terça-feira, 12 de julho de 2016

JP III

Muitos pilotos foram considerados muito rápidos e por isso, passaram vários anos na F1, mesmo que sem vitórias. Esse foi o caso de Jean Pierre Jarier. Esses francês de enorme sucesso na F2 foi o terceiro Jean-Pierre que surgiu na F1 nos anos 1970 e assim como seus xarás Beltoise e Jabouille, Jarier deixou sua marca na F1, mesmo nunca tendo corrida regularmente em equipes grandes e não ter vencido sequer uma corrida. Completando 70 anos de idade, vamos conhecer um pouco da carreira desse francês.

Jean-Pierre Jacques Paul Jarier nasceu no dia 10 de julho de 1946, na pequena vila de Charenton, próximo à Paris. Tendo crescido numa França se reconstruindo após a guerra, Jarier começou a correr relativamente tarde, participando de suas primeiras corridas na Copa Gordini em 1967, competindo em duas temporadas com algum sucesso, chamando a atenção do seu xará, Jean Pierre Beltoise, que passou a apoia-lo. Já consolidado nas categorias de monopostos, Beltoise convence Jarier trocar os carros de turismo pelas categorias de Formula, partindo para a F-France em 1969, mas JP Jarier fica só um ano na categoria de base, se graduando para a F3 Francesa em 1970, correndo pela famosa equipe Tecno, obtendo um promissor terceiro lugar no campeonato. Com apoio de Beltoise, Jarier gradua-se para o conceituado Campeonato Europeu de F2 em 1971, na equipe oficial da March, obtendo dois pódios em Albi e Madunina. O talento de Jarier era tão evidente que o francês participa de sua primeira corrida de F1 ainda em 1971, no Grande Prêmio da Itália, com um March alugado.

Mesmo com esse grande desempenho nos seus primeiros anos no automobilismo de alto nível, Jarier tem problemas financeiros e não participa de nenhuma corrida de monoposto em 1972, mas é contratado pela Ferrari para o Mundial de Marcas e Jarier venceu uma prova em Watkins Glen. Para 1973, o francês retorna aos monopostos, novamente contratado pela March, onde Jarier participaria da F1 e da F2. Se na F1 a March tinha um equipamento defasado e Jarier não viu a bandeirada nenhuma vez, a maioria dos abandonos por problemas mecânicos, na F2 o francês destruiu a concorrência, com oito vitórias e o título europeu da categoria em 1973. Jarier passa a ser a nova sensação do automobilismo gaulês e algumas equipes passam a disputar o passe o francês para 1974. Já tendo um relacionamento anterior com a Ferrari, Jarier é cogitado para correr com os italianos, mas o francês acaba vetado de última hora e Enzo Ferrari contrata outro piloto jovem, mas não tão promissor (pelo menos no cenário do final de 1973...) quanto Jarier: Niki Lauda. Esse foi o momento em que Jarier mais esteve próximo de uma equipe grande e talvez por isso, a carreira do francês entraria numa crise. Sem chance na Ferrari, Jarier consegue um lugar na equipe americana Shadow em 1974, um time bastante promissor, mas com muito que fazer para se tornar competitiva.

Porém, a velocidade de Jarier ficava evidente quando o modelo DN3 estreou na fase europeia do campeonato. Na primeira vez que viu a bandeirada na F1, Jarier logo conseguiu um surpreendente pódio em Mônaco, pista conhecida em que o talento de um piloto poderia florescer. Jarier marcaria mais dois pontos na prova seguinte na Espanha, mas não chegaria mais entre os seis primeiros até o fim de 1974, porém, o francês dava o recado que tinha chegado na F1 para ficar. O novo Shadow DN5 negro foi a grande sensação do início da temporada 1975 e Jarier teve seu melhor momento na F1. O francês marca sua primeira pole na F1 na Argentina e abandonou quando liderava. Havia uma grande expectativa de quem seria o primeiro piloto a fazer a famosa curva um de Interlagos de pé embaixo. Torcedores ficavam acampados próximo ao local, com o ouvido em pé, esperando se alguém faria a curva sem aliviar o acelerador. Durante os treinos para o Grande Prêmio do Brasil de 1975, Jarier teria sido o primeiro a conseguir essa façanha, além de conquistar sua segunda pole na F1. Jean Pierre larga bem, dispara na frente e tinha tudo para vencer sua primeira corrida na F1. A realidade era que Jarier estava imbatível em Interlagos naquela tarde, mas em segundo lugar vinha José Carlos Pace e toda vez que Jarier passava na frente das arquibancadas, o publico berrava: Quebra, quebra, quebra! E infelizmente para Jarier, a ‘torcida’ deu certo e o francês teve que abandonar com problemas de superaquecimento já no final da prova, possibilitando uma famosa e emocionante dobradinha brasileira em Interlagos, com Pace e Emerson Fittipaldi.

