiva e, melhor nos dias de hoje, sem comprometer os pneus. O holandês brigou de igual para igual com a Mercedes de Nico Rosberg em condições mutáveis e difíceis. Foi outra grande pilotagem de Verstappen, que vem deixando Ricciardo cada dia menos sorridente. Se com Kvyat o australiano era absoluto dentro da Red Bull, hoje é uma mera sombra do jovem companheiro de equipe. Ricciardo foi suplantado sem dó, nem piedade por Verstappen em todos o final de semana. Após ultrapassar Pérez, Ricciardo mal apareceu na corrida, ficando num solitário quarto lugar.

Se amanhã a Ferrari ainda vier dizendo que acredita no título, é melhor mandar internar seus chefes. Já dá para cravar que a Ferrari perdeu o posto de primeira perseguidora da Mercedes para a Red Bull, enquanto Raikkonen fazia outra corrida correta para terminar em quinto, mesmo posição em que largou, numa ultrapassagem nas últimas voltas em cima de Pérez. Já Vettel esteve irreconhecível. Mesmo correndo em piso molhado, onde é reconhecidamente um dos melhores, o alemão não esteve no nível sequer de Raikkonen, saindo da pista várias vezes e se o finlandês ultrapassou de forma justa Pérez, Vettel precisou jogar o carro em cima de Massa para terminar a ultrapassagem que lhe deu apenas a nona posição. Muito pouco para quem falava em brigar pelo título. A Ferrari terá que mirar em 2017, sendo que cabeças poderão rolar até lá. Sergio Pérez fez outra ótima corrida, se aproveitando das condições confusas do início da corrida para pular para quarto, superando Ricciardo e Raikkonen, porém, o mexicano vendeu caro as ultrapassagens e o sexto lugar mostra que o mexicano volta a se credenciar a futuro piloto de equipe de ponta, algo que Hulkenberg um dia esteve nessa situação, mas as seguidas surras que vem levando de Pérez já não deixa mais transparecer. Sainz e Kvyat marcaram pontos com a Toro Rosso, sendo que o russo finalmente conseguiu algum ponto com a nova equipe, porém, novamente atrás do jovem companheiro de equipe.

Assim como a Ferrari, a Williams falava grosso no começo de 2016 e novamente a tradicional equipe inglesa ficou fora dos pontos, em outra prova bem abaixo da expectativa. Mesmo numa pista veloz, a crônica falta de desempenho da Williams em piso molhado se fez presente novamente e Massa ainda foi um dos poucos que pararam três vezes. Assim como Hulkenberg, Bottas vem numa fase menos boa e se o finlandês ainda sonha com um posto numa equipe que brigue por vitória, está passando da hora de melhorar seu desempenho. Mesmo largando bem na frente de Massa e fazendo uma parada a menos, Bottas terminou atrás do companheiro de equipe. Alonso batalhou bastante, passou a maior parte da corrida na zona de pontos, mas sua espetacular rodada fez com que o espanhol fizesse uma terceira parada, o tirando da zona de pontos, enquanto Button, com sua pilotagem limpa e suave, ainda mais em condições difíceis, novamente terminou outra corrida, quietamente, na frente de Alonso. Nasr chegou a aparecer em quinto, mas a mediocridade do seu carro derrubou dez posições, mas já dá para perceber uma evolução do brasileiro na claudicante Sauber. A Renault só apareceu quando liberaram Palmer com apenas três pneus numa das paradas. A equipe francesa está rezando para 2016 terminar logo e a preparação para 2017 já deve estar ocupando bem mais as mentes em Enstone do que o péssimo 2016. Após os milagrosos pontos na Áustria, Wehrlein foi um dos primeiros a rodar e abandonar em Silverstone, sendo seguido por Haryanto.

A corrida começou de forma chata e irritante, pois se o safety-car estava na pista por segurança, causou foi um ato ainda mais inseguro, pois a pista melhorou e vários carros foram aos boxes colocar os pneus intermediários, fazendo com que vários acidentes quase acontecessem dentro do pit-lane. Porém, o show ficou por conta de Lewis Hamilton, que dominou a seu bel-prazer sua corrida caseira, enquanto mais atrás, Rosberg e Verstappen batalhavam lindamente pela segunda posição. Foi uma corrida para ficar na frente da TV (sem tempo de ir fazer xixi...) com gosto, enquanto o campeonato fica cada vez mais acirrado. O domínio da Mercedes continua, mas não falta emoção!

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