domingo, 3 de julho de 2016

E vamos quebrar tudo...

Imagino a reunião da equipe Mercedes uma hora dessa, com a musiquinha do Programa do Ratinho ao fundo, nos famosos testes de DNA. A temporada 2016 da F1 pode estar sendo amplamente dominada pela Mercedes novamente, mas com certeza é a melhor desde 2012, pois esse ano a briga entre Nico Rosberg e Lewis Hamilton esquentou de vez, com outro toque entre ambos, mas desta vez Hamilton sobreviveu e venceu novamente, enquanto um aguerrido Nico Rosberg se arrastou até o quarto lugar numa disputa de tirar o fôlego na volta final. Quem se aproveitou da presepada de Rosberg no final foram Max Verstappen e Kimi Raikkonen, que conseguiram subir ao pódio.

Mesmo com o tempo muito nublado, a esperada chuva não veio, tirando uma garoa aqui e outra acolá. A largada foi limpa e Hamilton finalmente usufruiu muito bem de sua pole e se manteve na ponta, o mesmo não fazendo Nico Hulkenberg, que caiu de segundo para quarto rapidamente, fazendo com que um dos nomes da corrida, Jenson Button, corresse em segundo por algumas voltas, até ser ultrapassado por Raikkonen e Rosberg, numa bela corrida de recuperação. Com pneus ultramacios, Hamilton não disparou, na tentativa de esticar o máximo possível o seu primeiro stint e aproveitar para parar uma vez menos se a chuva viesse. Rosberg foi para uma tática diferente e colocou pneus macios, os mais duros do final de semana, rapidamente e se tornou o piloto mais rápido da pista. Hamilton foi até o limite dos seus pneus e quando fez sua parada, voltou atrás de Rosberg, no que parecia ser um ponto a favor do alemão, que vinha lá de trás e já aparecia em segundo, atrás de Vettel, que fazia uma tática parecida com a de Hamilton, mas um perigoso estouro do pneu traseiro do aniversariante do dia estragou tudo e trouxe o safety-car para a pista. As duas Mercedes passaram a liderar a corrida, com Rosberg na frente e como havia uma grande diferença de voltas entre os dois, parecia que Hamilton tentaria ir até o final, enquanto Rosberg teria que abrir muito para se colocar em posição de brigar pela ponta. Contudo, não aconteceu nem uma coisa, nem outra. Hamilton andou no mesmo ritmo de Rosberg, mas parou antes do companheiro de equipe. Nico parou na volta seguinte e colocou os pneus supermacios, enquanto Lewis estava com os macios. Parecia que a corrida estava nas mãos de Rosberg, mas ainda faltava o último showdown. Quando pararam, Nico e Lewis estavam atrás de Max Verstappen, que tentava repetir a tática vitoriosa de Barcelona, mas o aguerrido holandês acabou superado pelos carros prateados, que apesar de estarem com pneus diferentes, iriam para uma briga fratricida pela primeira posição. Rosberg tinha pego rescaldo do estouro do pneu de Vettel, enquanto Hamilton parecia irritado pela opção de sua equipe em utilizar um pneu de composto diferente. A última volta foi aberta com Hamilton colado em Rosberg e eles disputariam a liderança da corrida na freada da curva 3. Em Mônaco e em Montreal, Nico Rosberg abriu passagem para Hamilton para evitar batidas, o que fez o alemão sofrer severas críticas, dizendo que Nico não tinha estofo de campeão. Mesmo casado e com uma filha, Nico Rosberg tem um jeitinho, digamos, afeminado demais e há quem o chame de Britney. Tudo isso deve ter passado na cabeça do alemão, que ficou por dentro na freada e para não correr o risco de tomar por fora, alargou a trajetória e bateu em Hamilton, claramente jogando o inglês para fora da pista. Contudo, a manobra não saiu como Nico esperava e a asa dianteira da Mercedes de número 6 quebrou, fazendo com que Hamilton reassumisse a ponta na última volta e vencesse pela terceira vez no ano, enquanto Nico ainda perdeu posição para Verstappen e Raikkonen, para ser quarto. Foi uma disputa forte, agressiva e que terá consequências futuras no conturbado clima dentro da equipe Mercedes. Toto Wolff e Niki Lauda já criticaram a atitude dos seus pilotos, mas o que importa é que a diferença do campeonato caiu para apenas onze pontos à favor de Rosberg, mas o clima já quente nos bastidores da Mercedes tende agora a ferver!