A Shadow tentava dar um passo à frente e se tornar uma equipe grande, mas isso acabaria com a própria equipe. Usando Jarier como chamariz, já que o francês corria com sucesso pela Matra no Mundial de Marcas, a Shadow tentou uma parceria com a montadora francesa, onde se utilizaria o famoso motor Matra, mas isso tirou o foco da equipe e quase que imediatamente os resultados da equipe e de Jarier decaíram dramaticamente. O francês conseguiria alguns bons resultados no grid ao longo de 1975, mas só pontuaria uma única vez, com um quarto lugar na Espanha. Jarier estrearia o motor Matra em Monza, mas o resultado não é o esperado. O francês permanece mais um ano na Shadow, mas o belo carro negro não faria o mesmo efeito de 1975. A primeira corrida de 1976 ainda trás esperança, com Jarier largando em terceiro e estava nessa mesma posição quando escorregou no óleo do segundo colocado Hunt. Contudo o resto da temporada foi de desilusão e Jarier não marcaria nenhum ponto até o final do ano. Desmotivado, Jarier sai da equipe Shadow e se transfere para a equipe ATS em 1977. O time alemão, capitaneado Gunter Schmidt, tinha comprado os espólios da Penske, que resolvera retornar aos Estados Unidos definitivamente. O time americano havia conquistado uma vitória em 1976 e com um bom carro, Jarier marca ponto logo na estreia da equipe, contudo, a falta de desenvolvimento do carro, além do noviciado da equipe faz com que esse fosse o único ponto da equipe e de Jarier no ano. O francês já parecia carta fora do baralho da F1 e Jarier dava bastante atenção ao Mundial de Marcas, onde se mantinha como um piloto vencedor. Em 1978, o francês dá mais atenção ao Mundial de Marcas do que a F1, onde tentou classificar o novo carro, agora de construção própria, da ATS. Contudo, um convite indesejado daria uma sobrevida à Jarier na F1.

Na largada do Grande Prêmio da Itália de 1978, um grande acidente acaba vitimando Ronnie Peterson. A Lotus havia dominado a F1 como poucas vezes tinha sido visto e a equipe precisava de um substituto para as duas últimas provas do campeonato. Sem muitas opções no mercado, Chapman convida Jarier e o francês consegue ótimas exibições com o carro. Em Watkins Glen, Jarier vinha em terceiro quando ficou sem combustível já no final da prova. Na corrida seguinte o francês faria ainda melhor, conquistando sua terceira e última pole na F1. Jarier liderou a corrida praticamente inteira, mas um vazamento de óleo acabou mais uma vez com o sonho de Jean Pierre vencer na F1. Porém, esses resultados convenceram os chefes de equipe que Jarier ainda podia ser o piloto rápido do começo da carreira e com isso, o francês conseguiu um contrato com a Tyrrell em 1979. O projetista Maurice Philippe tinha participado do projeto Lotus 79 e contratado pela Tyrrell, fez uma cópia fiel do carro dominador do ano anterior. Com um carro decente nas mãos, mas sem ser vencedor, pois todos os times agora utilizavam os carros-asa, Jarier teria o seu melhor ano na F1, incluindo dois pódios (Inglaterra e África do Sul), além de pontos que lhe garantiram a 11º posição no Mundial de Pilotos. Mesmo com as vitórias no Mundial de Marcas e a velocidade do francês, esse seria o melhor resultado de Jean Pierre Jarier na F1.

Jarier permaneceria outro ano na Tyrrell em 1980, mas praticamente com o mesmo carro do ano anterior e poucos recursos financeiros, o francês faria uma temporada regular, onde pontuaria apenas três vezes no ano. Em 1981 Jarier substituiria seu xará Jabouille na Ligier, enquanto o compatriota se recuperava das fraturas nas pernas, sofrida no ano anterior em Montreal. Jarier entraria numa polêmica em Jacarepaguá, quando tem que ceder, à contragosto, a sua posição para Jacques Laffite. Jarier sai do carro uma fera e briga com Guy Ligier, que imediatamente o dispensa. Mesmo quando Jabouille se aposentou no meio de 1981, Ligier não contrata mais Jarier, que tem que se conformar com a Osella, o pior carro do grid. O francês sofreria com o carro pesado, lento e sem desenvolvimento da Osella, mas seria com o carro italiano que Jarier marcaria seus últimos pontos na F1, com um quarto lugar no esvaziado Grande Prêmio de San Marino de 1982. Jarier retornaria, agora como titular, à Ligier em 1983 e faria seu último show em Long Beach. A Ligier estava com problemas financeiros e era uma das poucas equipes com motores Cosworth, mas no apertado circuito de rua californiano, os carros com motores aspirados teriam uma chance. Largando em nono, Jarier chegou a brigar no primeiro pelotão, mas um toque em Keke Rosberg acabou com a corrida do francês, que teria vários problemas até o final da temporada, onde se aposentaria da F1 na corrida derradeira de 1983. Jean Pierre Jarier participou de 134 Grandes Prêmios, marcou três poles, três voltas mais rápidas, três pódios e 31,5 pontos conquistados.

Piloto extremamente rápido, Jarier teve suas glórias no Mundial de Marcas, onde conquistou várias vitórias, mas não há como negar que ele ficou abaixo do esperado na F1. Após sua aposentadoria na F1, Jarier ficou correndo praticamente toda a década de 1980 e 1990 em provas GT, ganhando a famosa 24 Horas de Spa em 1993, ao lado de Christian Fittipaldi e Uwe Alzen, além de títulos franceses em 1998 e 1999. Jarier também se tornou dublê em cenas de alta velocidade, particularmente no filme Ronin. Rápido e dono de uma tocada forte, Jarier chamou atenção de quem o viu correr, apesar dos resultados não terem falado pela velocidade que tinha.

Parabéns!
Jean Pierre Jarier

Nenhum comentário:

Postar um comentário