segunda-feira, 18 de julho de 2016

História: 45 anos do Grande Prêmio da Inglaterra de 1971

Como era bem comum nos anos 1970, a F1 chegava à Silverstone para o Grande Prêmio da Inglaterra lamentando a morte de um piloto. Na edição de 1971, seria a morte de Pedro Rodríguez, uma semana antes, enquanto o mexicano disputava uma corrida de Endurance em Norisring. Ao lado do irmão Ricardo, Pedro Rodríguez era considerado um herói em seu país e o México ficou vários dias de luto pela perda. A equipe de Pedro, a BRM, correria apenas com Siffert e Ganley. Ferrari e Brabham estavam em crise, com os italianos sofrendo com a divisão de forças entre F1 e Mundial de Marcas, enquanto a Brabham não havia marcado nenhum ponto em 1971 e Ron Tauranac estava negociando a venda da equipe a um esperto empresário inglês chamado Bernie Ecclestone. 

Com a corrida acontecendo no sábado, os treinos começaram na quinta e Regazzoni foi o mais rápido. Durante as sessões de sexta-feira, Stewart fez o mesmo tempo do suíço (1:18.1), no entanto, o piloto da Ferrari ficaria com a pole, por ter feito esse tempo primeiro. Siffert completou a primeira fila. O Lotus 72 encontrava-se em um excelente nível, com o quarto lugar de Fittipaldi, apenas dois décimos mais lento do que Regazzoni. Ela superava Peterson e Ickx, muito decepcionado com seu desempenho. Ainda dirigindo o velho Brabham BT33, Schenken conseguiu um bom sétimo lugar, à frente de Hulme, Amon e Cevert. O domínio da Tyrrell-Ford de Jackie Stewart trazia muita controvérsia das outras equipes, especialmente Ferrari. A imprensa italiana não entendia como o motor Cosworth V8 poderia revelar-se mais rápido que o motor boxer italiano. A Ferrari suspeitava de que a Tyrrell tinha um contrato especial com a Cosworth e teria um motor de 3,3 litros. Uma queixa foi feito à CSI.

Grid:
1) Regazzoni (Ferrari) - 1:18.1
2) Stewart (Tyrrell) - 1:18.1
3) Siffert (BRM) - 1:18.2
4) Fittipaldi (Lotus) - 1:18.3
5) Peterson (March) - 1:19.0
6) Ickx (Ferrari) - 1:19.5
7) Schenken(Brabham) - 1:19.5
8) Hulme (McLaren) - 1:19.6
9) Amon (Matra) - 1:19.7
10) Cevert (Tyrrell) - 1:19.8

O dia 17 de julho de 1971 estava ensolarado em Silverstone, algo raro de se ver naquelas glebas, mas significava também um belo dia para ir à antiga base aérea ver uma corrida de F1. Até o advento dos sinais eletrônicos, a largada das corridas de F1 eram dadas com uma bandeirada, normalmente do país que recebia a prova. Daí a expressão 'flag-to-flag' para uma vitória de ponta a ponta. Quando a bandeirada foi dada, houve quem saísse da sua posição de largada enquanto a bandeirada ainda estava sendo levantada, criando uma pequena confusão na saída do Grande Prêmio da Inglaterra. As duas Ferraris foram uns dos quais saíram, digamos, cedo demais e Regazzoni manteve a ponta, seguido por Ickx. Quem se deu mal nessa confusão foi Stewart, caindo para trás de Siffert e Fittipaldi.

No entanto, a alegria de Emerson duraria pouco quando ele erra durante a primeira volta e cai para 11º, enquanto Stewart partia para cima das Ferraris, após ultrapassar Siffert. Na segunda volta Stewart ultrapassa Ickx na Stowe e já colava em Regazzoni, enquanto Emerson começava sua corrida de recuperação ultrapassando Cevert. Mesmo existindo uma certa rixa entre ingleses e escoceses, a torcida inglesa torcia por Stewart e o escocês assume a ponta na quarta volta, ultrapassando Regazzoni no mesmo local onde havia deixado Ickx para trás. A surpresa era a boa atuação de Jo Siffert, na BRM, que rapidamente ultrapassou as duas Ferraris e assumiu o segundo lugar ainda na quinta volta, enquanto Stewart abria cada vez mais diferença na ponta. Atrás de Siffert, formava-se um enorme pelotão que ia do terceiro colocado Regazzoni ao oitavo colocado Dennis Hulme, da McLaren. No entanto, Siffert começa a sofrer com problemas de ignição e logo é alcançado pelo compatriota Regazzoni, que se livrara do pelotão que estava atrás de si, reassumindo o segundo lugar na volta 17, mas 20s atrás de Stewart. Emerson continuava escalando o pelotão e na vigésima volta encontrava-se em sexto, colado em Peterson, que pressionava a Ferrari de Ickx.

Apesar do seu problema em seu BRM, Siffert permanece próximo de Regazzoni, com Fittipaldi ultrapassando Peterson para subir para quinto e passar a pressionar Ickx, que teria um problema de pressão de óleo que o levaria aos boxes na volta 38, saindo da corrida. Emerson e Peterson travavam a melhor batalha da corrida, com ambos chegando a trocar de posição algumas vezes. Isso faz com que Tim Schenken se aproximasse da briga e ultrapassasse Fittipaldi. Porém, o brasileiro não sairia da zona de pontuação por muito tempo, quanto Siffert tem problemas mecânicos que o faz perder duas voltas nos boxes e Regazzoni abandona na volta 51 com um problema na pressão de óleo. Com o abandonos dos dois suíços que o perseguia, a folga de Stewart subia para 30s, com Peterson sendo perseguido de perto por Schenken e Fittipaldi. Porém, a alegria de Schenken terminaria na volta 64, quando o câmbio do Brabham do jovem australiano quebra e o sonho do primeiro pódio de Schenken é frustrado já próximo do fim da prova.

O abandono de Schenken foi o último grande acontecimento da corrida. Quando Stewart abriu a última volta, todo o público se levantou e começou a aplaudir o escocês, que tinha dominado a corrida por inteiro, mesmo não vencendo de ponta a ponta. Jackie Stewart conseguiu sua quarta vitória da temporada 1971 e pela segunda vez ele triunfava em sua corrida caseira. Autor de uma corrida muito forte, Peterson terminou em segundo lugar pela segunda vez em 1971, enquanto Fittipaldi terminou em terceiro, confirmando o progresso da Lotus 72D. Pescarolo conseguiu um excelente quarto lugar, dando os primeiros pontos da equipe Williams em dois anos. Stommelen e Surtees ficaram com os pontos finais. Jackie Stewart responde aos aplausos da multidão, muito satisfeitos em ouvir ressoar God Save the Queen no alto do pódio. Esta vitória permitia a Jackie Stewart dar um grande passo para o seu segundo título mundial, enquanto marcava 42 pontos, abrindo 23 pontos do vice-líder Ickx, enquanto a Ferrari sofria uma nova derrota. No dia seguinte a corrida, o motor usado por Stewart na corrida foi analisado na fábrica da Cosworth sob a supervisão de Henri Treu, secretário da CSI. Não havia irregularidades e o motor DFV de Stewart era completamente legal. Para tristeza ainda maior da Ferrari.

Chegada:
1) Stewart
2) Peterson
3) Fittipaldi
4) Pescarolo
5) Stommelen
6) Surtees

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