Com a Mercedes claramente na frente, a briga pelo resto ficou entre Red Bull e Ferrari, com vantagem para o time da casa, com Verstappen repetindo a estratégia de Barcelona de parar apenas uma vez e mesmo com pneus extremamente desgastados, não cedeu um milímetro sequer para os dois carros da Mercedes, ainda tendo que segurar, como fez na Espanha, o ímpeto de Raikkonen no final, mas como aconteceu da outra vez, Max segurou muito bem o finlandês e com o toque entre os carros da Mercedes, conseguiu uma boa segunda colocação, com Raikkonen colado. Desde que voltou à Ferrari Kimi demonstra uma falta de combatividade explícita, demorando a fazer ultrapassagens quando tem um carro melhor, mas garantindo o nosso divertimento com suas frases de efeito via rádio. Outro que não parece o mesmo é Ricciardo, que desde a decepção em Mônaco, quando perdeu a corrida por culpa da equipe, não foi mais o mesmo piloto aguerrido de sempre e terminou num pobre quinto lugar, após fazer uma parada nas voltas finais. Vettel tentou a mesma tática de Hamilton em esticar sua parada ao máximo e provavelmente o alemão faria apenas uma parada, contudo, Seb teve seu pneu estourado de forma perigosa, na frente dos boxes e trazendo o safety-car. Se a Ferrari ainda sonhava em brigar por alguma coisa em 2016, é melhor colocar a viola no saco e pensar em 2017.

Um dos nomes da corrida foi Jenson Button, que terminou a corrida num excelente sexto lugar, mas o inglês chegou a correr em segundo e só foi perder a posição para Raikkonen quando seus pneus ultramacios foram embora. Dono de uma tocada suave, Button conseguiu a melhor corrida da McLaren em condições normais nos últimos dois anos e superou com folga um anônimo Alonso, que abandonou já no final da prova. Romain Grosjean também fez uma bela prova e terminou em sétimo, amealhando mais pontinhos para a Haas. Quando largou em segundo, Hulkenberg até pôde sonhar com o seu primeiro pódio na F1, mas a péssima largada do alemão, somado a um ritmo sofrível fez com que Hulk abandonasse a corrida quando estava longe da zona de pontuação. Para piorar, em comparação com o companheiro de equipe, Pérez largou no meio do pelotão, por problemas na suspensão do seu carro durante a classificação, fez uma boa corrida de recuperação e estava num respeitável oitavo lugar quando alguma coisa quebrou no carro da Force India na última volta e roubou os pontos do mexicano. Porém, o infortúnio de Pérez garantiu o primeiro ponto do talentoso Pascal Werhlein na F1 e o primeiro da Manor desde o milagre de Jules Bianchi em Mônaco. O alemão, protegido da Mercedes, está fazendo um trabalho excepcional na Manor e com a Mercedes vendo seus dois pilotos batendo entre si, não seria impossível imaginar o alemão na equipe principal mais cedo do que o esperado. Por sinal, ele vem merecendo isso, pois como Bianchi, Pascal vem estregando muito mais do que seu humilde carro pode entregar. Werhlein chegou colado em outra decepção da corrida: a Williams. Se antes a equipe se sustentava pela potência do motor Mercedes, agora nem isso mais a Williams consegue. Dois anos depois de conseguir um pódio na Áustria, a Williams fez uma péssima corrida e Bottas teve que segurar Wehrlein nas voltas finais, enquanto Massa abandonou após ter que largar dos boxes por problemas de última hora. Sainz marcou pontos, numa corrida sólida e discreta, enquanto Kvyat, coitado, foi o primeiro abandono do dia. A dupla da Renault flertou com os pontos, mas não conseguiu, o mesmo fazendo Esteban Gutierrez, até agora levando um banho de Grosjean. Nasr fez uma ótima corrida, chegou a correr em sétimo, mas acabou fora da zona de pontos, mas outra vez superou Ericsson, que é tudo o que o brasiliense tem que mostrar atualmente.

Desculpem os nostálgicos, mas 2016 vem se mostrando um ano espetacular e a disputa entre Rosberg e Hamilton poderá entrar nos livros definitivamente. Nas quatro últimas corridas, houveram dois toques decisivos entre eles e agora o campeonato vai para a casa de Hamilton, em Silverstone. A diferença entre Rosberg e Hamilton caiu significativamente novamente e com mais esse toque, provocado unicamente por Rosberg, as corridas tendem a ser ainda mais empolgantes e quentes!

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