sábado, 23 de julho de 2016

Do tamanho da corrida

Me recordo que a corrida na Hungria era tão chata, que todos torciam para chover. Só que nunca chovia em Budapeste em final de semana de F1. Dez anos atrás houve a histórica corrida em que Button venceu pela primeira vez na F1 numa prova com muita chuva, abrindo as torneiras magiares e ultimamente, chove bastante nos finais de semanas húngaros de F1. A classificação de hoje foi tão atribulada, que durou praticamente o mesmo tempo da corrida, com quase duas horas de extensão. Porém, o resultado não mudou, com a Mercedes dominando a primeira fila, contudo, o melhor tempo de Nico Rosberg deve estar agora sob observação, pois foi claro que o alemão marcou sua pole com bandeira amarela à mostra. Mais uma polêmica no mundo da Mercedes, que terá que aturar essa briguinha entre Lewis e Nico até 2018, com a renovação de Rosberg nesta sexta-feira.

Apesar de muito se criticar que a F1 está cuidadosa demais quando chove, o atraso em se começar o treino foi válido, pois a pista estava muito encharcada e uma segunda pancada de chuva trouxe a bandeira vermelha de volta, atrasando ainda mais a programação. De fora, é muito fácil criticar, mas ninguém coloca o bumbum a quase 300 por hora com pista encharcada e o carro aquaplanando. E não devemos nos esquecer jamais as condições que propiciaram o acidente fatal de Bianchi... Porém, quando a pista foi liberada, houve três outras bandeiras vermelhas por acidentes provocados por Marcus Ericsson, Felipe Massa e Rio Haryanto. No caso dos dois primeiros, vale destacar a bela exibição de Nasr em pista molhada, superando em muito Ericsson, com o brasiliense chegando a liderar o Q1, enquanto Massa bateu em sua volta de aquecimento, quando ainda experimentava os pneus intermediários. Que Massa não anda bem em piso molhado, não é nenhuma novidade, mas a notícia, ainda à se confirmar, de que Button foi contratado pela Williams em 2017, põe a carreira de Felipe Massa em xeque, pois restaria de vaga decente apenas a Renault, sendo que somente pelo potencial se acredita que os franceses poderá se tornar um lugar decente, pois a atualidade da Renault não é nada boa, com seus dois piloto novamente fora do Q2. Se Massa se aposentar, restará apenas Nasr se arrastando com a Sauber. Isso, se a Sauber renovar com o brasileiro. Qual o interesse da Rede Globo em continuar transmitindo a F1 sem brasileiros?  Olhando nas categorias de base, apenas Sergio Sette Câmara parece ter seu caminho mais ou menos traçado na F1, com o mineiro sendo apoiado pela Red Bull, mas sem mostrar grandes coisas na F3 Europeia. Saindo a Globo, naturalmente entraria a Sportv, com sua transmissão de endeusamento de Ayrton Senna e ufanismo tolo e sem sentido. O futuro à curto prazo da F1 no Brasil é no mínimo sombrio.

Voltando à pista, a pista secava a tal ponto de fazer sol forte no Q2 e os pilotos já estarem montados com pneus supermacios. A única zebra foi Raikkonen ter ficado de fora do Q3, mas Hamilton e Ricciardo escaparam por muito pouco. Ambos saíram da pista na traiçoeira freada da curva um, com o australiano garantindo seu lugar no Q3 na bacia das almas e Hamilton, tendo perdido sua última volta pelo erro cometido, ficando em décimo, apenas um décimo de segundo à frente do 11º, Romain Grosjean. Destaque para o bom desempenho da McLaren, com Alonso chegando a liderar o Q2 com tempos consistentes e o tradicional time inglês colocando seus dois pilotos no Q3 com relativo conforto. E foi Alonso que definiu o Q3. Hamilton e Rosberg lideravam a classificação, com Ricciardo bastante próximo, em terceiro. Hamilton vinha atrás de Alonso a ponto de fazer um ótimo tempo, quando o espanhol rodou e estragou a volta de Lewis. Rosberg vinha mais atrás e claramente ignorou as bandeiras amarelas mostradas, sendo praticamente o único a melhorar seu tempo, lhe garantindo a pole, que deverá ser cassada a qualquer momento. A cara de poucos amigos dos pilotos da Mercedes mostravam mais uma vez tensão dentro da equipe. De Hamilton, por perceber que Nico Rosberg está sendo capaz de tudo para lhe superar, inclusive transgredir as regras. De Rosberg, por perceber que sua transgressão foi tão nítida, que até ele o puniria!

Foi um treino cansativo, cheio de histórias para contar e com a perspectiva de uma corrida prateada amanhã, mesmo com a Red Bull estando bem próxima. A Ferrari já aparece claramente como terceira força e Vettel foi apenas dois décimos mais rápido do que Sainz e a McLaren. Williams? Se antes de 2016 começar falavam em vitórias, hoje o time inglês brigar para marcar pontos... 

Um comentário:

  1. Realmente,o futuro do Brasil na F1 num período curto de tempo é bem nebuloso.

    Mas quanto ao Sette Câmara,esse parece que tem qualidades,mesmo não fazendo uma temporada de encher os olhos na F3 Europeia,ainda que esteja muito longe de estar dando vexame.

    Mas quantos bons pilotos não fazem grandes coisas na categoria de base,mas na hora que chega na F1,passam a ir muito bem?

    Tomara que Sette Câmara consiga se sobressair na F1,mesmo com tudo isso e ainda tendo que aturar o Marko quer notoriamente detesta piloto brasileiro...

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